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'Já é o Enem mais elitista da história', diz Tabata em meio à crise no Inep

"Vamos para o 3º ano de um Enem que está sendo feito para excluir cada vez mais gente", alertou a deputada - Cleia Viana/Câmara dos Deputados
"Vamos para o 3º ano de um Enem que está sendo feito para excluir cada vez mais gente", alertou a deputada Imagem: Cleia Viana/Câmara dos Deputados

Do UOL, em São Paulo

19/11/2021 15h28Atualizada em 19/11/2021 17h00

A deputada federal Tabata Amaral (PSB-SP) se disse "muito preocupada" com a crise no Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), órgão responsável pela realização do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), que no início do mês recebeu pedidos de exoneração de 37 servidores.

Para Tabata, são "gravíssimas" as acusações desses funcionários de que tenha havido uma tentativa de interferência ideológica nas questões da prova — que, neste ano, será aplicada no próximo domingo (21) —, e esta situação, junto ao histórico ruim do governo federal na área da educação, acabam por excluir ainda mais vulneráveis do Enem.

"Este já é o Enem mais elitista da história. Eu vi um dado que me entristeceu muito: dos inscritos, 11% apenas eram negros", disse a deputada ao podcast "A Malu Tá ON", da jornalista Malu Gaspar (O Globo), lembrando que mais da metade da população do Brasil é negra. "Já vamos para o terceiro ano de um Enem que está sendo feito para excluir cada vez mais gente."

Não é que o histórico do governo Bolsonaro é muito bom. Na verdade, a gente tem todas as razões para estar preocupado. E aí, quando a gente olha para o cenário atual... São acusações gravíssimas. (...) A gente está falando de acusações de interferência ideológica nas questões [do Enem]. (...) São vários erros, políticas e confusões que vão excluindo quem é mais vulnerável.
Tabata Amaral, deputada

Mais cedo, Tabata já havia criticado o governo federal ao comentar uma reportagem publicada hoje na Folha de S.Paulo. Segundo o jornal, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) pediu ao ministro da Educação, Milton Ribeiro, para que questões do Enem relativas à ditadura militar brasileira (1964-1985) tratassem o golpe de 1964 como "revolução".

"Segundo servidores, Bolsonaro pediu a troca de 'golpe de 1964' por 'revolução' no Enem. Proteger a democracia é também lembrar nossa história: a ditadura foi um período com anos de censura, tortura e restrições ao voto. Não vamos ceder à ditadura da ignorância e do autoritarismo", escreveu a deputada em uma rede social.

Representação no MPF

Na última quarta-feira (17), Tabata e mais oito deputados federais entraram com uma representação contra o ministro Milton Ribeiro e o presidente do Inep, Danilo Dupas, pedindo que o MPF (Ministério Público Federal) investigue os dois por improbidade administrativa. Os parlamentares também querem que quaisquer agentes públicos envolvidos no "controle ideológico" do Enem sejam punidos.

O documento se refere à crise instaurada no Inep e "um verdadeiro processo de desmonte" do órgão, o que teria culminado na desoneração coletiva de 37 servidores. A situação de "fragilidade técnica e administrativa", alegam, teria se agravado "pela prática de intimidação e censura" e de "assédio moral" contra os funcionários, e colocaria em risco a segurança, o sigilo e a igualdade no processo de seleção do Enem.

Além de Tabata, assinam a representação os deputados Professora Rosa Neide (PT-MT), Marcelo Freixo (PSB-RJ), Lídice da Mata (PSB-BA), Bohn Gass (PT-RS), Professor Israel Batista (PV-DF), Alessandro Molon (PSB-RJ) e Idilvan Alencar (PDT-CE).

(Com Estadão Conteúdo)