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UNE elege mulher negra como presidente pela 1ª vez na história

Bruna Brelaz é amazonense, estudante de Direito e primeira mulher negra a ser eleita presidente da UNE - Divulgação/UNE
Bruna Brelaz é amazonense, estudante de Direito e primeira mulher negra a ser eleita presidente da UNE Imagem: Divulgação/UNE

Do UOL, em São Paulo

18/07/2021 21h51Atualizada em 19/07/2021 14h42

Pela primeira vez em 84 anos de história, a UNE (União Nacional dos Estudantes) elegeu uma mulher negra para ser presidente: Bruna Chaves Brelaz, 26 anos, natural do Amazonas e estudante de Direito — sua segunda graduação.

"Devido à pandemia e a impossibilidade de realizar um evento que chega a reunir 10 mil estudantes, a UNE indicou a nova diretoria respeitando a proporcionalidade eleita na votação do seu 57º Conune (Congresso da UNE), realizado em 2019. A nova composição terá duração de um ano, podendo ser estendida", diz a UNE, em comunicado divulgado em seu site.

A UNE já teve uma presidente negra em 2016, mas Moara Correa Saboia foi eleita como vice-presidente um ano antes. Com a saída de Carina Vitral, Moara assumiu o cargo e permaneceu na presidência até 2017.

O primeiro contato de Bruna com a UNE aconteceu em 2013, por meio de sua amiga Gabriela Cativo, à época uma das coordenadoras da Bienal dos Estudantes, em Recife e Olinda. "Tinha 18 anos, entrando para aquele mundo novo de política, de mobilização, e ter uma mulher das minhas origens já num cargo de coordenação foi uma grande referência", lembra.

Gabriela foi uma das vítimas da covid-19 em meio à crise do oxigênio em Manaus, em janeiro.

Como integrante da UNE, Bruna ajudou a construir, em março, a principal campanha dos estudantes brasileiros na pandemia da covid-19, o movimento "Vida, Pão, Vacina e Educação", que viralizou nas redes sociais como síntese das atuais demandas da população jovem do país. Ela é integrante da UJS (União da Juventude Socialista), que é ligado ao PCdoB.

Recentemente, a nova presidente da UNE também atuou, ao lado dos principais movimentos sociais brasileiros, na retomada das grandes manifestações populares de rua, mais especificamente na coordenação dos protestos de 29 de maio, 19 de junho e 3 de julho que pedem o impeachment do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Além da saída de Bolsonaro, Bruna também se preocupa com a herança deixada pela crise atual para os próximos anos, principalmente na área da educação. Ela, que teve acesso à universidade como cotista — dentro das políticas públicas de inclusão que promoveram mudanças no ensino superior na última década — acredita que esse legado está sob risco.

"Gritamos 'fora, Bolsonaro' sobretudo para interromper o processo violento de destruição das universidades, das escolas, do sistema educacional no país. A gente precisa reverter o corte de quase R$ 2 bilhões no orçamento da educação, a política desumana do teto de gastos, os ataques à autonomia universitária. Tem estudante que está passando fome, desempregado e a evasão do ensino superior é uma grande realidade", diz.

Na época do 'fora, [Fernando] Collor', o movimento pelo impeachment teve a participação mais focada nos alunos de escolas particulares, da classe média. Hoje a cor e a origem dos jovens que estão nas ruas mudaram muito.
Bruna Brelaz, nova presidente da UNE

"Orgulho"

Nas redes socias, Bruna comemorou a eleição e disse estar "orgulhosa" de assumir a presidência da UNE.

"Trago a força de ser mulher negra e amazonense, pronta para lutar junto aos milhões de estudantes brasileiros por um país digno e potente. Orgulho de fazer parte de uma entidade tão combativa. Seguimos!", escreveu a estudante.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do informado no primeiro parágrafo desta matéria, Bruna Chaves Brelaz não é a primeira representante da região Norte a presidir a UNE. Antes dela, Valmir Santos, natural do Pará, comandou a entidade entre 1987 e 1988. O erro já foi retirado da nota.