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Ministro da Educação muda o tom e diz que não vai ver questões do Enem

Ministro Milton Ribeiro durante Comissão de Educação na Câmara dos Deputados - Reprodução/Youtube
Ministro Milton Ribeiro durante Comissão de Educação na Câmara dos Deputados Imagem: Reprodução/Youtube

Ana Paula Bimbati

Do UOL, em São Paulo

09/06/2021 11h00

O ministro da Educação, Milton Ribeiro, disse hoje que não terá acesso antecipado às questões do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) deste ano. Ele afirmou, durante audiência da Comissão de Educação na Câmara dos Deputados, que após análise interna, técnicos do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), serão responsáveis por garantir "caráter técnico" à prova.

"Falei com corpo técnico do MEC [Ministério da Educação] e com meus assessores para que eles estudassem a possibilidade, resguardando o sigilo das informações. Eles fizeram avaliação e após avaliação interna, entendo que hoje temos uma governança estabelecida pelo próprio Inep, que será suficiente que a prova avalie conhecimentos dos candidatos, evitando que a seleção se baseei na visão de mundo cada um deles", disse Ribeiro.

Na semana passada, ele afirmou, em entrevista à CNN, desejo de ter acesso prévio ao exame para evitar aquilo que chama de "questões de cunho ideológico". "Nós sabemos que, muitas vezes, havia perguntas objetivas ou até mesmo com cunho ideológico. Nós não queremos isso. Queremos provas técnicas. [...] As questões mais subjetivas nós não vamos tirá-las de tudo", disse ele.

Mesmo explicando que não terá acesso antecipado, Ribeiro voltou a defender a ausência de "ideologias" no Enem e apontou que o exame não deve ser um "certame que vai avaliar a visão que o aluno tem do mundo". "Orientei o Inep, no papel de supervisão ministerial, para que [o Enem] tenha caráter técnico, sem vieses ideológicos ou partidários", disse.

Em 2018, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) criticou uma questão do Enem sobre a população trans. Recém-eleito naquele ano, ele chegou a dizer que em sua gestão o MEC não trataria de "assuntos dessa forma".

"Uma questão de prova que entra na dialética, na linguagem secreta de travesti, não tem nada a ver, não mede conhecimento nenhum. A não ser obrigar para que no futuro a garotada se interesse mais por esse assunto. Temos que fazer com que o Enem cobre conhecimentos úteis",
Jair Bolsonaro em entrevista a José Luiz Datena, na Band, em 2018

Derrubada de veto pode prejudicar orçamento do MEC, diz Ribeiro

Durante a comissão, o ministro da Educação afirmou que a derrubada do veto no projeto de lei 3477/2020, que prevê oferecer internet gratuita para alunos e professores da rede pública, pode prejudicar a melhoria do orçamento da pasta.

"A perspectiva de melhora de orçamento do MEC, em especial das universidades federais, torna-se mais complexa. A derrubada trouxe para o MEC uma dificuldade extra", apontou Ribeiro. O ministro pediu ainda que os parlamentares se atentassem ao tema e que está aberto para soluções e sugestões.

A proposta prevê um repasse de R$ 3,5 bilhões do Fust (Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações) aos estados e Distrito Federal. Bolsonaro vetou o projeto integralmente com a justificativa que ele não apresentava "a estimativa do respectivo impacto orçamentário e financeiro, e aumenta a alta rigidez do orçamento, o que dificulta o cumprimento da meta fiscal e da Regra de Ouro".