Veja por que alguns astros do rock não gostavam da escola

Montagem/UOL
Um tema comum em biografias de astros do rock é a aversão ao ambiente escolar. Brigas com alunos mais velhos, apelidos motivados por diferenças físicas, atraso em relação à turma -devido a transtornos que só seriam conhecidos mais tarde- e timidez extrema são algumas das reclamações apresentadas por artistas como Ozzy Osbourne, Keith Richards e Steven Tyler. Confira os relatos nas próximas páginas
Lucas Lima/UOL
Ozzy Osbourne - "Eu odiava a escola. Odiava. Ainda consigo lembrar meu primeiro dia no Prince Albert Juniors em Aston: tiveram de me arrastar até lá pelo colarinho, por que eu chutava e chorava muito. A única coisa que queria da escola era que o sinal tocasse às quatro da tarde. Eu não conseguia ler direito, por isso não tinha boas notas. Nada entrava na minha cabeça e não conseguia entender por que meu livro e era como se tudo estivesse escrito em chinês. Sentia que não era bom em nada, como se fosse um desastre. Só com trinta anos descobri que tinha dislexia, além de transtorno de déficit de atenção e hiperatividade. Ninguém sabia dessas coisas na época. Estava numa classe com quarenta crianças e, se não entendesse, os professores não tentavam ajudar - eles o deixavam de lado. Foi o que aconteceu comigo. E quando eu precisava fazer alguma merda - como quando tinha de ler em voz alta - eu tentava divertir a classe. Pensava em todos os tipos de coisas doidas para fazer os outros rirem." *Trecho extraído do livro "Eu Sou Ozzy", de Ozzy Osbourne com Chris Ayres (Tradução: Marcelo Barbão. Editora: Saraiva, 2010)
Divulgação
Ozzy Osbourne - "Depois do Prince Albert Juniors, fui para Birchfiel Road Secondary Modern, em Perry Barr. Eles tinham uniforme, não era obrigatório, mas a maioria dos garotos usava, incluindo Paul, meu irmão mais novo, que se achava muito bom. Ele ia todo dia com o blazer, as calças de flanela cinza, a gravata e a camisa. Eu andava com minhas botas, jeans e um suéter fedido. O diretor, Sr. Oldham, me dava uma bronca sempre que me encontrava. 'John Osbourne, arrume-se, você é um desastre!', gritava no corredor. 'Por que não pode ser mais parecido com seu irmão'." *Trecho extraído do livro "Eu Sou Ozzy", de Ozzy Osbourne com Chris Ayres (Tradução: Marcelo Barbão. Editora: Saraiva, 2010)
Lucas Lima/UOL
Ozzy Osbourne - "O mais engraçado foi que a única matéria em que consegui boas notas em Birchfiel Road foi 'trabalho com metal'. Acho que isso aconteceu porque meu pai era mestre ferramenteiro e era algo natural para mim. Eu até ganhei um primeiro prêmio numa competição com um fecho de metal para janelas. Isso não me impedia de continuar fazendo doideiras, no entanto. O professor, Sr. Lane, acabava me batendo na bunda com um pedaço de madeira gigante. (...) Fui perseguido por um bom tempo quando era mais jovem. Alguns meninos mais velhos costumavam esperar por mim a caminho de casa e puxar minhas calças, ficar zoando comigo." *Trecho extraído do livro "Eu Sou Ozzy", de Ozzy Osbourne com Chris Ayres (Tradução: Marcelo Barbão. Editora: Saraiva, 2010)
Flávio Florido/UOL
Steven Tyler - "Uma manhã, quando eu estava na terceira série, havia uma garota no pátio, e devo ter agarrado uma lâmpada quebrada e corrido atrás dela - como qualquer moleque (espertalhão) querendo afeto faria. (...) Sua mãe foi até a sala do diretor. 