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Audiência tumultuada entre governo e alunos termina sem acordo

Lucas Rodrigues

Do UOL, em São Paulo

19/11/2015 18h15Atualizada em 19/11/2015 18h27

A audiência pública de conciliação entre a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo e os estudantes que ocupam dezenas de escolas contra a reorganização terminou sem acordo. Segundo a defensora pública Daniela de Albuquerque, o secretário não abriu mão do calendário da reestruturação. O encontro aconteceu na tarde desta quinta (19).

Ficou acordado que o secretário Herman Voorwald iria debater o assunto no governo ao longo do final de semana para apresentar uma contraproposta na próxima segunda-feira (23). Caso não haja acordo, haverá um julgamento dos pedidos de reintegração de posse das escolas Fernão Dias, na zona oeste, e Salvador Allende, na zona leste. A Defensoria afirma que irá pedir que a mesma decisão seja tomada em todas as escolas da capital.

Para deixar as ocupações, os alunos propuseram o não fechamento de nenhuma das 94 escolas que o governo pretende disponibilizar para outros fins educativos, o debate da reorganização com a comunidade escolar ao longo do ano de 2016 (com eleição no começo do ano para grêmios, conselhos de classe e de escola, e participação dos formandos 2015) e a não punição a apoiadores.

Após mais de 50 escolas estarem ocupadas por alunos contra a reorganização, a Secretaria de Educação propôs diálogo com a comunidade escolar. "Estamos dando àquelas escolas que porventura queiram se manifestar porque julgam que não foram consultadas a possibilidade de fazê-lo", afirmou Voorwald. E se a escola considerar que não deseja a reorganização? O secretário respondeu: "Vamos esperar o resultado [da comunicação e da proposta que seriam feitas à diretoria de ensino]".

A proposta do governo é que haja um debate na comunidade escolar para discutir as mudanças em no máximo dez dias após a saída dos manifestantes das escolas ocupadas. Tal proposta foi negada pelos alunos, que afirmam não haver tempo hábil ainda em 2015 para realizar o debate. “A proposta do secretário não se aproxima da proposta dos estudantes”, diz a defensora Daniela de Albuquerque.

Audiência tumultuada

A audiência foi muito tumultuada. Durante a fala do secretário Herman Voorwald, os manifestantes presentes se viraram de costas e cantavam gritos de ordem.

“Faltou diálogo. Essa é a fala que estou ouvindo”, afirmou o representante da pasta. “A nossa proposta é para que vocês efetivamente possam se manifestar.”

O governo havia se comprometido a enviar um material sobre a reorganização para as 5.147 escolas em até 48h após a desocupação e promover um debate com a comunidade escolar. Ao final do processo, as diretorias de ensino iriam consolidar as propostas das escolas e enviá-las para a secretaria avaliar.

“Agora que tem 90 escolas ocupadas ele vai querer debater”, gritou um dos manifestantes presentes. “Governador, fala a verdade. Educação nunca foi prioridade”, continuaram em coro.