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Número de matrículas na educação básica cai pelo 4º ano consecutivo no país

Dados são de período anterior à pandemia do coronavírus no Brasil - divulgação
Dados são de período anterior à pandemia do coronavírus no Brasil Imagem: divulgação

Ana Carla Bermúdez

Do UOL, em São Paulo

29/01/2021 09h00

O número de matrículas na educação básica no Brasil apresentou queda pelo quarto ano consecutivo. De 2016 até março de 2020, o país perdeu mais de 1,5 milhão de alunos nesta etapa de ensino, que vai desde a creche até o ensino médio.

Os dados são do Censo da Educação Básica 2020, divulgado hoje pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira). As informações são anteriores ao fechamento das escolas pelo novo coronavírus e, portanto, não podem ser relacionadas aos reflexos da pandemia no país.

De acordo com os dados do censo, o país tinha, no início de 2020, 47,3 milhões de matrículas distribuídas por 179,5 mil escolas de educação básica. A maior parte corresponde à rede pública, que responde por cerca de 38,5 milhões de matrículas. Na rede privada, são 8,8 milhões.

Entre 2019 e março de 2020, foram registradas cerca de 579 mil matrículas a menos —uma redução de 1,2%. Houve queda nas matrículas da educação infantil e também do ensino fundamental.

No ensino médio, por outro lado, o número de matrículas aumentou pela primeira vez desde 2016, rompendo uma tendência de queda que vinha sendo observada desde então. Mesmo assim, esse crescimento ainda foi tímido: foram cerca de 84 mil matrículas a mais, uma subida de apenas 1,1% em comparação com 2019.

Na educação infantil, que vinha dando sinais de crescimento nos últimos anos —houve aumento de 8,4% nas matrículas de 2016 para 2019—, a queda é puxada por uma redução nas matrículas da rede privada, cujo número de matrículas nesta etapa de ensino caiu 7,1% em um ano. Na rede pública, houve crescimento de 0,5%.

Reprovação

O percentual de alunos não aprovados é maior nas regiões Norte e Nordeste do país, e a etapa de ensino com as taxas mais altas de reprovação é o ensino médio, conforme apontam os dados do censo.

Em 2019, o percentual de não aprovados no ensino médio foi de 18,5% na região Norte e de 13,7% na região Nordeste. Na região Sudeste, a taxa ficou em 11,9%. No Sul e no Centro-Oeste, o índice foi de 16% e 14,8%, respectivamente.

Infraestrutura das escolas

O censo também traz informações que dizem respeito à infraestrutura das escolas de educação básica no Brasil. De acordo com os dados, cerca de 1 em cada 4 das escolas públicas no país não têm acesso à internet -são 25,5% dos colégios da rede pública nessa condição.

Na região Norte, mais de metade das escolas públicas não têm acesso à internet (56,7%). Já na região Sul, a taxa é de apenas 3,7%.

Pandemia

Devido à pandemia, o Inep alterou a data de referência dos dados da edição de 2020 do censo escolar. De acordo com o instituto, a data de referência da pesquisa, que tradicionalmente é indicada pela última quarta-feira do mês de maio, foi antecipada para o dia 11 de março de 2020. Nessa época, as escolas começaram a ser fechadas na maior parte do país.

Dessa forma, segundo o Inep, as informações do censo "retratam a situação das escolas no momento imediatamente anterior à pandemia".

"De tal modo, a leitura das informações do Censo Escolar 2020 deve sempre ser realizada com cuidado, não sendo possível ainda observar o impacto da pandemia da covid-19 nos dados educacionais coletados e, portanto, não é adequado interpretar eventuais alterações de estatísticas e indicadores aqui apresentados como sendo causadas pela pandemia", diz o instituto.