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Colégios escolhem bufês em busca de lanches saudáveis em São Paulo

Em São Paulo

12/01/2015 10h06

Escolas privadas começam a aderir a serviços de bufês para substituir alimentos pouco saudáveis servidos nas cantinas. Café da manhã, da tarde, almoço e jantar são oferecidos em pacotes fechados, e os alunos e professores têm suporte de nutricionistas. Tudo para deixar a alimentação das crianças mais saudável.

É o caso do colégio Oswald de Andrade, na Vila Madalena, zona oeste de São Paulo. A partir deste ano, a escola vai aposentar de vez a cantina e adotar o sistema de bufê, que permite que o aluno escolha, entre várias opções, o que vai consumir. Pães integrais e frutas devem substituir o salgado e o refrigerante, por exemplo.

"A alimentação é parte de um projeto maior de conhecimento para essas crianças. Quando a escola escolhe um lanche mais saudável, mostra seus valores", explica o coordenador de comunicação do colégio, André Meller.

O serviço já é prestado na educação infantil do Oswald há pelo menos quatro anos. A ideia é que o aluno experimente pratos diferentes dos disponíveis em casa e diversifique o paladar.

O lanche (mensal) sai por R$ 183. Se incluído almoço, o preço é de R$ 293,90. Diferentemente do lanche, o almoço pode ser comprado à parte, por R$ 16,20. Pais que não aderirem ao serviço poderão continuar enviando o lanche dos filhos à escola.

O formato provocou a reclamação de um pai, que pediu para não ser identificado. "Ou o aluno leva o lanche todos os dias ou é obrigado a aderir ao novo sistema. Eles não dão a opção de comprar lanche avulso, numa emergência", diz.

Cantina light

O Colégio Franciscano Nossa Senhora Aparecida, em Moema, na zona sul, também deve adotar outras estratégias para incentivar os alunos a mudar os hábitos alimentares. Em vez de extinguir a cantina, porém, a escola passou a servir opções de salgados integrais e sucos naturais.

Os pais podem aderir ao "kit lanche" por R$ 140, pacote fechado com suco, salgado e sobremesa que é entregue ao aluno todos os dias. As opções vão de esfiha integral a bisnaguinha com peito de peru.

Refeições para alunos do período integral e semi-integral são servidas no esquema de bufê, com supervisão de nutricionistas e funcionários do colégio. Outra inovação foi a criação de almoços temáticos, para que os alunos conheçam pratos diferentes. Os custos já estão incorporados na mensalidade.

Além disso, os estudantes têm aulas de culinária e de educação alimentar em sala. "Há alunos que não comiam nada e hoje a família fica até impressionada", afirma a orientadora educacional da instituição, Cristiane Moura.

Uma das experiências positivas ocorreu com o estudante Rafael Soldano, de 5 anos. Ele tinha resistência em comer verduras e legumes, mas conseguiu mudar os hábitos quando a família optou pelo período semi-integral, das 8h30 às 17h15, com o serviço de bufê.

"Ele começou a pedir em casa o que experimentava na escola", conta o pai do menino, Marcelo Pinheiro de Almeida. O "problema" é que o alimento precisa vir exatamente como no colégio. "Minha mulher tem de entrar em contato com a escola para saber como preparam. Se não for a cenoura cortadinha, ele fala que não é cenoura."

Diferencial

A Building Escola, que atende crianças de até 6 anos, foi uma das pioneiras no uso de bufê. Há quatro anos, os pais deixaram de enviar lancheira para os filhos e também não há cantina. Um diferencial, segundo a diretora pedagógica da instituição, Regina Célia Tolentino, é que os estudantes podem ver o alimento sendo preparado. "O prato é montado na frente da criança. Não perguntamos o que ela quer comer, mas colocamos no prato e incentivamos a comer. Isso faz com que ela experimente mais", diz. O colégio cobra cerca de R$ 400 pelo serviço para alunos do período integral, com quatro refeições diárias.

Para Isa Maria de Gouveia Jorge, doutora em Ciências na Área de Nutrição e Saúde Pública pela Universidade de São Paulo (USP), é importante que as opções dadas às crianças sejam as mais saudáveis. "A criança forma o padrão de alimentação que terá quando adulta até os 5 anos", explica.

As informações são do jornal "O Estado de S. Paulo".