Atualidades: confira prós e contras das UPPs

TâniaRêgo/AgBr
Redução de homicídios: o impacto provocado pela presença das UPPs em 34 favelas reduziu o número de mortes nesses locais. Segundo dados do ISP (Instituto de Segurança Pública), até 2013 foram 23 homicídios em favelas pacificadas, contra 72 registrados no ano interior à implantação. Na foto, policiamento na Favela do Mandela, na zona norte do Rio Mais
Fernando-Frazão/AgBr
Presença do Estado: "As UPPs foram instalados em algumas comunidades que durante décadas não receberam serviços públicos e infraestrutura urbana de qualidade. O principal aspecto positivo é garantir a presença de agentes do Estado nas comunidades e diminuir a presença armada ostensiva de grupos criminosos", diz Alexandre Ciconello, assessor de direitos humanos da Anistia Internacional Brasil e especialista em segurança pública. Em um relatório de 2013, o Banco Mundial apontou liberdade e tranquilidade como destaques da pacificação. Num território que antes era controlado exclusivamente pelo crime, hoje há um pouco mais de espaço para projetos sociais e culturais promovidos por ONGs, bem como o desenvolvimento do comércio local. Na foto, PM na favela da Rocinha, zona sul Mais
TâniaRêgo/AgBr
Facilidade para denúncias de crimes: O Relatório Global sobre Homicídios 2013, divulgado pela ONU de abril de 2014, destacou que o número de homicídios e roubos caiu nas comunidades pacificadas, mas verificou-se que, no mesmo período, os registros de abusos sexuais aumentaram em quase 200% após a instalação das UPPs. De acordo com o estudo, este crescimento aconteceu porque os moradores perderam o medo de denunciar. O relatório atribui isto "ao fato de a população confiar mais na polícia ou devido à facilidade de se registrar o crime". Na foto, PMs e moradores nas ruas do Complexo da Maré, zona norte do Rio de Janeiro Mais
Tomaz Silva/AgBrasil
Implantada em 2008, na favela Santa Marta (foto), no Rio de Janeiro, com o objetivo de reduzir a violência em comunidades onde os índices de criminalidade eram altos, a UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) ainda divide opiniões sobre sua eficácia como política de segurança pública. Ao longo desses seis anos de implementação, especialistas e órgãos vem avaliando a atuação das unidades. Veja o que são considerados pontos positivos e os desafios que ainda precisam ser contornados Mais
Fernando Frazão/Ag Brasil
Criação de um estado de exceção: "O Estado de direito é um estado de governo onde todos os direitos dos cidadãos são regidos pela Constituição do país, isso em lugares democráticos. Quando nenhum desses direitos fazem parte da vida de uma comunidade, temos um estado de exceção", comenta a socióloga Maria Helena Alves ao UOL. O estado de exceção pode surgir devido a fatores naturais, guerra civil, mas no caso das UPP, não é o que acontece na opinião da especialista. "Nessas áreas, as pessoas não têm o direito de ir e vir, não têm o direito de impedir a entrada de policiais em sua casa, são presos sem mandado. Para essas pessoas não existe Constituição". Na foto, patrulha da PM no Complexo da Maré, zona norte do Rio Mais
Tânia Rêgo/AgBrasil
Contribuição para a especulação imobiliária: A escolha das favelas a serem ocupadas priorizou os bairros da zona sul, o que para a cientista política Maria Helena não atende ao objetivo, que deveria ser o de pacificar as comunidades mais violentas e mais necessitadas. Tal fator contribuiu para a especulação imobiliária. "O valor dos imóveis das regiões próximas às comunidades pacificadas aumentou, assim como aumentou também o valor dos imóveis nas próprias favelas. Não são preços para quem recebe um salário mínimo. Assim as pessoas das favelas tem que se mudar para lugares cada vez mais distantes", diz Maria Helena. Na foto, viatura da UPP na favela da Rocinha, na zona sul Mais
Tânia Rêgo/Ag Brasil
Falta de diálogo entre a polícia e a comunidade: Para o coordenador de centro de análise da violência no Rio, sociólogo Ignacio Cano, uma das áreas mais deficitárias é a relação entre a comunidade e os policiais. "Tudo continua dependendo da vontade e da inclinação do comandante local. Não houve um esforço de institucionalizar essa relação. E essa determinação de tentar evoluir no sentido de uma polícia mais comunitária é essencial para mudar o quadro de segurança. A UPP ficou no estágio inicial: ocupou territórios, foram colocados policiais lá, mas não se avançou suficientemente na mudança das relações e no diálogo entre a polícia e a comunidade", declarou Cano ao Deutsche Welle (DW). Na foto, a PM na Vila Kennedy, ocupada em 2014, na zona oeste do Rio Mais
Tânia Rêgo/AgBr
Aumento no número de desaparecidos: Segundo dados do ISP (Instituto de Segurança Pública) entre 2008 e 2011, foram 133 desaparecimentos nas primeiras 18 comunidades pacificadas contra 85 no ano anterior às UPPs. O caso mais recente foi o do pedreiro Amarildo de Souza, desaparecido na Rocinha em julho de 2013. Vinte e cinco policiais foram denunciados pelo crime, e 13 deles estão presos Mais
TâniaRêgo/AgBr
Proteger os moradores ainda não é o principal: "As UPPs não conseguiram alterar o modus operandi da polícia fluminense, que ainda não vê a proteção da população que mora nas favelas como seu objetivo primordial. Há inúmeros relatos de abusos de autoridade, abordagens violentas, além de tortura e assassinatos", diz Alexandre Ciconello, assessor de direitos humanos da Anistia Internacional Brasil. Para ele, a militarização, aliada a existência de duas polícias e a falta de mecanismos independentes de controle da atividade policial resultam em uma polícia repressiva e ineficiente. "Entre 2002 e 2011, somente no Rio Janeiro foram cometidos 10.000 homicídios decorrentes de intervenção policial, os chamados autos de resistência. Pouquíssimos foram devidamente investigados". Na foto, a PM na Vila Kennedy Mais
Tomaz Silva/AgBrasil
Implantada em 2008, na favela Santa Marta (foto), no Rio de Janeiro, com o objetivo de reduzir a violência em comunidades onde os índices de criminalidade eram altos, a UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) ainda divide opiniões sobre sua eficácia como política de segurança pública. Ao longo desses seis anos de implementação, especialistas e órgãos vem avaliando a atuação das unidades. Veja o que são considerados pontos positivos e os desafios que ainda precisam ser contornados Mais