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Enem tem histórico de questões anuladas, mas não prejudicam alunos

Imagem: Letícia Mutchnik/UOL

Ana Paula Bimbati

Do UOL, em São Paulo

01/12/2021 18h18

Desde que se tornou uma porta de entrada para o ensino superior, em 2009, o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) tem registros de questões anuladas. Dos últimos 12 anos, ao menos sete edições tiveram perguntas canceladas.

Especialistas e o próprio Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), responsável pela prova, no entanto, garantem que o processo não prejudica os participantes.

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"O cálculo estatístico da nota do Enem, de acordo com a metodologia da TRI (Teoria de Resposta ao Item), considera a combinação da coerência do padrão de resposta com o pressuposto da cumulatividade e, ainda, as características (parâmetros de complexidade) de cada item", disse o Inep hoje ao informar que anulou a questão que falava da Copa do Brasil da edição 2021. Confira aqui o gabarito do Enem 2021.

Professores ouvidos pelo UOL já haviam apontado que essa pergunta, por exemplo, não tinha uma resposta correta entre as alternativas. "Nenhum aluno é prejudicado, porque a anulação de pergunta não interfere no cálculo global, isso é possível garantir categoricamente", afirma Maria Inês Fini, ex-presidente do Inep e criadora do Enem.

Fini explica que ter uma questão anulada é um "erro técnico". "Gabarito errado ou duplo é um erro", diz.

Na edição de 2020, o exame teve duas questões anuladas e mudou o gabarito de duas perguntas após repercussão que as respostas foram consideradas racistas. Na época, o Inep afirmou que foram encontradas "inconsistências" e modificou a resposta final.

Já no Enem 2019 e 2018, houve registro de questões anuladas por não serem inéditas. Uma delas já havia sido usada no caderno de questões das provas braile e ledor de 2018 e a outra em um vestibular da UFPR (Universidade Federal do Paraná).

Segundo Fini, mesmo que os itens passem por todas revisões, alguns erros podem ser percebidos "apenas na hora da aplicação".

Recorde de anulações

Em 2011, um grupo de alunos de um colégio de Fortaleza teve 14 questões anuladas, porque elas haviam sido usadas nos pré-testes que foram aplicados aos mesmos estudantes. O MEC (Ministério da Educação), na época, confirmou que a testagem havia sido feita no ano anterior.

Com a metodologia da TRI, os alunos do colégio não foram prejudicados mesmo com apenas 166 questões validadas. Ao todo, o exame tem 180 perguntas.

Para uma pergunta fazer parte do Enem, ela deve ser incluída no BNI (Banco Nacional de Itens), mas, antes de compor o banco, ela é pré-testada por alunos do ensino médio.

Na reaplicação do Enem 2016, uma questão foi anulada porque o gráfico apresentado poderia causar mais de uma interpretação. Na época, os locais de provas estavam sendo ocupados por estudantes em protesto, por isso o MEC decidiu fazer duas edições, uma em novembro e outra em dezembro.

Em 2009, uma das perguntas trazia duas respostas certas entre as alternativas. Reportagem do jornal O Globo informou, na época, que o Inep sabia do erro, mas optou por manter porque a prova já estava na gráfica. Naquele ano, também ocorreu o vazamento do Enem.

Como foi o Enem 2021?

A edição deste ano ocorreu em meio à pior crise da história do Inep. Nas vésperas da prova, servidores do órgão fizeram denúncias de assédio, falta de caráter técnico nas decisões da alta gestão e de supostas interferências na prova. Além disso, um grupo com mais de 30 servidores assinaram um pedido de exoneração coletiva —boa parte deles eram coordenadores de áreas ligadas ao Enem.

Tanto o presidente do Inep, Danilo Dupas, como o ministro da Educação, Milton Ribeiro, negaram todas as acusações. Na segunda-feira, o chefe do MEC (Ministério da Educação) disse ainda que o Enem 2021 foi "um sucesso" e que não era "hora de tripudiar".

Especialistas e professores ouvidos pelo UOL apontaram que a edição deste ano trouxe questões sociais, mas tratou de assuntos políticos de forma indireta. A escassez do BNI, responsável por armazenar as perguntas que formam o Enem, tornou a prova mais conteudista e menos interpretativa.

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