Mahmoud Abbas Presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina)
26/03/1935, Safed, norte de Israel (na época, Palestina)
Com a saída de cena de Iasser Arafat (líder histórico palestino, morto em novembro de 2004), um intelectual com doutorado em Moscou assumiu a presidência da ANP (Autoridade Nacional Palestina), entidade que defende a criação de um Estado independente de Israel. Mahmoud Abbas, também conhecido como Abu Mazen, venceu a eleição para a presidência da ANP com 62,32% dos votos, contra 19,8% do seu principal opositor, o candidato independente Mustafah Barghouti.
Um dos poucos sobreviventes do grupo que fundou a "Al Fatah" (A Força), a principal facção dentro da OLP (Organização para a Libertação da Palestina), Abbas sempre foi um parceiro fiel de Arafat nos exílios da Jordânia, Líbia e Tunísia. Formado em direito no Egito, fugiu como refugiado para a Síria durante a primeira guerra árabe-israelense, em 1948. Na época, tinha apenas 13 anos e foi obrigado a viajar com a sua família durante a criação de Israel.
Sem o mesmo carisma de Iasser Arafat, o presidente da Autoridade Nacional Palestina foi muito criticado por algumas associações de classe e entidades de Israel quando publicou o livro "O outro lado: relação secreta entre o nazismo e o sionismo", tese de seu doutorado.
Seus opositores alegam que a obra é uma negação do holocausto, não traz o número de judeus mortos e ainda acusa israelenses de colaboração com o nazismo. Antes da posse, ao ser questionado sobre as denúncias, Mahmoud Abbas disse que não escreveu o livro para discutir números e classificou o holocausto como um crime imperdoável contra os judeus e contra a humanidade.
Apesar de sempre se manter em segundo plano, o presidente da ANP soube construir uma rede de contatos entre as principais lideranças árabes. Isso permitiu que Abbas chegar à chefia do Departamento de Relações Nacionais e Internacionais da organização, fundada em maio de 1964, em Jerusalém.
Abbas também foi o primeiro político a ocupar o cargo de primeiro-ministro da ANP, em maio de 2003, mas a sua gestão durou pouco tempo. Quatro meses depois, renunciou ao cargo, por divergir de Iasser Arafat, que não aceitou ceder o controle dos serviços de segurança, que Mahmoud Abbas considera fundamentais para a manutenção da estabilidade política palestina.
Contra a Intifada
Após a morte de Arafat, ganhou uma promoção e foi nomeado presidente-executivo da OLP. Conciliador, Mahmoud Abbas sempre defendeu o fim dos ataques contra os israelenses. Em seu discurso de posse como presidente da ANP, dedicou a vitória a Iasser Arafat e disse que sua principal meta é lutar para pôr um ponto final no sofrimento dos palestinos.
Mahmoud Abbas começou a ganhar notoriedade internacional ao se opor à Segunda Intifada (revolta palestina que começou em setembro de 2000, contra a ocupação por parte de Israel) e por ser um dos principais articuladores do Acordo de Oslo, assinado em 93, sobre a autonomia palestina.
Ao se eleger presidente da ANP, Abbas contou com o apoio dos Estados Unidos e com a confiança, embora moderadamente, do governo de Israel, que o enxerga como um político capaz de aglutinar os grupos mais radicais e levar a paz para uma região que está sempre em conflitos.