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Por que as universidades custam tão caro nos EUA?

Brian Snyder/Reuters
Imagem: Brian Snyder/Reuters

13/02/2015 10h24

Cursar uma universidade nos Estados Unidos é mais caro do que em qualquer outro lugar do mundo.

Uma matrícula anual pode custar US$ 50 mil (R$ 141 mil) em algumas universidades privadas americanas. Isso sem contar acomodação, alimentação e material didático.

Mas será que um diploma de uma universidade dos Estados Unidos vale tudo isso? O que explica que seja tão caro?

Uma das faculdades americanas mais caras do país fica perto do escritório da BBC em Washington. A George Washington, ou GW, como é conhecida, dobrou o preço de sua matrícula na última década.

O presidente da universidade na época, Stephen Trachtenberg, investiu em dormitórios sofisticados, instalações esportivas caras e aulas com a mais avançada tecnologia, em uma estratégia para tornar a faculdade mais atraente.

Funcionou: quanto mais se gastou, mais as matrículas aumentaram e mais jovens quiseram estudar ali.

Trachtenberg não se arrepende da inflação no custo das matrículas. Ele argumenta que isso tem colocado os alunos nos melhores empregos.

Se um estudante encontra um emprego logo depois da graduação, ele diz, "então a universidade cumpriu seu objetivo e o objetivo que a sociedade queria. Se eles podem pagar a dívida, isso não é um problema", disse o ex-presidente da GW.

Mas se o aluno não vem de uma família rica, essas dívidas podem ser enormes. O alto custo das matrículas cria uma clara divisão entre os estudantes que têm e os que não têm dinheiro.

Sobrevivendo

Conversando com estudantes da GW, é possível notar a dificuldade que eles têm para pagar as matrículas universitárias. Cada um trabalha pelo menos meio período e ainda assim eles estão acumulando dívidas.

Cindy Zhang cursa Relações Internacionais e trabalha em dois empregos. Seus pais ajudam um pouco, mas ela ainda têm prestações a pagar que somam US$ 10 mil (R$ 28 mil) por ano.

Shanil Jiwani atualmente deve US$ 60 mil (R$ 169 mil) e acredita que esse valor dobrará até sua graduação.

Os dias de Silvia Zenteno como universitária estão prestes a acabar. Mesmo tendo recebido a ajuda máxima da universidade e trabalhando 30 horas por semana, a estudante vai se formar com uma dívida de US$ 40 mil (R$ 112 mil).

Por que sacrificar todo esse tempo e dinheiro para bancar uma universidade nos Estados Unidos? Talvez porque os estudantes não tenham muitas alternativas em terras americanas.

Emprego

"Quando estamos falando de carreira, de quanto dinheiro você vai ganhar, seu custo com universidade é como um investimento", disse Anthony Carnevale, diretor do Centro de Educação e Força de Trabalho na Universidade de Georgetown.

Segundo ele, o fato de os americanos não contarem com a ajuda de programas de proteção social, como muitos países da Europa, faz com que os diplomas universitários dos Estados Unidos sejam mais "valiosos" que os de outros países.

Dessa forma, paga-se muito pelo diploma de uma boa universidade que possa resultar em um bom emprego e um salário suficiente para amortecer a dívida contraída durante a universidade.

O ciclo vicioso de inflação não dá sinais de esgotamento. A GW acaba de publicar o preço da matrícula para o próximo ano: US$ 50.367 (R$ 142 mil), um aumento de 3,4% em relação ao ano passado.

O que poderia limitar a alta dos custos é uma instituição maravilhosamente igualitária: a internet. Cada vez mais universidades americanas estão oferecendo cursos virtuais gratuitos. Com eles, os alunos não têm acesso físico às salas de aula nem aos campus modernos, mas ainda é possível obter uma boa educação.

Se os custos das matrículas continuarem a subir na velocidade atual, pode chegar o dia em que os estudantes americanos olhem para os cursos online e achem que são um bom negócio.