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Celular é ferramenta essencial para expansão da educação na África

Andréia Martins e Carolina Cunha

Do UOL, em São Paulo

30/10/2013 06h00

O uso do celular passou a ser considerado ferramenta útil para transformar o cenário da educação de regiões subdesenvolvidas, como Índia e a África. Fatores econômicos e demandas sociais fazem da África hoje uma das principais regiões no mundo com projetos de m-learning (aprendizado pelo celular). Atualmente há mais telefones celulares em toda a África do que nos Estados Unidos. Em 2012, o número de pessoas com uma assinatura de telefone celular na África chegou a 650 milhões.

“Nessas áreas, o salto direto para a tecnologia móvel pode ser mais útil quando se fala em educação. Para os outros cursos a distância, o celular é uma saída normal, mas o EAD tem que pensar em aula para todas as plataformas e formatos. Quando já se tem isso, a próxima etapa é disponibilizar esse conteúdo no mobile”, avalia diz José Manuel Moran, doutor em comunicação pela USP e coordenador de EAD da universidade Anhanguera.

M-learning: o futuro da educação na África?

De acordo com um relatório de 2012 da GSMA, associação comercial que representa 800 operadoras de telefonia móvel no mundo, hoje há 475 milhões de conexões móveis na África subsaariana, seja em zonas urbanas, rurais e comunidades mais isoladas, contra 12,3 milhões conexões de telefonia fixa. 

“Os africanos têm dispositivos móveis e os dispositivos móveis podem enriquecer a educação”, diz Mark West, da equipe de projetos de m-learning da Unesco, em Paris. “O desafio agora é ajudar as pessoas a alavancar a tecnologia que eles já têm (ou podem obter no futuro) para fins educacionais. Muitas pessoas ainda os veem como a antítese de aprendizagem. Nossa pesquisa indica o contrário: a tecnologia móvel, quando adequadamente integrada, pode ser um poderoso aliado quando se trata de educação”, completa.

Segundo West, as duas demandas educacionais mais urgentes na África hoje são o acesso à educação e a qualidade do ensino. Das 57 milhões de crianças não estão na escola primária, e 42,2 milhões delas estão na África.

“No Quênia, 9% das mulheres ainda são analfabetas depois de seis anos de escolaridade formal, e apenas 30% são semi-alfabetizadas. Os números são chocantes, mas são maiores em outros países. Encontrar maneiras de ajudar essas mulheres que têm tido o direito a educação negado é vital. Então, acesso é apenas metade da questão”.

Na visão do especialista, a tecnologia pode, em essência, abri novas oportunidades que não existiam no passado, ciente de que ela, sozinha, não resolverá todos os problemas. “Essas possibilidades significam que os alunos devem começar a aprender através de telefones celulares em vez de escolas? Claro que não. Contudo, na ausência de escolas, celulares podem fornecer um leque de recursos de aprendizagem. Idealmente, a tecnologia móvel complementa e melhora o ensino das escolas por professores altamente qualificados”, diz West.