Creche inclusiva

Leonardo Soares/UOL
Na foto, Heloísa, Nicole e Mateus brincam de se pendurar no galho das árvores da creche. "A cada criança que chega na creche, tenha ela um diagnóstico médico ou não, traz novas questões pra gente. Precisamos saber e conhecer quem é essa criança, quem é essa família, como vamos construir uma boa relação - de confiança - com elas, pois estamos falando de crianças pequenas. Então, esta relação de confiança com a família é fundamental quando a gente fala em educação infantil.", diz Prislaine Krodi, psicóloga da Creche/Pré-Escola Oeste da USP Mais
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As crianças chegam entre as 7h00 e 9h30 da manhã, ficam brincando no pátio, e os pais podem acompanhá-las por um período até irem embora. Heloisa e Mateus, 6, brincam na árvore do pátio. "Depois da família, a creche é o espaço coletivo em que a criança tem a oportunidade de conviver com seus pares, e ali, seguirá determinadas regras e limites que fazem parte da vida em sociedade.", explica Prislaine Mais
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Antonio, 6, observa o fotógrafo de cima do escorregador do pátio da creche. Segundo a LDB (Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional) a escola deveria ser direito de todos, seja de crianças e adolescentes em situação de inclusão ou não. De acordo com a Constituição, a lei garante o atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino Mais
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Eduarda, de 5 anos, colhe frutas nas árvores do pátio para entregar para a professora depois. Segundo a pesquisadora, o princípio da educação inclusiva é o de que todas as crianças devem aprender juntas, não fazendo diferença as dificuldades que possam ter Mais
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Rebeca, 4, brinca no pátio da creche com a estagiária Juliana. A escola tem que saber se organizar enquanto instituição para atender cada criança. "Quando algumas crianças trazem um diagnóstico médico, ou algum comprometimento físico e orgânico mais evidente, ela coloca mais em evidência o que acontece com todas as crianças. É a partir daí que a escola deve perceber o que o aluno demanda e como pode se organizar para atendê-lo com a estrutura que é oferecida.", explica Prislaine. Mais
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Sara, 3, observa o fotógrafo enquanto brinca no balanço. Para ser efetiva, a educação inclusiva depende da união entre escola, família, poder público e sociedade, segundo o livro "Inclusão de Pessoas com Deficiência e/ou Necessidades Específicas: Avanços e Desafios", da autora Margareth Diniz. O ambiente deve ser sensível às necessidades de todos que participam dele, integrando a criança na sociedade como pessoa que aprende e como um cidadão comum Mais
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Xavier, 5, colombiano, é observado pelos pais antes de saírem para o trabalho. Para Claire, coordenadora da pesquisa, essa experiência da educação inclusiva transforma as relações familiares, também. "Se a escola tem um trabalho consistente com as crianças e voltado para os pais, os pais passam por transformações significativas, também. O processo de educação na creche dura entre 3 e 5 anos e esse é o período que os pais estão mais próximos das crianças e da instituição. É nessa época que os pais se interessam mais pelo o que o filho fez ou não fez. Por isso a educação infantil é a oportunidade para implementar a educação inclusiva.", explica a coordenadora Mais
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Nicole, Maria Eduarda, Heloísa e Mateus, 6, brincam no pátio da creche. A psicóloga explica que o foco da creche é olhar para a criança e perceber a necessidade dela. "O educador vai olhar para o grupo de crianças e vai pensar: 'bom, no meu grupo eu tenho o Marcos, Carolina, Elisabete e Silvio', o que eles estão pedindo? O que eu posso oferecer para ajudá-los, para facilitar as relações entre eles, a aquisição de conhecimento, de descobertas, o fomento à criatividade, ao conhecimento, sendo crianças com necessidades especiais, em situação de inclusão ou não.", diz Mais
