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Política internacional - poder - Persuasão, coação e força militar

Renato Cancian, Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

Um país forte pode impor sua vontade sobre outros países por meio da persuasão, da coação ou da força militar direta. Assim, as alianças entre as nações podem ser forçadas ou voluntárias, mas representam uma faceta importante do poder e, por vezes, uma limitação do poder nacional.

As considerações morais e políticas desempenham papel importante na política e na estratégia dos países. Todo país deve saber calcular a força, o poder e as intenções dos possíveis amigos e inimigos.

Em termos realistas, o poderio de um país se configura numa mistura de debilidades estratégicas, econômicas e políticas; e é determinado pelos seguintes fatores: a) força e organização militar; b) tamanho e localização do seu território; c) natureza de suas fronteiras; d) densidade populacional (composição étnica e coesão social); e) recursos de matérias-primas; f) estrutura econômica; g) desenvolvimento tecnológico; h) estabilidade dos processos decisórios e políticos; e i) espírito nacional.

Estratégias, poder militar e vontade nacional

A partir dos fatores mencionados, o cientista político americano Ray Cline estabeleceu os itens necessários para que um país calcule o seu efetivo poder estratégico: a) massa crítica que resulta da soma da população mais o território; b) capacidade econômica; c) capacidade militar; d) objetivo estratégico; e) vontade de executar a estratégia nacional.

A força econômica é imensamente importante no que se refere à percepção do poder, pois satisfaz as necessidades de bens e serviços e suporta as capacidades militares organizadas. A capacidade militar consiste de forças estratégicas e convencionais. E não podemos esquecer que a sanção final nas disputas entre nações nasce do uso da força militar.

A pressão psicológica exercida pela mera existência das armas nucleares é um elemento predominante nos cálculos internacionais de poder. As percepções do poderio militar são altamente subjetivas, mas o poder manifesto (ou percebido) de uma nação se amplia se sua força de armas convencionais for suficiente para enfrentar determinado desafio até as últimas consequências, antes de recorrer às armas nucleares.

De acordo com Ray Cline, as estimativas que calculam o poderio militar de um país devem levar em conta não só o efetivo das tropas (soldados) e os equipamentos, mas também: a) mobilidade, coerência e estratégia operacional; b) flexibilidade e alcance das forças; c) a habilidade e o moral das tropas; e d) qualidade das forças armadas.

Outro ponto que nunca deve ser desprezado é a vontade nacional, ou seja, o grau de resolução que pode ser mobilizado entre os cidadãos de uma nação em apoio às decisões governamentais nas áreas de política exterior e defesa. A vontade nacional é a base sobre a qual a estratégia é formulada e executada com êxito. Os principais componentes da vontade de uma nação são: a) integração nacional; b) força da liderança; c) relevância da estratégia.

De acordo com a avaliação de Ray Cline, no século 20, após a Segunda Guerra Mundial, somente a ex-URSS, os EUA e, em menor grau, a República Popular da China conseguiram formular com sucesso um conceito estratégico integrado e verdadeiramente global na conduta de seus assuntos internacionais.

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