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José Dirceu Ex-líder estudantil, ex-ministro, político e advogado brasileiro

16/03/1946, Passa Quatro, Minas Gerais

Antônio do Amaral Rocha*<br>Especial para a Página 3 Comunicação & Pedagogia

05/08/2008 21h27

José Dirceu de Oliveira e Silva nasceu em Passa Quatro (MG) e lá estudou em colégio de padres franceses. Sua formação se deu através de leituras de jornais, da coleção "Tesouros da Juventude" e de livros em francês, língua que entendia desde os 14 anos de idade.

Em 1961, aos 15 anos, mudou-se para São Paulo, para estudar e trabalhar. Seu primeiro emprego foi de office-boy em um escritório imobiliário que ficava no centro de São Paulo, na Praça da República.

Fez o curso Científico no Colégio Paulistano e, em 1965, entrou para o curso de Direito na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Nessa época começou a começou a se destacar como líder estudantil. Foi vice-presidente do Diretório Central dos Estudantes e presidente do Centro Acadêmico 22 de Agosto da PUC-SP, entre 1965-66. Participou da formação da "Dissidências", em São Paulo ("DI-SP"), organização que tinha afinidades com o grupo de Carlos Marighella, que mais tarde viria formar a Aliança Libertadora Nacional.

Nas eleições para a presidência da União Estadual dos Estudantes (UEE-SP), em 1967, disputaram José Dirceu, de codnome Daniel, pela Dissidência e Catarina Melloni pela Ação Popular. Após alguns desentendimentos sobre os resultados José Dirceu assumiu a presidência de fato.

O mês do confronto - para muitos denominado "Guerra da Maria Antônia", de um lado estudantes da Filosofia de esquerda, e de outro mackenzistas de direita - teve seu pico entre 2 e 3 de outubro de 1968, com José Dirceu na presidência da União Estadual dos Estudantes.

Durante esse confronto preparava-se o 30o Congresso da UNE que se realizou, num sábado, dia 12 de outubro de 1968, num sítio, na cidade de Ibiúna em São Paulo. O local foi tomado pela polícia. 1263 pessoas, entre elas, José Dirceu, Franklin Martins (jornalista e ministro da Comunicação Social do governo Lula) e todas as lideranças estudantis do Brasil foram presas.

Com a edição do Ato Institucional nº 5, (AI-5), em dezembro de 1968, muitos continuaram presos apesar de já terem conseguido o benefício do habeas-corpus no Supremo Tribunal Federal.

Em setembro de 1969, após um ano na prisão, José Dirceu e mais 14 prisioneiros políticos foram banidos e perderam a cidadania brasileira, em troca do resgate do embaixador americano no Brasil, Charles Burke Ellbrick, seqüestrado numa ação conjunta da Aliança Libertadora Nacional e MR-8, Movimento Revolucionário 8 de Outubro.

José Dirceu, após alguns meses, exilou-se em Cuba. Lá, até 1971, estudou e fez treinamento em guerrilha. Voltou ao Brasil clandestinamente, em 1971, vivendo em São Paulo e em algumas cidades do Nordeste, e novamente voltou a Cuba, ficando lá até 1975, quando retornou ao Brasil estabelecendo-se clandestinamente em Cruzeiro do Oeste, no interior do Paraná. José Dirceu submeteu-se a uma cirurgia plástica que alterou a sua fisionomia e mudou de nome. Era chamado de Carlos Henrique Gouveia de Mello. Nessa cidade casou-se com Clara Becker, omitindo sua verdadeira identidade. Em 1979, com a anistia, retornou a Cuba, desfez a cirurgia plástica e, em dezembro de 1979, voltou definitivamente, estabelecendo-se em São Paulo, onde começou a participar das atividades políticas que resultariam na fundação do Partido dos Trabalhadores, em 1980.

Separado de sua primeira esposa, casou-se com a psicóloga Ângela Saragosa, assumindo, a partir daí, sua verdadeira identidade. Esse segundo casamento terminou em 1990, e casou-se novamente, em 1991, com Maria Rita Garcia Andrade. Tem três filhos dos casamentos anteriores: José Carlos, Joana e Camila.

Voltou a estudar na Pontifícia Universidade Católica e concluiu o curso de Direito em 1983, interrompido em 1968. Também fez pós-graduação em Economia na mesma universidade.
 

Trajetória política

Após a fundação do Partido dos Trabalhadores, José Dirceu passou a ser um militante do partido em tempo integral e na primeira candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva, a um cargo público, ao governo de São Paulo, em 1982, assumiu a secretaria de formação política do Partido dos Trabalhadores.

Ocupou cargos de relevância na estrutura partidária, como secretário-geral do Diretório Nacional do partido, e presidente por quatro vezes, de 1997 a 2001.

Em 1986, foi eleito deputado estadual, e em 1990, deputado federal por São São Paulo.

Em 1994, candidatou-se ao governo de São Paulo, ficando em terceiro lugar com 14,86% dos votos válidos e, em 1998 e 2002, foi eleito mais uma vez deputado federal por São Paulo.
 

Finalmente ministro

Com a vitória do Partido dos Trabalhadores, foi nomeado, em 2003, Ministro de Estado Chefe da Casa Civil da Presidência da República, licenciando-se do cargo de deputado federal. Esse cargo deu a José Dirceu o principal posto da coordenação política do governo, sendo tratado freqüentemente pela imprensa como o verdadeiro homem forte da administração federal, a quem caberiam as decisões, como um super-ministro e "primeiro ministro", fortalecendo seu nome para uma possível candidatura à presidência da República para suceder ao segundo mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, reeleito em 2006.

Entre 2004 e 2005, denúncias da existência de um suposto esquema de uso da máquina pública que desviava dinheiro para pagar os deputados fiéis ao governo, comandado por José Dirceu, envolvendo outros nomes de relevância no partido, levou-o à renúncia do cargo de Ministro, assumindo novamente a vaga de deputado, em junho de 2005. Foi proposta a sua cassação e se defendeu na CPI criada para investigar essas denúncias, mas não conseguiu convencer os seus pares quanto a sua inocência.

Finalmente, no dia 1º de dezembro de 2005, José Dirceu teve seu mandato de deputado federal cassado, por quebra de decoro parlamentar, tornando-se inelegível até 2015.

A partir dessa data passa a exercer a advocacia em São Paulo e se defende através de seus advogados e opiniões diárias em seu blog.