Número de cursos de medicina com avaliação insuficiente cresce no Brasil
A porcentagem de cursos de medicina com conceito insuficiente, na avaliação do MEC (Ministério da Educação), aumentou no ano passado, comparada à divulgação anterior, feita em 2010. Em 2013, de acordo com dados divulgados ontem (18) pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), 17,5% tiveram conceito insuficiente, enquanto em 2010, a porcentagem era 13%.
Os dados fazem parte do CPC (Conceito Preliminar de Curso), que avalia o rendimento dos estudantes, a infraestrutura da instituição, a organização didático-pedagógica e o corpo docente. Em uma escala de 1 a 5 são considerados satisfatórios os cursos com conceito 3 ou mais.
Em 2013, 27 dos 154 cursos obtiveram conceito 2; 34 conseguiram conceito 4 e nenhum obteve conceitos 1 ou 5. Os 93 cursos restantes obtiveram conceito 3 ou não tiveram conceito calculado. Como os cursos são avaliados a cada três anos, a última avaliação de medicina foi em 2010, quando 177 cursos foram avaliados. Nenhum curso obteve conceito máximo e um obteve 1; 22 tiveram conceito 2; 35 alcançaram conceito 4; os demais obtiveram 3 ou não tiveram conceito calculado.
"Isso significa que o ensino médico no Brasil é uma catástrofe, não tem outra interpretação", diz o primeiro vice-presidente do CFM (Conselho Federal de Medicina), Mauro Luiz de Britto Ribeiro. "Médicos malformados é sinônimo de mal atendimento à população", acrescenta. Ele ressalta que os cursos necessitam de infraestrutura e de bom corpo docente para oferecerem formação de qualidade.
A maior parte dos cursos com conceito insuficiente é oferecida por instituições privadas. Na avaliação do assessor do Fórum das Entidades Representativas do Ensino Superior Particular Sólon Caldas, o CPC é um indicador frágil para avaliar a qualidade dos cursos. "Esse conceito é enviesado, não posso dizer se os cursos são bons ou ruins, o processo não é coerente", diz.
Ele explica que o CPC é composto em 55% pelo Enade (Exame Nacional de Desempenho de Estudantes), feito pelo aluno. "E o aluno não tem compromisso com o resultado da prova, boicota. A prova é em um domingo à tarde, com duração de quatro horas", diz. Ele defende que sejam feitas visitas às instituições para avaliar os cursos e que sejam consideradas as especificidades de cada escola e dos locais onde estão inseridas.
Entre as que obtiveram conceitos insatisfatórios na última avaliação, estão também cinco federais: Universidade Federal de São João Del Rei, Universidade Federal do Pará, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Universidade Federal de Pelotas e Universidade Federal de Campina Grande.
Para que os conceitos se consolidem, comissões de avaliadores farão visitas para confirmar ou alterar a avaliação obtida. Cursos que obtiverem CPC 1 e 2 serão automaticamente incluídos no cronograma de visitas dos avaliadores do Inep. Os demais casos podem optar por não receber a visita e transformar o CPC em conceito permanente.
Além dos cursos de medicina foram divulgados os resultados dos cursos de enfermagem, biomedicina, medicina veterinária, odontologia, agronomia, farmácia, agronomia, fonoaudiologia, nutrição, fisioterapia, serviço social, zootecnia, tecnologia em radiologia, tecnologia em agronegócios, tecnologia em gestão hospitalar, tecnologia em gestão ambiental e educação física.
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