'Se Steven Tallarico não for expulso da escola vou tirar minha filha! Ele a perseguiu com uma ARMA LETAL (e blá-blá-blá) É um animal!' Chamaram minha mãe. Queriam me mandar para uma escola para pessoas determinadas, conhecidas hoje como crianças com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). (...) Fiquei animado com a escola, mas cheguei no lugar e descobri que estava cheio de 'crianças espexiais [sic]'. Moleques que gritavam 'vai se F*!' no meio da aula, que tinham problemas como Síndrome de Tourette e gritavam o tempo todo. Um pouco pior do que a escola pública, eu diria: crianças cheirando cola durante a aula de arte, e todo mundo mandando bolinhas de papel com elásticos um no outro. UAU, me senti em casa!" *Trecho extraído do livro "O Barulho na Minha Cabeça te Incomoda?", de Steven Tyler com David Dalton (Tradução: Éric R. R. Heneault, Francisco José M. Couto, Marcelo Barbão e Olga Cafalcchio. Editora: Benvira, 2011)
Flávio Florido/UOL
Steven Tyler - "Cuspiam em mim na escola e me chamavam de 'Lábios de Crioulo'. As crianças me davam petelecos na orelha, algo que era particularmente dolorido nos dias frios. Ser provocado no ônibus, no entanto, acabou sendo minha salvação. No começo, posso até ter ficado ofendido, mas, assim que aprendi a cantar, passei a sentir orgulho daquele apelido, porque percebi então que essas eram minhas raízes, minha raiz negra estava na música negra, e eu não devia me envergonhar de nada." *Trecho extraído do livro "O Barulho na Minha Cabeça te Incomoda?", de Steven Tyler com David Dalton (Tradução: Éric R. R. Heneault, Francisco José M. Couto, Marcelo Barbão e Olga Cafalcchio. Editora: Benvira, 2011)
Getty Images
Steven Tyler - "O jeito que encontrei para não apanhar na escola foi me tornando baterista numa banda. Meu primeiro grupo foi o Strangers. (...) No ensino médio, a chave para não ser zoado era entreter os outros, da mesma forma que pessoas gordas se tornam engraçadas, contam piadas, tiram sarro dos outros e por isso são deixadas em paz. Eu era magrelo, tinha lábios grossos e cabeça pontuda. Deixei o cabelo crescer e comecei a tocar bateria numa banda, e esse foi o caminho de minha aceitação. Conhecia música por causa do meu pai, e assim o rock 'n' roll me ajudou a não apanhar." *Trecho extraído do livro "O Barulho na Minha Cabeça te Incomoda?", de Steven Tyler com David Dalton (Tradução: Éric R. R. Heneault, Francisco José M. Couto, Marcelo Barbão e Olga Cafalcchio. Editora: Benvira, 2011)
Dado Junqueira/Folhapress
Keith Richards - "Quando eu estava com nove ou dez anos, durante mais ou menos um ano fui vítima de tocaias, no melhor estilo Dartford, praticamente todos os dias quando saía de casa e ia para a escola. Eu sei o que é ser covarde. Eu nunca mais voltarei lá. Por mais fácil que seja dar as costas e sair correndo, eu preferia as surras. Dizia para minha mãe que tinha tomado outro tombo de bicicleta. E aí ela respondia 'Fique longe da bicicleta, filho'. Cedo ou trade todo mundo leva uma surra. Melhor cedo." *Trecho extraído do livro "Vida", de Keith Richards com James Fox (Tradução: Maria Silvia Mourão, Mário Fernandes e Renato Rezende. Editora: Globo, 2010)
Getty Images
Keith Richards - "Eu detestava a pré-escola. Detestava todas as escolas. Doris disse que eu ficava tão nervoso que ela se lembrava de ir me buscar e me carregar nas costas até em casa, porque eu não conseguia andar de tanto que tremia. E isso foi antes que as tocaias e as intimidações tivessem começado. A comida que davam era terrível. Eu me lembro de ser obrigado a comer 'torta cigana' na pré-escola. Eu simplesmente me recusava. Era uma torta com alguma gosma queimada de recheio, geléia ou caramelo. Todas as crianças daquela escola conheciam a torta e algumas até gostavam dela. Mas isso não era o que eu queria de sobremesa, e eles tentaram me forçar a comer aquilo, ameaçando me colocar de castigo ou cobrar uma multa se eu não comesse. Era a coisa mais dickensiana possível. Tive que escrever 'Eu não recusarei comida' trezentas vezes, com minha letra de criança. Mas, no fim, acabei. Eu, eu, eu, eu... não, não, não..." *Trecho extraído do livro "Vida", de Keith Richards com James Fox (Tradução: Maria Silvia Mourão, Mário Fernandes e Renato Rezende. Editora: Globo, 2010)
