Topo

Ensino Fundamental

Português - Noções sobre o conceito de texto

Jorge Viana de Moraes

Noções sobre o conceito de texto

Ponto de partida

Embora o conceito de texto se coloque diante de nós como princípio de evidência, associado, usualmente, ao material empírico que preenche a folha, antes branca, e que normalmente principia por um título dado e se encerra com um ponto - que pode ser final, de exclamação ou mesmo de interrogação -, nunca é demais partilhar com nossos alunos as informações que temos a respeito desse conceito que, como sabemos, se dá apenas como evidência historicamente construída. Cabe a nós, professores, reservar um espaço de reflexão na sala de aula voltado para estas questões, cujo percurso inicial nos remetem à origem latina do termo (textu), até chegarmos a alguns conceitos que hoje a ele se referem.

Objetivos

1) Levar os alunos à compreensão do conceito de texto, mostrando-lhes que, desde a sua origem, o conceito mantém íntima relação, até os dias de hoje, com a principal característica definidora do material empírico que preenche a folha de papel, a página eletrônica, etc. Isto é, mostrar aos alunos que, etimologicamente, o conceito de texto está relacionado ao termo latino (textu), que significa tecido, ou seja, uma peça construída pelo trançamento de várias partes.

2) A partir dessas reflexões, mostrar-lhes que um texto, para ser considerado como tal, reclama um sentido e que, portanto, não pode ser avaliado apenas e unicamente pela "correção" gramatical, que, por si só, não garante sua qualidade, muito menos seu reconhecimento.

3) Introduzir os alunos às teorias textuais sem precisar mencionar (pelo menos não no início) terminologias que para eles poderiam ser complicadas, tais como coesão e coerência. Para isso basta dizer-lhes (sempre ilustrando) que, ao produzimos um texto, desejamos nos comunicar com nossos leitores, nossos interlocutores, transmitir-lhes informações e modificar seu comportamento.

4) Por essa razão, esclarecer para os alunos que o texto não pode ser um aglomerado de frases sem conexão. Ele precisa apresentar textualidade, ou seja, ser bem estruturado, ter palavras, frases e idéias articuladas entre si. Isto é, ser um tecido construído pelo trançamento de várias partes que se relacionam entre si.

Estratégias

1) Trabalhando com as duas colunas a seguir:

a. O Show

O cartaz
O desejo

O pai
O dinheiro
O ingresso

O dia
A preparação
A ida
O estádio
A multidão
A expectativa

A música
A vibração
A participação

O fim
A volta
O vazio








b. ...O sol é quadrado, azul como a goiaba. No entanto, se você realmente me ama, por que não desata o nó da gravata do cachorro, que voa livre e solto pelo céu de maré alta.

2) Demonstre à sala que, mesmo não mantendo as chamadas "correções" gramaticais, a coluna "a" denota maior sentido do que a coluna "b".

3) Mediante isso, chame a atenção dos alunos para o fato de que, mesmo gramaticalmente correta, a passagem da coluna "b" não poderia ser considerada um texto, por aparentemente não fazer sentido. Antes, assemelha-se mais a um aglomerado de frases e palavras soltas.

4) Enquanto que na coluna "a", ao contrário, o que se vê é um texto, mesmo que não tenha tal aparência. O título e as seqüências nominais, agrupadas numa espécie de estrofe, parecem fazer o percurso de cada momento que compõe uma apresentação musical.

Comentários

Como já dissemos, num primeiro momento é dispensável o emprego da terminologia usada na Lingüística Textual, para se referir ao cálculo da textualidade de um texto: coesão e coerência textuais, contexto, intencionalidade, aceitabilidade, situacionalidade, informatividade, inferência, etc. Contudo, gradativamente vai-se introduzindo os conceitos, ilustrando-os através de bons exemplos.

Ensino Fundamental