Lógica - Indução - Casos particulares se tornam lei geral
A indução é o raciocínio que, após considerar um número suficiente de casos particulares, conclui uma verdade geral. A indução, ao contrário da dedução, parte da experiência sensível, dos dados particulares. Por exemplo:
- O cobre é condutor de eletricidade,
assim como a prata, o ouro, o ferro, o zinco e outros metais,
Logo, todo metal é condutor de eletricidade.
É importante que a enumeração de dados (que correspondem às experiências feitas) seja suficiente para permitir a passagem do particular para o geral. Entretanto, a indução também pressupõe a probabilidade, isto é, já que tantos se comportam de tal forma, é muito provável que todos se comportem assim.
Em função desse "salto", há maior possibilidade de erro nos raciocínios indutivos, uma vez que basta encontrarmos uma exceção para invalidar a regra geral. Por outro lado, é esse mesmo "salto" em direção ao provável que torna possível a descoberta, a proposta de novos modos de compreender o mundo. Por isso, a indução é o tipo de raciocínio mais usado em ciências experimentais. Veja essa questão colocada a partir de considerações matemáticas em Dedução e indução e Princípio de indução finita.
O argumento de autoridade Outro tipo de raciocínio indutivo muito utilizado é aquele que se desenvolve a partir do argumento de autoridade. Um modo válido de apresentar uma evidência é utilizar o testemunho de uma pessoa, instituição ou obra para sustentar nossa conclusão. Nesse caso, a indução se justifica da seguinte forma: a pessoa citada já emitiu vários juízos válidos a respeito do tema em pauta. Por isso, podemos concluir que todos os seus juízos sobre o assunto são igualmente válidos.
A autoridade invocada precisa ser idônea, isto é, estar informada sobre o assunto considerado, e seu pronunciamento deve estar baseado em evidências objetivas que possam ser comprovadas por outras pessoas competentes. Somente nesse caso, a autoridade é digna de confiança e seu testemunho é evidência para a conclusão. Assim, o argumento será indutivamente correto.
Há, entretanto, muitos empregos incorretos desse tipo de argumento, dando lugar a falácias lógicas (contra a lógica formal) ou a falácias de falsa premissa (contra a lógica material).
Pode-se citar erroneamente uma autoridade ou interpretá-la incorretamente. Por exemplo, quando a afirmação é retirada de seu contexto original e aplicada em outro. Ou quando a "autoridade" citada é popular, mas não tem competência para opinar sobre o assunto. Neste caso, o apelo utilizado é meramente emocional, uma vez que nenhuma evidência lógica é oferecida.
Quando usamos livros, autores, enciclopédias ou especialistas para fundamentar nosso raciocínio, estamos invocando sua autoridade no assunto. Por isso, é tão importante citar nossas fontes em trabalhos escolares ou científicos: dar o nome completo do autor e citar o livro onde o lemos, para que o leitor possa conferir se a ideia citada não sofreu deturpação de nossa parte.
Propaganda & marketing Transfere-se o prestígio da "autoridade" para a conclusão. Trata-se de um tipo de argumento incorreto frequentemente usado em propaganda. O fato de um famoso pagodeiro beber uma determinada marca de cerveja não quer dizer que aquela marca seja melhor que as demais. Igualmente, o fato de uma top-model usar determinado produto de beleza não vai transformar toda mulher que usá-lo numa top-model.
O raciocínio também pode ser falacioso quando a autoridade, reconhecida por sua contribuição em um determinado campo, opina sobre assuntos que não estão dentro de sua área de competência e, portanto, seu testemunho não é confiável. O fato de um grande compositor acreditar em um partido político, por exemplo, não faz desse partido o único digno de crédito.
Portanto, é preciso tomar grande cuidado ao sustentar nossas conclusões com o argumento de autoridade, pois a confiabilidade de nossa indução dependerá, em grande parte, da idoneidade e da confiabilidade da autoridade utilizada.
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