A árvore da família

O resgate de nossos ancestrais

Oscar D'Ambrósio

São raras as pessoas que não se interessam pelas próprias raízes. A maioria deseja saber de onde veio, o que faziam seus antepassados e como a família foi se articulando ao longo dos tempos. Num país formado por imigrantes como o Brasil essa preocupação é ainda mais importante, já que as procedências são as mais diversas.

Em "A árvore da família", Maísa Zakzuk retoma brevemente a origem de seus antepassados, sírios e portugueses, para estimular crianças e adolescentes a montarem a própria árvore genealógica. Isso é feito sem didatismo, mas com extremo bom humor e com grande número de informações, desde as essenciais a meras curiosidades.
Nesse sentido, a metáfora da árvore como representação gráfica que expressa a recuperação das origens de uma pessoa ou de uma família ganha múltiplos significativos, já que ela, tanto no plano simbólico, como representação da vida, como no literal, é, com suas ramificações, ideal para resgatar ancestrais.

Maísa desenvolve o tema com riqueza de detalhes e, auxiliada pelas ilustrações bem-humoradas de Tatiana Paiva, retoma a saga dos imigrantes para o Brasil. Acima de tudo, porém, estimula o leitor a agir como um repórter familiar, dando até um roteiro para que ele penetre nas entranhas do passado de seus predecessores.

Não se atém o livro, porém, apenas a relação entre passado e presente. Também são discutidas questões referentes ao nome. É esclarecido que cada um tem um significado (lista é apresentada ao final) e diversas interpretações são mencionadas sobre os motivos mais comuns que levam os pais a escolherem nomes, como, por exemplo, homenagear o dia do santo em que a criança nasceu.

A origem dos sobrenomes, com considerações sobre os mais populares, como Smith ("ferreiro"), em inglês, merece destaque, assim como uma introdução a uma ciência às vezes não devidamente valorizada, a heráldica, que estuda os brasões e, por conseqüência, a história dos antepassados de famílias nobres.

Principalmente para os descendentes de imigrantes, o livro ganha um sentido muito especial, já que incita a pesquisar costumes familiares como alimentos e palavras de uso comum e curiosidades da história pessoal, como hábitos. Isso sem contar a "caça" por documentos, como passaportes antigos e outros papéis ligados à chegada de pais, avôs e bisavôs ao Brasil.

Mesmo se o jovem leitor for adotado ou tiver um histórico familiar complicado em termos de pais separados ou falecimento precoce de parentes próximos, o livro pode ser utilizado sem risco de algum tipo de "saia justa", pois a publicação deixa claro que o importante de uma família, seja pelos laços biológicos ou não, é o carinho que une os seus membros.

Esse clima intimista é reforçado pelas ilustrações. Os melhores conjuntos tratam as tradições familiares, com fotos antigas, de modo a preservar o valor do tempo passado, mas sempre dentro de uma diagramação moderna, no sentido de um forte diálogo com o texto. Essa harmonia valoriza o livro e o torna, sem dúvida, um excelente caminho para que cada leitor, jovem ou não, busque percorrer os percursos das próprias raízes.
 

A árvore da família

Maísa Zakzuk, ilustrações Tatiana Paiva

Editora Panda

40 págs.
 

Fonte:, jornalista e mestre em Artes Visuais pelo Instituto de Artes da Unesp, integra a Associação Internacional de Críticos de Arte (AICA- Seção Brasil).

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