MPF quer que professor da Ufes seja julgado por discriminação
O MPF (Ministério Público Federal) expediu parecer avaliando que o professor Manoel Luiz Malaguti deve ser julgado por suas declarações discriminatórias durante uma aula na Ufes (Universidade Federal do Espírito Santo). O docente afirmou no final do ano passado a alunos do 2º período de ciências sociais, numa discussão sobre cotas raciais, que "se tivesse que escolher entre um médico branco e um negro, escolheria o branco".
Em entrevista ao jornal Gazeta Online, o professor confirmou a declaração e reafirmou os argumentos. "Os negros, em média, eles vêm de comunidades menos privilegiadas, para a gente não usar um termo mais forte. Nesse sentido, eles não têm uma socialização primária na família que os torne receptivos aos trâmites da universidade".
Para a Procuradoria Regional da República da 2ª Região, a continuidade do tom agressivo do discurso discriminatório, enquanto alunos reagiam, protestando ou abandonando a sala, seria indício de que houve dolo e ânimo racista na conduta.
O juiz da 2ª Vara Federal Criminal do Espírito Santo, em Vitória, havia rejeitado a denúncia sem abrir processo, alegando que ele não cometera um crime. O procurador regional considerou precipitada a conclusão do juiz de que a intenção real do professor não foi menosprezar pessoas negras.
“O denunciado proferiu discurso discriminatório e induziu e incitou seus alunos ao preconceito ao sustentar a existência de uma 'cultura inferior' compartilhada pela maioria dos negros e uma 'cultura superior' da maioria dos brancos, que resultaria na incapacidade dos negros de cursar o nível universitário com aproveitamento suficiente”, diz o procurador regional da República José Augusto Vagos no parecer.
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