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Motivação paraolímpica

Lucila Cano

31/08/2012 06h00

Desde os primeiros meses deste ano, jovens de todos os Estados brasileiros passam por sucessivas etapas classificatórias para, entre os dias 15 e 20 de outubro próximo, participar das Paraolimpíadas Escolares 2012 em São Paulo (SP).

O evento é uma realização do Comitê Paraolímpico Brasileiro e do Ministério do Esporte, com o apoio do Governo do Estado de São Paulo.

Antes disso, essas jovens promessas paraolímpicas têm um excelente motivo para fazer crescer ainda mais o entusiasmo pela competição. De 29 de agosto a 9 de setembro, os 182 representantes da delegação paraolímpica nacional devem fazer bonito em Londres.

O desempenho dos brasileiros surpreende e encoraja os aspirantes a campeões. Na 14ª. edição das Paraolimpíadas, as marcas devem ultrapassar os bons resultados obtidos em jogos anteriores.

Em Atenas, em 2004, nossos atletas conquistaram 33 medalhas: 14 de ouro, 12 de prata e 7de bronze. Em Pequim, em 2008, o Brasil ficou em nono lugar, com 47 medalhas: 16 de ouro, 14 de prata e 17 de bronze. Nada mal para uma competição que reúne mais de 150 países e perto de 5.000 esportistas.

Novas gerações

Os jovens participantes das Paraolimpíadas Escolares 2012, com idades entre 12 anos e 20 anos e portadores de deficiência física, visual ou intelectual, mostrarão suas habilidades em 10 modalidades esportivas: atletismo, natação, futebol de cinco, futebol de sete, goalball, tênis de mesa, bocha, judô, tênis em cadeira de rodas e voleibol sentado.

Eles são alunos matriculados em escolas do Ensino Fundamental, Médio ou Especial da Rede Pública ou Particular de todo o país. Por meio do esporte podem sonhar com muitas vitórias, no presente e no futuro. Podem, além de músculos, fortalecer valores imprescindíveis para o exercício da cidadania, como o respeito, a fraternidade, a solidariedade, o entendimento da diversidade, a cultura da paz.

Assim como as Paraolimpíadas de Londres, a competição entre estudantes é um exemplo de integração e inclusão social e esportiva. A iniciativa tem dois grandes méritos. É uma oportunidade para o desenvolvimento e a revelação de destaques esportivos paraolímpicos. Difunde o conhecimento do esporte paraolímpico e amplia o acesso à prática inclusiva nas escolas do país.

Qualificação

Segundo números do Censo 2010 divulgados ao final de junho deste ano, o Brasil possui 45,6 milhões de pessoas que declararam ter algum tipo de deficiência, o que corresponde a 23,9% da população total.

Em percentuais de incidência, a deficiência visual é a mais elevada e atinge 18,8% da população. As demais deficiências apuradas pelo Censo foram a motora, com 7%, a auditiva, com 5,1%, e a mental ou intelectual, com 1,4%.

Em termos de alfabetização, a taxa é de 81,7% entre as pessoas deficientes de 15 anos ou mais contra 90,6% da população total do país na mesma faixa etária. A Região Nordeste tem a menor taxa de alfabetização (69,7%) entre os deficientes.

Diante deste cenário, a participação de nossos atletas paraolímpicos nos jogos de Londres tem grande importância. O Comitê Paraolímpico Brasileiro investiu R$ 19,5 milhões entre 2011 e 2012 para preparar o grupo que disputará 18 das 20 modalidades de jogos. Esta também foi a primeira vez no seu histórico de competição em que os brasileiros puderam viajar com antecedência para um trabalho prévio de adaptação na Inglaterra, país-sede da atual edição.

A delegação brasileira tem a meta de ficar entre os sete primeiros colocados das Paraolimpíadas deste ano. Qualquer que seja a classificação, os atletas colherão o aplauso e o agradecimento daqueles que os seguem como exemplo de vida.

Embora nossa sociedade avance na defesa e no reconhecimento dos direitos dos deficientes, os jovens deficientes enfrentam dificuldades diárias para quase tudo. Mas, assim como os seus ídolos, eles sabem que há um mundo de oportunidades e de conquistas possíveis para todos.

* Homenagem a Engel Paschoal (7/11/1945 a 31/3/2010), jornalista e escritor, criador desta coluna.