Kevin Frayer/AP
Keith Richards - "Diziam que eu tinha mau gênio. Como se mais ninguém tivesse. Gênio que acordava com aquela torta cigana. Pensando naqueles tempos, o sistema educacional da Grã-Bretanha, saindo dos escombros da guerra, não tinha muito que fazer. O instrutor de educação física, por exemplo, havia acabado de passar um período treinando unidades de combate no Exército e não entendia por eu não deveria dispensar o mesmo tratamento aos alunos, embora só tivéssemos cinco ou seis anos. Todos os professores eram ex-soldados. Todos tinham combatido na Segunda Guerra Mundial e alguns inclusive haviam acabado de voltar da Coreia. Assim, estávamos crescendo com esse tipo de autoridade que só sabia berrar." *Trecho extraído do livro "Vida", de Keith Richards com James Fox (Tradução: Maria Silvia Mourão, Mário Fernandes e Renato Rezende. Editora: Globo, 2010)
AFP
John Lennon - "Mais tarde o próprio John diria que começara a frequentar a escola [secundária] disposto a se sair bem e ser um motivo de glória para Mimi e tio George. Todas essas boas resoluções se desfizeram à primeira visão de seus novos colegas de classe, se agitando e berrando no pátio de Quarry Bank. 'Eu pensei, Meu Deus, para sobreviver aqui vou ter de abrir caminho a porrada nessa turma, tal como havia feito em Dovedale. Havia uns caras bem durões ali. Na primeira briga em que me meti, perdi. Eu perdia a coragem quando ficava realmente machucado. Se havia um pouco de sangue então, era caso encerrado. Depois disso, se topava com alguém que sabia socar melhor do que eu, eu dizia: Está bem, vamos fazer uma luta livre. (...) Eu era agressivo porque queria ser popular. Queria ser o líder. Parecia mais atraente do que ser apenas um dos babacas. Eu queria que todo mundo fizesse o que eu mandasse, que rissem das minhas piadas e me deixassem ser o chefão'." *Trecho extraído do livro "John Lennon - A Vida", de Philip Norman (Tradução: Roberto Muggiati. Companhia das Letras, 2009)
AP
John Lennon - "'Nunca entendi o que aconteceu', diz Rod Davies. 'Foi sempre óbvio que John era tão brilhante, ou mais brilhante até, do que qualquer um por ali. Mas, desde o início, também ficou óbvio que ele decidira não aderir ao sistema de modo algum'. Um importante fator para isso foi sua extrema miopia, associada à recusa obstinada de usar os óculos que tanto detestava. Em vez de correr o risco de ser apelidado de 'quatrolhos' ou 'chato', ele preferia viver numa semicegueira em que só podia ler o número de um ponto de ônibus se escalasse até a metade do poste. (...) John, no entanto, se contentava em vadiar com Pete Shotton no fundo da sala, deixando frases, datas, equações matemáticas e fórmulas químicas se confundirem todas no mesmo borrão intraduzível." *Trecho extraído do livro "John Lennon - A Vida", de Philip Norman (Tradução: Roberto Muggiati. Companhia das Letras, 2009)
EFE
John Lennon - "O mais curioso era que esse inútil incorrigível era, fora da sala de aula e de sua odiosa obrigatoriedade, um rato de biblioteca cujo gosto pela literatura ultrapassava em muito o currículo de inglês de Quarry Bank e que, deixando por conta própria, passava horas na atitude do mais consciencioso estudante, lendo, escrevendo e desenhando." *Trecho extraído do livro "John Lennon - A Vida", de Philip Norman (Tradução: Roberto Muggiati. Companhia das Letras, 2009)
Diego Padgurschi/Folhapress