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"O Lucas encontrou dificuldades derivadas da sua condição de Down (Os portadores de síndrome de Down têm hipotonia muscular), algumas dificuldades físicas, por seu desenvolvimento ser mais lento, tudo aconteceu com certo atraso em relação às outras crianças de seu grupo. Demorou mais para sentar-se sozinho, andar, retirar a fralda, mas dentro do esperado para os portadores da síndrome. Como ele foi o primeiro aluno com síndrome na creche, também tivemos a dificuldade em passar para os professores quais os cuidados que o Lucas precisava e o que ele poderia fazer, embora tivesse algumas especificidades como na alimentação e alguns movimentos físicos.", explica Éber De Patto Lima, pai de Lucas Mais
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"Hoje o Lucas interage muito bem com o grupo dele. No início deste ano ele começou a interagir de forma mais participativa nas atividades e brincadeiras. Ele tem uma habilidade motora incrível, e como qualquer criança ele sobe, desce, pula de lugares altos, corre e dá muito trabalho em suas fugas (adora explorar todos os lugares da creche, desde os outros módulos até as salas das coordenadoras, saúde e secretaria).", fala Éber Mais
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Ana Clara, 3, faz pose para fotógrafo. Segundo Claire, após as crianças passarem por essa experiência de inclusão, elas não reproduzem, apenas, o discurso politicamente correto, elas se diferenciam na formação e no modo como agem no mundo. "Não achar que é só porque a criança tem deficiência que ela vai dar mais trabalho em sala de aula.", fala Mais
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Esse é o Tiano, 5, nasceu em Moçambique (país localizado na costa oriental da África). "Eu já te contei sobre minha família? Eu moro no Brasil com a minha mãe e com a minha irmã de 7 anos, mas meu pai vai sempre para Moçambique.", fala Mais
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A família do Enzo, 2, é da Guiné-Bissau (país da costa ocidental da África). "A gente trabalha com crianças de 4 meses até 6 anos. Os nossos maiores (os de 6 anos), são pequenos. A gente vai perdendo um pouco esse parâmetro entre menores e maiores, mas eles são pequenos, são crianças.", fala Prislaine Mais
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Sala de fantasia da creche. "Acho que as crianças não cumpriram nosso acordo de quando sair do lugar, deixar tudo organizado.", brinca Prislaine Mais
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Sala do grupo Árvore. Após brincarem no parquinho da creche, as crianças vão para as salas para descansar e se preparar para as próximas atividades do dia: as rodas de conversa e o momento de grupo, momento em que as crianças, na intimidade de seu pequeno grupo vão fazer pesquisas, perguntas e descobertas, desenhos, brincadeiras, pinturas, ouvir e contar causos e histórias. Para Prislaine, a creche vai encontrando novos caminhos para se adaptar às novas situações. "Claro que se formos pensar, pessoas em situação de inclusão podem ter muito mais do que aquelas que têm um diagnóstico médico. Pode ter uma criança que está vivendo um momento particular da vida muito difícil, e que está mais fragilizada e eu preciso entender que ela está precisando de uma outra coisa nesse momento. Mas essas crianças que colocam mais em evidência nossas fragilidades humanas, eu acho que elas vão colaborando muito para o nosso enriquecimento mesmo, humano, enquanto pessoa, enquanto profissional, enquanto profissional da educação infantil.", afirma Mais
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Sala de exposições do Grupo Árvore da creche. "Como vamos nos repensar enquanto instituição, ou repensar nossa prática diante desta criança que traz uma novidade pra gente? É claro que, quanto mais experiências nós temos, quanto mais discussões temos, quanto mais pessoas chamamos para conversar e dividir ideias, mais repertório temos, mais recursos temos, mas as crianças vão 'tirando a gente do lugar' o tempo inteiro e isso é muito bonito de ver acontecer, com as crianças e com os adultos, também. O quanto ficam dessas marcas na instituição e, não tenho dúvidas, que essas marcas também permanecem nas crianças.", diz a psicóloga Mais
Arquivo pessoal
Na foto Patrícia Rodrigues de Campos Rocha, 33, mãe do Guilherme, 7, ex-aluno da creche e diagnosticado com autismo aos 2 anos de idade. "Não há nada melhor do que a inclusão destas crianças com outras crianças da mesma idade e, quanto mais cedo diagnosticado o problema, e quanto mais estimuladas, estas crianças têm muito mais chances de reverter o quadro da doença. A creche/escola inclusiva é muito importante na vida destas crianças, pois possibilita uma vida cada vez mais "normal" e a inclusão delas na sociedade.", explica Patrícia Mais