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Rogério Duprat Maestro brasileiro

07/02/1932, Rio de Janeiro (RJ)

26/10/2006, São Paulo (SP)

Da Página 3 Pedagogia & Comunicação

31/10/2006 07h57

Rogério Duprat nasceu para a música: ainda criança, aprendeu a tocar cavaquinho, gaita e violão. Em 1955, aos 23 anos, mudou-se para São Paulo, onde se tornou compositor e regente. Integrou a Orquestra Sinfônica Municipal e a de Câmara de São Paulo, da qual, em 1956, foi membro fundador e diretor.

Lecionou na Universidade de Brasília, mas a deixou, juntamente com vários colegas, devido à intervenção do governo militar, instaurado com o golpe de 1964. Deixou o país. Na França, estudou com o compositor Pierre Boulez, e na Alemanha, com Karlheinz Stockhausen, ao lado do músico norte-americano Frank Zappa.

No Brasil, ainda nos anos 1960, dedicou-se à criação de peças experimentais ao lado do também maestro Damiano Cozzella, usando um computador da Escola Politécnica da USP para compor. Participou ativamente do movimento Tropicalista, rompendo as barreiras entre a música erudita e a música popular.

"Era um grande compositor, que começou na carreira erudita, mas teve atuação decisiva na música popular, pela interpretação mais ampla que deu a ela, trazendo mais componentes e uma visão crítica e bem-humorada da realidade", declarou a esse respeito o maestro Júlio Medaglia, para a "Folha de S. Paulo".

Duprat arranjou canções de Gilberto Gil, Caetano Veloso, os Mutantes, Gal Costa, Nara Leão e Alceu Valença, entre outros. Destacaram-se os arranjos de "Construção" e "Deus lhe pague" de Chico Buarque e "Domingo no Parque", apresentado no Festival de MPB da TV Record, em 1967.

Passando a compor trilhas de cinema, o maestro veio a ser premiado várias vezes, especialmente por suas músicas para filmes "A Ilha" e "Noite Vazia", de Walter Hugo Khouri. Nos anos 70, Duprat trabalhou com o então iniciante Walter Franco e o grupo o Terço, além de produzir jingles publicitários.

Com a progressiva perda da audição, ao longo dos últimos 30 anos, Duprat foi se afastando do meio musical e se manteve recluso em seu sítio em Itapecerica. Morreu aos 74 anos devido a um câncer na bexiga e ao mal de Alzheimer.