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Estudantes decidem manter ocupações de escolas em SP

Hugo Araújo

Do UOL, em São Paulo

04/12/2015 20h42Atualizada em 04/12/2015 21h03

Os estudantes que protestam contra a reorganização escolar, que seria implementada em 2016, decidiram, em assembleia realizada na E.E. Alves Cruz, que vão manter as ocupações nas escolas estaduais. A decisão acontece após o governador Geraldo Alckmin (PSDB) anunciar o adiamento da medida em coletiva realizada no início da tarde desta sexta (4) no Palácio dos Bandeirantes.

Dentre as reivindicações para a saída das ocupações, os estudantes exigem o cancelamento da reorganização, um cronograma fixo de audiências públicas e punição aos policiais que agiram com truculência.

Querem, ainda, nenhuma punição aos professores, pais, alunos, funcionários e apoiadores do movimento. Haverá um ato das ocupações às 17h do dia 9 de dezembro, no vão livre do Masp (Museu de Arte de São Paulo).

Essa foi uma reunião do Comando Geral das ocupações, prevista para começar às 18h30. Contudo, os estudantes só se pronunciaram por volta das 20h40. Os jornalistas presentes não puderam fazer perguntas.

Anunciada no final de setembro, as medidas propunham escolas de ciclo único e encontraram forte resistência de professores e alunos - há cerca de 200 escolas ocupadas e estudantes fecharam as principais vias da capital durante esta semana.

Na tarde de ontem (3), o Ministério Público e a Defensoria Pública de São Paulo entraram com uma ação civil pública que pedia que a reorganização das escolas estaduais fosse interrompida e que a Secretaria de Educação organizasse uma agenda de discussões com a sociedade sobre as mudanças.

Na manhã de hoje, estudantes fecharam o cruzamento das avenidas Faria Lima com Rebouças e também da avenida Paulista com rua Consolação. Em ambos os protestos, a PM jogou bombas de efeito moral para desbloquear as vias.

Uma pesquisa do Datafolha apontou a queda de popularidade do governador de São Paulo, com os piores resultados de sua gestão. Apenas 28% aprovam seu mandato (contra 69%, em seu melhor momento). Por outro lado, 30% dos paulistas classificam seu governo como ruim ou péssimo.

O vice-governador, Márcio França (PSB), se declarou a favor de suspender a reorganização também na manhã de hoje.

Reorganização

A medida previa o fechamento de 92 escolas e reorganizava as restantes por ciclo único. Desse modo, estudantes do ensino fundamental ficam em unidades diferentes do ensino médio.

Na última terça, o governo do Estado de São Paulo publicou um decreto que permitia a transferência de servidores entre as unidades da reorganização -- esse foi o primeiro passo legal para a implantação do programa.

Desde o anúncio da reorganização, alunos, pais e professores têm realizado protestos em vários pontos do Estado. Eles argumentam que o objetivo da reestruturação é cortar gastos e temem a superlotação das salas de aulas, além de alegarem a ausência de diálogo durante o processo.