Eric Clapton - "O estudo começou para mim aos cinco anos de idade, na Escola Primária da Igreja Anglicana de Ripley, situada em um prédio de pedra ao lado da igreja da aldeia. (...) De início fiquei bastante feliz por ir à escola. A maioria dos garotos que moravam no parque perto de nós começou na mesma época, mas, à medida que os meses passaram, e me dei conta de que aquilo levaria um tempão, comecei a me apavorar. As sensações de insegurança que eu tinha sobre minha vida em casa fizeram-me odiar a escola. Tudo que eu queria era ser anônimo, o que me impedia de participar de qualquer tipo de evento competitivo. Eu detestava qualquer coisa que me destacasse e atraísse atenção indesejada sobre mim." *Trecho extraído do livro "Eric Clapton - A Autobiografia" (Tradução: Lúcia Brito. Editora: Planeta do Brasil, 2007)
Evan Agostini/AP
Eric Clapton - "Também Senti que me mandar para a escola era apenas um jeito de me tirar de casa, e fiquei muito ressentido. Um professor bastante jovem, Mr. Porter, parecia ter um interesse geral em trazer à luz os dons ou habilidades das crianças, e em se relacionar conosco em geral. Sempre que tentava isso comigo, eu ficava extremamente melindrado. Encarava-o com todo o ódio que conseguia, até que enfim ele me deu palmadas pelo que chamou de 'insolência muda'. Hoje não o culpo, qualquer um em posição de autoridade recebia aquele tipo de tratamento de minha parte. O único assunto que eu realmente gostava era arte, embora tenha ganhado um prêmio por tocar 'Greensleeves' na flauta doce, meu primeiro instrumento." *Trecho extraído do livro "Eric Clapton - A Autobiografia" (Tradução: Lúcia Brito. Editora: Planeta do Brasil, 2007)
Jim Cooper/AP
Eric Clapton - "Os eventos em casa tiveram um efeito drástico em minha vida escolar. Naquele tempo, aos 11 anos de idade, tinha que se fazer um exame chamado 'admissão', que decidia para onde você iria a seguir - um liceu para aqueles com melhores resultados ou uma escola secundária para aqueles com notas menores. O exame foi prestado em outra escola, o que significa que fomos amontoados dentro de um ônibus e conduzidos para um local estranho, onde fizemos um exame atrás do outro ao longo de um dia inteiro. Eu fui mal em tudo. Estava tão amedrontado com o ambiente, tão inseguro e apavorado que não consegui responder, e o resultado foi que fracassei miseravelmente. Não dei grande importância porque ir para o liceu Guildford ou Woking significaria ficar separado de meus amigos, nenhum dos quais era culto. Todos eles sobressaíam-se nos esportes e tinham certo grau de desprezo pelos estudos. Quanto a Jack e Rose [avós], se ficaram decepcionados, não demonstraram." *Trecho extraído do livro "Eric Clapton - A Autobiografia" (Tradução: Lúcia Brito. Editora: Planeta do Brasil, 2007)
AP
Bob Dylan - "Bob Dylan, quando criança, achava o tempo que devia ficar na escola muito longo: 'Ele foi matriculado na primeira série da Alice School. Quando o sino do recreio tocava, Bobby achava que já era hora de voltar para casa. Depois de escapulir algumas vezes, ele se deu conta de como era longo o turno escolar'. Dylan, segundo a mãe, 'ficou no quarto silenciosamente tornando-se escritor por 12 anos. Ele lia todos os livros que visse'. O pai contou que o filho nunca conseguia tirar notas boas em história. 'Ele dizia que não havia nada a entender em história'. Também pediu para a mãe que não o matriculasse em física, por que 'não gostava'." *Baseado em informações do livro "No Direction Home - A Vida e a Música de Bob Dylan", de Robert Shelton (Tradução: Gustavo Mesquita. Editora: Lafonte, 2011)
Rogério Assis/Folhapress
