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Ensino Fundamental

Filosofia - Ser, devir e paradoxos

Josué Cândido da Silva

Ser, devir e paradoxos

Objetivos

  • Trabalhar as habilidades de raciocínio e formação de conceitos.
  • Discutir os conceitos de ser, devir e paradoxos.

Plano de discussão

Peça aos alunos que leiam o texto Teoria do conhecimento - ser e não-ser. Depois, peça que exponham oralmente quais as idéias principais do texto.

A seguir, pode-se iniciar uma discussão sobre a identidade do ser e a impossibilidade de contradição postulada por Parmênides:

a) Algo pode estar vivo e não estar vivo ao mesmo tempo? (Um vírus, por exemplo).

b) Você pode estar andando mesmo estando parado?

c) Mentir e não mentir?

d) Algo pode ser quente e frio ao mesmo tempo?

e) É possível pensar em nada?

f) É possível falar sem dizer?

g) Se um menino é um homem em potência, isso significa que ele é um não-homem?

h) Se o gelo está derretendo isso significa que ele não é nem água nem gelo?

i) Uma crisálida não é uma borboleta, mas também não é uma lagarta. O que é então?

j) É possível que algo se transforme (como a lagarta em borboleta) e continue sendo o que era?

k) Você é sempre você ou apenas o seu nome continua o mesmo?

l) Se as coisas mudam, isto significa que elas passaram do ser ao não-ser e, depois, do não-ser ao ser? Isso é possível?

m) É possível que a mudança seja uma mera aparência?


Exercício 1

Quando alguém afirma e nega algo ao mesmo tempo, dizemos que essa pessoa está sendo inconsistente, ou que caiu em contradição (veja o plano de aula Teoria do conhecimento). No exercício abaixo, peça para os alunos dizerem se o que as pessoas estão dizendo é consistente ou se elas estão se contradizendo:

a) Eu nunca chego atrasado à escola, mas quando isso acontece sempre tenho uma boa desculpa. b) Meninos vivem sonhando com meninas, mas quando vão para a balada, só saem com outros garotos. Acho que, na verdade, eles não gostam de meninas.

c) Estou na fronteira entre o Brasil e o Paraguai. Tenho um pé no território brasileiro e outro no território paraguaio. Portanto, estou, ao mesmo tempo, no Brasil e no Paraguai.

d) A democracia é a melhor forma de governo. Por isso, todos os países devem adotá-la, mesmo que tenham que ser forçados a isso.

e) Mentir é sempre errado, a menos que você tenha uma boa razão.


Exercício 2

Vimos no texto que Zenão de Eléia, para provar a consistência da tese de seu mestre (de que a multiplicidade é apenas aparente), elabora uma série de paradoxos. Outro paradoxo, semelhante ao de Aquiles e a tartaruga, é o paradoxo da flecha e o alvo. Segundo Zenão, a flecha nunca atinge o alvo porque, antes, terá de percorrer a metade da distância que a separa do alvo. E para percorrer essa distância, terá de percorrer, antes, a metade dela. Como o espaço pode ser dividido infinitamente, a flecha permanece parada, sem nunca passar de um ponto a outro.

Peça que os alunos apontem como seria possível resolver tais paradoxos - ou se eles são insolúveis. Poderão pedir a colaboração dos professores de física ou de matemática.


Exercício 3

Ao afirmar que o ser é e o não ser não é, Parmênides inaugura o princípio de identidade que forma um dos pilares da Lógica, ou seja, "A é A e não B". Se algo é verdadeiro, o seu contrário é falso.

Partindo desse princípio, peça aos alunos que resolvam os seguintes problemas:

Em cima do armário há dois cofrinhos em forma de porquinhos. Um está completamente vazio e o outro cheio de moedas. Para testar as habilidades lógicas de seu filho, João colocou o seguinte bilhete no primeiro porquinho: "O dinheiro está no outro porco". No segundo, colocou a seguinte frase: "Um dos porcos diz a verdade". Então, João pediu a seu filho que apontasse em qual dos porcos o dinheiro estava. Você é capaz de resolver esse enigma?
Era uma vez um crocodilo racional que sempre procurava manter suas promessas e agir de acordo com o que dizia. Certo dia, o crocodilo capturou um homem e decidiu devorá-lo. Mas, quando ele se preparava para devorar o homem, apareceu um menino que lhe pediu para não fazer isso. O menino explicou: - Ele é meu pai e eu preciso dele para aprender a arar a terra.
O crocodilo, achando que poderia ensinar um pouco de Lógica ao menino, disse: - Você precisa adivinhar se vou ou não soltar seu pai. Se você adivinhar, eu o soltarei. Do contrário, vou devorá-lo.
- Eu acho que você vai devorá-lo. - disse o menino.
O que fez o crocodilo racional?

(Fonte: Lipman, Matthew. Manual do professor - "Investigação ética", p. 106).

Soluções

a) Se a frase "um dos porcos diz a verdade" é verdadeira, então o outro porco está mentindo, já que só um pode estar dizendo a verdade. Logo, o dinheiro está no primeiro porco. Se a frase "um dos porcos diz a verdade" é falsa, não é possível que ambos estejam falando a verdade, logo, ambos estão mentindo e o dinheiro está no primeiro porco. Em ambos os casos a solução é a mesma.

b) O crocodilo diz que vai soltar se o menino adivinhar. Se o menino dissesse que o crocodilo iria soltar e o crocodilo fosse devorar, ele teria errado e seu pai seria devorado. Se o crocodilo fosse soltar e o menino errasse, ele teria que soltar para ser coerente. Se ele pretendia devorar e o menino acertou, então o crocodilo deve soltar o pai do garoto. Portanto, se o menino dissesse "vai devorá-lo" fosse qual fosse a decisão do crocodilo, ele conseguiria libertar seu pai.

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