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FNDE: Indicados do centrão compraram carros de luxo após pregão, diz jornal

Os dois diretores disseram que adquiriram os veículos dando de entrada valores referentes à venda de carros anteriores - Divulgação/MEC
Os dois diretores disseram que adquiriram os veículos dando de entrada valores referentes à venda de carros anteriores Imagem: Divulgação/MEC

Do UOL, em São Paulo

07/04/2022 12h47

Garigham Amarante e Gabriel Vilar, diretores do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação), compraram carros de luxo incompatíveis com seus salários após a realização de um pregão eletrônico para a aquisição de ônibus escolares em 2021. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo, que também revelou a suspeita de sobrepreço em um pregão com a mesma finalidade este mês.

De acordo com o Estadão, Amarante e Vilar compraram veículos utilitários esportivos (SUVs, na sigla em inglês) zero quilômetro avaliados em R$ 330 mil e R$ 250 mil, respectivamente. Os veículos teriam chamado a atenção de servidores do FNDE.

A Mercedes-Benz GLB 200 Progressive de Amarante foi adquirida por meio de financiamento que, segundo o jornal, podem ter prestações equivalentes a 99,97% de sua renda. Além disso, o IPVA seria de R$ 9.748 por ano. Vilar comprou um Volkswagen Tiguan Allspace R-Line 2021 com IPVA de R$ 7.930.

Amarante ainda possui outro carro Hyundai Tucson GLS 1.6, ano 2020, avaliado em R$ 150 mil em seu nome. Na lista de veículos autorizados a estacionar no FNDE, obtida pela reportagem do Estadão, há ainda um Honda HR-V, que não está em seu nome.

Amarante foi indicado ao cargo no FNDE por Valdemar Costa Neto, presidente do PL, partido do presidente Jair Bolsonaro. Ele foi o responsável por organizar o pregão que tem suspeita de mais R$ 700 milhões de sobrepreço. A homologação do pregão foi embargada pelo TCU (Tribunal de Contas da União. Por sua vez, Vilar já trabalhava no Ministério da Educação, apadrinhado pelo Republicanos.

Procurados pelo jornal, os dois diretores disseram que adquiriram os veículos dando de entrada valores referentes à venda de carros anteriores. "Comprei do mesmo jeito que toda a população brasileira compra um bem de alto valor: financiado junto ao banco", afirmou Amarante.

Eles, porém, não mostraram documentos comprovando suas declarações e a reportagem não encontrou registros anteriores de veículos em nome dos diretores.

O Estadão e o UOL procuraram o FNDE, mas não obtiveram resposta.