Bob Dylan - "Retratado como um aluno tímido, Dylan se formou em 1959 e partiu para a Universidade de Minnesota, que não concluiria. O pai do artista falou sobre essa época: 'Bob não gostou muito do ambiente da universidade. Ele achava os estudantes falsos, jovens mimados com quem não tinha muito em comum'. 'Apesar de Dylan ter se matriculado na faculdade de artes liberais da Universidade de Minnesota em setembro de 1959, em poucos meses ele frequentava de fato a Universidade de Dinkytown. Ele estudou música com aulas avançadas nos cafés, especializou-se em estilos de vida radicais, fez seminários sobre impacto pessoal, preparou para o trabalho de graduação em Woody Guthrie.' Mais para frente, o biógrafo afirma: 'Dylan escapuliu da faculdade e, com as próprias mãos, agarrou firme o universo do show business. Na verdade, usou mais os dedos. Com eles, deu adeus para a educação formal'." *Baseado em informações do livro "No Direction Home - A Vida e a Música de Bob Dylan", de Robert Shelton (Tradução: Gustavo Mesquita. Editora: Lafonte, 2011)
Jenny Lens/Divulgação/Editora Leya
Johnny Ramone - "O que quer que eu fizesse naquele tempo, eu sempre buscava fazer o mínimo possível. Eu era muito difícil. Recusava-me a responder às perguntas do professor e dizia 'não sei' para tudo, de propósito. Mesmo que eu soubesse a resposta, só ficava sentado em um canto no fundo sendo desagradável. Não cooperava. No primeiro dia de aula, entregavam nossos livros, e eu os deixava no meu armário e nunca os levava para casa. Ia para a escola só com uma caneta e um pedação de papel dobrado, e tentava ser provocador. Creio que, na verdade, eu era provocador. Para mim, a escola não interessava. Você vai para a escola, e tenho certeza de que é assim com todo mundo: você é jovem demais e não quer aprender." *Trecho do livro "Commando - A Autobiografia de Johnny Ramone", edição de John Cafiero com Steve Miller e Henry Rollins (Editora Leya, 2012)
Divulgação/Editora Leya
Johnny Ramone - "A princípio, eu iria para a faculdade na Flórida, mas voltei dois dias depois. Cheguei lá para orientação e disse: 'Esqueçam. Isso não é para mim'. Então fiz um semestre na Manhattan Community College, mas também não gostei daquilo. A música sempre foi o grande lance pra mim. Quanto a isso, consegui ser consistente. Não precisei de orientação." *Trecho do livro "Commando - A Autobiografia de Johnny Ramone", edição de John Cafiero com Steve Miller e Henry Rollins (Editora Leya, 2012)
Reprodução
Jimi Hendrix - "Embora Jimi frequentasse escolas multirraciais, e o bairro onde morava abrigava o Yesler Terrace - um dos primeiros projetos de habitação pública plenamente integrados dos Estados Unidos -, Seattle como um todo, a exemplo da maioria das cidades note-americanas durante os anos 1940 e 1950, também tinha seus bolsões de racismo. O jovem Jimi se acostumou a escutar o termo 'negro', e inúmeras vezes ouviu pessoas se referirem a ele como tal. Apesar de ser reconhecido na escola como 'uma criança brilhante e interessada em arte', Jimi tinha notas apenas medianas. Costuma chegar atrasado e quase sempre ia para o colégio somente com uma xícara de leite como café da manhã. Almoçar era algo incerto." *Trecho do livro "Jimi Hendrix - A Dramática História de uma Lenda do Rock", de Sharon Lawrence, tradução de Roberto Franco Valente (Editora Zahar, 2008)
Reprodução
Jimi Hendrix - "Ao lembrar do Jimi Hendrix que conheceu na Garfield High School, Carroll Brown [que foi colega de sala de Hendrix em 1960] escolheu as palavras com cuidado. 'Nós compreendíamos - alguns de nós - que Jimi tinha talento. Não achávamos que ele estivesse destinado à faculdade, mas sabíamos que faria alguma coisa com a música. Vivia o tempo todo com aquela guitarra! Enquanto todo mundo estava na aula, ele ficava do lado de fora, na escadaria, sozinho. Em geral ficava sozinho. Era proibido fumar numa área de dez quarteirões da escola. Fumar era novidade. Todos sabiam quem fumava e quem não. Jimi fumava.'" *Trecho do livro "Jimi Hendrix - A Dramática História de uma Lenda do Rock", de Sharon Lawrence, tradução de Roberto Franco Valente (Editora Zahar, 2008)
