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José Leite Lopes Físico brasileiro

28/10/1918, Recife (PE)<p>12/06/ 2006, Rio de Janeiro (RJ)

Da Página 3 Pedagogia & Comunicação

14/06/2006 07h33

José Leite Lopes foi fundamental para criação e consolidação da física teórica no Brasil.

Participou de articulações para criar o Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) e outras instituições importantes, como a Comissão Nacional de Energia Nuclear, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Como pesquisador, destacou-se na área de física de partículas e trabalhou no problema da integração de forças fundamentais da natureza. Por muito pouco ele não chegou à teoria unificada das interações eletromagnéticas e fracas, que deu o prêmio Nobel a Steven Weinberg. Seu principal trabalho na área foi a previsão teórica de um novo tipo de partícula fundamental, o bóson vetorial.

Filho de José Ferreira Lopes e de Beatriz Coelho Leite, José perdeu a mãe três dias depois de nascer e junto com os dois irmãos, foi criado pela avó Claudina, a Dona Santa.

Em 1935 Leite Lopes ingressou no curso de Química Industrial da Escola de Engenharia de Pernambuco. Em 1937 apresentou no 3o Congresso Sul-Americano de Química, no Rio de Janeiro, um trabalho sobre o mecanismo molecular das reações químicas.

No ano de 1940 iniciou o curso de Física da Faculdade Nacional de Filosofia, no Rio de Janeiro. Dois anos depois, foi convidado por Carlos Chagas Filho, com uma bolsa concedida por Guilherme Guinle, a trabalhar no Instituto de Biofísica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). No ano seguinte, com uma bolsa da Fundação Zerrener, Leite Lopes foi para a Universidade de São Paulo (USP), onde aprofundou suas pesquisas.

Em 1944, graças a uma bolsa do governo americano, Leite Lopes iniciou o doutorado na universidade de Princeton (EUA). Trabalhou com Joseph M. Jauch, e iniciou o trabalho de tese sob orientação de Wolfgang Pauli, premio Nobel de Física em 1945 e um dos fundadores da Mecânica Quântica. Na universidade, assistiu cursos ministrados por Einstein, Pauli e Reichenbach, entre outros. Em 1946 recebeu o título Ph.D.

Retornou ao Rio de Janeiro e assumiu a cátedra interina de Física na Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil (FNFi). Nos anos de 1946 e 1947, trabalhou nas eliminações de contradições da eletrodinâmica, tendo em vista uma teoria desenvolvida por Mario Schonberg.

Leite Lopes manteve a correspondência com Cesar Lattes, que estava trabalhando em Berkeley, na Califórnia. Em 1947 Lattes, Occhialini e Powel anunciaram a descoberta do méson pi, utilizando radiação cósmica incidindo em emulsão nuclear.

Aproveitando a notoriedade, Lattes, Leite Lopes e outros pesquisadores resolveram criar um centro de pesquisa. Assim foi criado, em 1949, o CBPF. Nos anos 1949 e 1950, a convite de Robert Oppenheimer e com uma bolsa da Fundação Guggenheim, Leite Lopes foi trabalhar no Instituto de Estudos Avançados de Princeton (EUA).

No ano de 1951, viu o Congresso brasileiro aprovar a mensagem do presidente Dutra, propondo a criação do Conselho Nacional de Pesquisas, hoje Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, o CNPq, de cuja Seção de Física foi diretor de 1955 a 1961 e, deste ano, até 1964, Membro do Conselho Deliberativo.Durante este período se dedicou à organização do CBPF, como seu Diretor Científico e escreveu livros sobre Física Atômica, Equações Relativísticas e Eletrodinâmica.

Leite Lopes foi membro de diversas academias de ciências e recebeu vários convites para trabalhar no exterior. Aceitou, a partir de 1970, o convite da Universidade de Strasbourg, onde permaneceu até 1985 quando foi convidado para dirigir a instituição que havia sido fundada por ele em 1949, o Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, cargo no qual permaneceu até o ano de 1989.

Além de trabalhos originais de pesquisa científica e de filosofia da física, publicou vários livros adotados internacionalmente.