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Professores lamentam morte de 'mentor' Robin Williams

Robin Williams interpreta o professor John Keating no filme "Sociedade dos Poetas Mortos"  - Divulgação
Robin Williams interpreta o professor John Keating no filme "Sociedade dos Poetas Mortos" Imagem: Divulgação

13/08/2014 19h15

Entre os diversos tributos ao falecido ator Robin Williams estão uma enorme quantidade de homenagens feitas por professores. Um dos papeis mais marcantes de Williams foi o do professor John Keating, em Sociedade dos Poetas Mortos (1989), que levou uma nova geração a se encantar pelo magistério.

Em uma dos momentos mais marcantes do longa, os alunos sobem nas mesas para protestar contra a demissão do mestre de inglês. Na cena, o primeiro a se levantar recita o verso inicial de um famoso poema de Walt Whitman, em meio às ameaças de um diretor mal humorado.

Ao longo do filme, Keating entusiasma os alunos sobre o poder da literatura inglesa, incentivando-os a seguir seus sonhos.

'Meu Capitão'

O filme hollywoodiano acabou inspirando muitos jovens a seguirem a profissão. "Ó capitão!! Meu capitão!! Você me inspirou a ser professor!!! E sei que inspirou toda uma geração" afirmou Sujan Chitrakar, no Twitter.

"Sinto como se tivesse perdido um mentor. Robin Williams como Keating mudou a minha vida. Sociedade dos Poetas Mortos me levou ao magistério", disse Cori Marino.

"Robin Williams ou Keating, a minha inspiração para me tornar professor, faleceu. Ó Capitão, meu Capitão! Que a sua alma descanse em paz", disse Liliana Alvarez.

Mensagens como estas ecoaram em várias partes do planeta após a morte de Williams.

Para Jonathan Taylor, professor de redação criativa da Universidade de Leicester, na Grã-Bretanha, o personagem fez as pessoas sentirem que a "poesia nos importa".

Ele viu o filme aos 16 anos e admite que ter visto no longa aquilo que ele já sentia pode tê-lo influenciado a escolher sua carreira. "Ele explica no filme que a educação não é só uma pequena parte da nossa existência, é a vida. É a mesma coisa. Não se trata de decorar Wordsworth, mas sim de senti-lo e entender por que ele é importante", afirmou Taylor.

Paixão

Outro professor britânico, Francis Gilbert, da escola secundária Coopers' Company e Coborn, em Londres, disse que todos os seus amigos de trabalho comentaram o filme na época.

"Nós amamos o espírito dele. Adoro o jeito com que ele arranca páginas de livros. Ainda faço isso. Na minha cabeça já fiz isso metaforicamente muitas vezes", disse Gilbert, referindo-se à cena em que Keating rasga as páginas da introdução de uma obra que traz uma fórmula que define o valor da poesia.

Atitudes como esta levaram a belga Roselyne Marot a se tornar professora de ciências. Desde então, ela admite que Keating sempre o acompanha na sala de aula. "Decidi que se um dia viesse a ser professora, seria mais como o Robin Williams no filme do que uma educadora tradicional."

A paixão de Keating é um dos elementos que parece ter inspirado os professores. Para ele, a literatura era tão essencial para a humanidade quanto o ar ou a água.

"Aquele amor pelo tema de aula é algo que sempre tentei manter em mente como professor", disse Gilbert. 

No filme, entretanto, o estilo arrojado de Keating leva à sua demissão e a acusações de ter sido responsável pelo suicídio de um dos alunos. Os professores admitem que manter tamanho otimismo na realidade das escolas é algo dificílimo.

"Os professores inspiradores que conheci muitas vezes encontram dificuldades no sistema educacional. Mas isso não impede que tenham uma enorme influência sobre os seus alunos", disse Jonathan Taylor.

E nenhuma influência pode ser maior do que a mudança de vida preconizada pelo eterno John Keating vivido por Robin Williams.