AP Photo
Jimi Hendrix - "Al Hendrix [pai de Jimi] jamais teve um bom diálogo com os professores de qualquer das escolas que seu filho frequentou. Assim, quase não houve discussão quando, no outono de 1959, Jimi decidiu abandonar a Garfield High School. Ele se concentrou em duas prioridades: tocar guitarra e ganhar dinheiro." *Trecho do livro "Jimi Hendrix - A Dramática História de uma Lenda do Rock", de Sharon Lawrence, tradução de Roberto Franco Valente (Editora Zahar, 2008)
Marcus Desimoni/UOL
Tony Iommi - "Como eu fazia exercícios e Albert [colega de escola] era um cara grande, nos tornamos os reis da escola. Ninguém mexia com a gente, porque sabiam que nós iríamos partir para cima. Até mesmo os alunos mais velhos nos deixavam em paz. Aquela escola funcionava totalmente na base da violência. Pessoas foram esfaqueadas lá, e até eu carreguei uma faca comigo durante um tempo. Não é que eu gostasse de violência, mas simplesmente era assim que se vivia naquela época. Na escola, se você não acertasse alguém primeiro, acertariam você. Era por isso que eu acabava brigando o tempo todo." *Trecho do livro "Iron Man - Minha Jornada com o Black Sabbath", de Tony Iommi com T.J. Lammers (Editora Planeta, 2013)
Fábio Codevilla/Agência Cigana/Divulgação
Tony Iommi - "Na escola, costumavam separar Albert e eu porque aprontávamos todas. A gente jogava coisas nos colegas, conversava e coisa e tal e, por isso, era expulso de sala com frequência. Você tinha que ficar do lado de fora da sala até as aulas terminarem e, quando nos expulsavam ao mesmo tempo, me colocavam em um lugar e o Albert em outro. Se o diretor aparecesse e o visse, você poderia apanhar. Ou teria de ficar depois das aulas, uma hora a mais, o que parecia uma eternidade. O diretor batia na sua mão ou fazia você se curvar e batia na sua bunda com uma vara ou um chinelo. Um dos professores usava até um compasso enorme. É claro que as crianças colocavam livros por baixo das calças, mas eles conferiam isso primeiro. Chamavam isso de ?melhor de seis?, o que significava seis golpes com a tal vara." *Trecho do livro "Iron Man - Minha Jornada com o Black Sabbath", de Tony Iommi com T.J. Lammers (Editora Planeta, 2013)
Beto Landoni/Divulgação T4F
Tony Iommi - "Eu mal podia esperar para sair da escola. Eu não gostava de lá e acho que a escola não gostava muito de mim também. Todo mundo saía da escola aos 15 anos, a não ser que você continuasse a estudar e depois fosse para a faculdade. Era 15 anos e acabou, você saía. Eu também. Foi um alívio enorme. Comecei a procurar emprego e me empenhei em tocar guitarra ainda mais." *Trecho do livro "Iron Man - Minha Jornada com o Black Sabbath", de Tony Iommi com T.J. Lammers (Editora Planeta, 2013)
Reinaldo Canato/UOL
Anthony Kiedis - "Na terceira série eu já tinha desenvolvido um verdadeiro ressentimento em relação à direção da escola, porque se qualquer coisa dava errado, se qualquer coisa era roubada ou quebrada, se um menino levava uma surra, eles costumavam me tirar da classe. sim, provavelmente eu era responsável por 90 por cento das desordens, mas não demorou para eu me tornar um mentiroso e um trapaceiro eficiente ara escapar da maior parte das confusões. Então fiquei amargo e comecei a ter idéias absurdas. Certa vez eu e meu melhor amigo, Joe Walters, saímos de casa tarde da noite e atiramos balanços do playground nas janelas da escola. Quando as autoridade chegaram, fugimos como raposas pelo riacho Plaster e nunca nos apanharam. (Muitos anos depois enviei à escola Brookside uma ordem de pagamento anônima, pelos prejuízos.)" *Trecho do livro "Scar Tissue - A Vida Alucinada do Vocalista dos Red Hot Chili Peppers", de Anthony Kiedis com Larry Sloman (Editora Ediouro, 2005)
