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Jovem relata homofobia e agressão em festa na USP

Em São Paulo

03/06/2014 10h23Atualizada em 03/06/2014 10h42

Um estudante de Direito afirma ter sido agredido por um segurança e sido vítima de homofobia na festa Carecas no Bosque, organizada por alunos de Medicina da USP (Universidade de São Paulo). O evento foi no sábado, no campo da AAAOC (Associação Atlética Acadêmica Oswaldo Cruz), ao lado do Hospital das Clínicas, na zona oeste de São Paulo.

O segurança teria barrado a entrada do jovem no bosque, uma das dependências da festa, com outro rapaz. O estudante gravou a discussão e levou um soco no rosto. A entrada no local seria "só para casais heterossexuais", segundo estudantes entrevistados pela reportagem. O caso foi registrado na Decradi (Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância).

"Estamos conversando com ele [a vítima] para saber o que aconteceu", disse o presidente da associação, Douglas Rodrigues. Ele nega que tenha havido qualquer tipo de ordem contra a presença de homossexuais. A FMUSP (Faculdade de Medicina da USP) informou, em nota, que não recebeu nenhuma denúncia sobre a festa, que era de responsabilidade da AAAOC.

Segundo a delegada do Decradi, Daniela Branco, o boletim de ocorrência foi registrado apenas em referência à agressão física, já que o caso de homofobia não se encaixa como crime. "O que pode ocorrer é uma punição administrativa."

A Lei Estadual 10.948, que dispõe sobre as penalidades a serem aplicadas à prática de discriminação em razão de orientação sexual, determina que "proibir o ingresso ou permanência em qualquer ambiente ou estabelecimento público ou privado, aberto ou público" deve ser punido. Cabe à Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania promover a instauração do processo administrativo.

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A denúncia do estudante de Direito não foi a única. A estudante de Psicologia Adriana (nome fictício) foi barrada ao tentar entrar no bosque com a namorada. Ouviu que "apenas casais de verdade" seriam liberados. As duas precisaram fingir que estavam com dois rapazes para que pudessem entrar.

Em nota, o NEGSS (Núcleo de Estudos em Gênero, Saúde e Sexualidade), coletivo organizado por alunos da FMUSP, dispôs-se a ajudar quem quisesse registrar queixa sobre o evento. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.