Dani Pozo/AFP Photo
Anthony Kiedis - "Meu problema com as figuras autoritárias piorou com a idade. Eu não suportava os diretores, e eles não me suportavam. Gostei dos professores até a quinta série. Todos era mulheres educadas e gentis, e acho que reconheciam meu interesse pelo aprendizado e minha capacidade de ir além do mero dever escolar naquela época. Mas na quinta série me voltei contra todos os professores, mesmo os que eram ótimos. Nesse momento não havia uma figura masculina m minha vida para conter meu comportamento anti-social. Aliás, nunca houve. (...) Na quinta série também inventei um plano para me vingar dos diretores e administradores da escola de que eu não gostava, especialmente depois que me suspenderam por ter furado a orelha. Numa aula de moral e cívica o professor perguntou: 'Quem quer se candidatar a presidente?' Levantei a mão e disse: 'Eu, eu quero!' Então outro menino levantou a mão. Eu lhe dirigi um olhar de intimidação, mas ele insistiu, então tivemos uma conversinha sobre isso depois da aula. Eu disse que seria o próximo presidente da classe e que, se ele não desistisse imediatamente, poderia se machucar. Então tornei-me o presidente. O diretor ficou completa,ente decepcionado. Agora eu era o encarregado das assembleias, e sempre que tínhamos convidados especiais visitando a escola era eu quem os conduzia." *Trecho do livro "Scar Tissue - A Vida Alucinada do Vocalista dos Red Hot Chili Peppers", de Anthony Kiedis com Larry Sloman (Editora Ediouro, 2005)
Marcus Desimoni/UOL
Anthony Kiedis - "Às vezes eu governava por intimidação, e com frequência entrava em brigas, mas também tinha um lado gentil. Brookside era uma escola experimental, com um programa especial que integrava crianças cegas, surdas e levemente retardadas nas classes regulares. Apesar de eu ser um prepotente, todas essas crianças se tornaram minha amigas. E como as crianças podem ser malignas e atormentar todo mundo que seja diferente de alguma forma, esses alunos levavam surras em todos os recreios e na hora do almoço, portanto eu me tornei seu protetor. Se algum dos idiotas as provocava, eu ia atrás do ofensas com um pedaço de pau e o espancava. Definitivamente tinha meu próprio código moral." *Trecho do livro "Scar Tissue - A Vida Alucinada do Vocalista dos Red Hot Chili Peppers", de Anthony Kiedis com Larry Sloman (Editora Ediouro, 2005)
Reuters
Pete Townshend - "Em 1950, quando completei cinco anos, não fui para a escola pública local com meus amigos. Mamãe, ainda achando que eu ficava uma gracinha de uniforme, mandou-me para a escola particular Beacon House, a mais de um quilômetro de casa. Eu não conhecia nenhuma das crianças, não me lembro de ninguém que conheci lá e odiei praticamente todos os minutos que passei ali." *Trecho do livro "Pete Townshend - A Autobiografia", de Pete Townshend (Editora Globo, 2013). Na foto, os integrantes da banda The Who, nos anos 1960: (da esquerda para a direita) Pete Townshend, Keith Moon, Roger Daltrey e John Entwistle
Divulgação
Pete Townshend - "A escola ocupava um casarão, e as reuniões eram realizadas em um pequeno cômodo dos fundos, onde entrávamos toda manhã marchando e cantando 'Onward Christian soldiers' [Avante, soldados cristãos], como um bando de comunistas chineses submetidos a lavagem cerebral. Após um almoço impossível de comer, devíamos tirar uma soneca de quinze minutos em nossas carteiras. Se movêssemos um músculo, éramos repreendidos; movimentos adicionais podiam resultar em reguadas ou coisa pior. Fui expulso várias vezes e tomei umas chineladas da professora." *Trecho do livro "Pete Townshend - A Autobiografia", de Pete Townshend (Editora Globo, 2013)
Ethan Miller REUTERS
Pete Townshend - "Certa ocasião fiquei tão machucado e humilhado que reclamei com meus pais. Eles falaram com a diretora da escola, que reagiu me oferecendo um tratamento especialmente cruel. Agora nem sequer me era permitido ir ao banheiro durante o dia, e algumas vezes desamparadamente me sujei no longo caminho de volta para casa. Com medo de uma retaliação ainda pior da escola, não disse nada para meus pais. Fui para a casa de Jimpy [amigo da época] e recebi a solidariedade - e cuecas novas - que não conseguia em casa." *Trecho do livro "Pete Townshend - A Autobiografia", de Pete Townshend (Editora Globo, 2013)
Getty Images
Kurt Cobain - "Kurt continuou a ir à escola em Monte [Montesano] até o segundo mês do segundo colegial, mas depois se transferiu para o Colégio Weatherwax de Aberdeen. Era a mesma escola na qual sua mãe e seu pai haviam se formado, mas, apesar das raízes familiares e da proximidade da casa de sua mãe – que ficava a dez quadras de distância -, ele era um estranho ali. Construído em 1906, o Weatherwax se estendia por três quadras da cidade, com cinco edifícios independentes. A sala de Kurt tinha trezentos alunos – três vezes maior que a de Monte. Em Aberdeen, Kurt se viu em uma escola com quatro facções – chapadões, atletas, vestibulandos e bitolados – e a princípio não se encaixou em nenhuma delas. ‘Aberdeen era cheia de panelinhas’, observa Rick Gates, outro menino de Monte que se transferiu para Weatherwax. ‘Nenhum de nós realmente conhecia ninguém. Embora Aberdeen fosse Hicksville comparada a Seattle, mesmo assim ainda era um degrau importante acima de Monte. Nunca conseguiríamos descobrir onde nos encaixar.’ Mudar de escola como segundanista teria sido difícil para a maioria dos adolescentes bem adaptados; para Kurt era uma tortura." *Trecho do livro "Mais Pesado que o Céu - Uma Biografia de Kurt Cobain", de Charles R. Cross (Editora Globo, 2002)
Robert Sorbo/AP
Kurt Cobain - "Embora fosse popular em Monte - um vestibulando com suas camisas Izod, um atleta por seu envolvimento com esportes -, em Aberdeen ele era um forasteiro. Mantinha seus amigos em Monte, mas, apesar do fato de vê-los praticamente todo fim de semana, seus sentimento de solidão aumentou. Suas habilidades atléticas não eram suficientes para lhe granjear notoriedade em uma escola grande e, por isso, ele abandonou os esportes. (...) Mais tarde, Kurt contaria casos recorrentes de surras tomadas em Aberdeen e do abuso constante que ele sofria nas mãos dos caipiras reacionários do colegial. No entanto, seus colegas de classe em Weatherwax não se lembram de nenhum incidente desse tipo – ele exagerava o isolamento emocional que sentia contando casos fantasiosos de violência física." *Trecho do livro "Mais Pesado que o Céu - Uma Biografia de Kurt Cobain", de Charles R. Cross (Editora Globo, 2002)
Pisco Del Gaiso/Folhapress
Kurt Cobain - "Nesse primeiro ano em Weatherwax, Kurt assistiu a aulas de arte comercial e arte básica, no quinto e sexto períodos. Essas duas aulas de cinquenta minutos – logo depois do almoço – eram o único momento do dia em que certamente ele estaria na escola." *Trecho do livro "Mais Pesado que o Céu - Uma Biografia de Kurt Cobain", de Charles R. Cross (Editora Globo, 2002)