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Universidade Rural apura trote que levou aluno ao CTI de hospital do Rio

Nielmar de Oliveira

Da Agência Brasil

11/03/2016 13h58

A Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) determinou hoje (11) a abertura de sindicância para apurar suposto trote que calouro do curso de medicina teria sofrido e que o levou a ser internado no Centro de Tratamento Intensivo (CTI) da Santa Casa de Misericórdia.

O trote teria ocorrido esta semana, no terceiro dia de aula, e vitimado Leonardo Martins Carneiro de Assis, de 18 anos. Segundo o próprio pai do estudante, o vigilante Marcelo de Assis, 43 anos, Leonardo teria sido obrigado a fazer exercícios físicos à exaustão, o que acabou gerando a internação.

Inicialmente, o caso chegou ao conhecimento da reitoria da Universidade Rural na quinta-feira (3), quando um dos secretários executivos do gabinete do reitor foi abordado por um senhor que se identificou como pai de aluno.

Ele disse ao secretário que gostaria de comunicar o trote sofrido por seu filho. Segundo nota divulgada pela UFRRJ, o vigilante informou que o filho havia sido internado no CTI de um hospital da cidade, apresentando problemas de saúdea, em consequência de um trote sofrido nas dependências da instituição.

Mesmo incentivado pelo secretário, o vigilante se recusou a notificar a Divisão de Guarda e Vigilância da universidade (DGV/UFRRJ), setor responsável pelos registros de ocorrências no campus, para que fosse formalizado o processo de sindicância para a devida apuração dos fatos. Ele não fez por temer represálias contra o adolescente.

Diante da negativa, o secretário o orientou a fazer uma reclamação formal na Ouvidoria da Universidade e mais uma vez houve negativa, novamente alegando o temor de represálias. Na nota divulgada, a diretoria da universidade acrescentou que decidiu pela abertura da sindicância “ao tomar conhecimento do fato com mais detalhes através da imprensa, uma vez que a instituição zela pelo bem-estar dos membros de sua comunidade universitária”.

Segundo o pai do universitário, o jovem apareceu em casa apresentando febre, dor de garganta e posteriormente teria começado a urinar sangue, o que o levou a internar o filho. Na nota sobre a abertura de sindicância para apurar o ocorrido, a UFRRJ se disse contra a realização de trotes.

Vice-reitor da UFRRJ, o professor Eduardo Mendes Callado afirmou que a instituição é terminantemente contra o trote. "Entendemos que os veteranos queiram receber os calouros e que isto faz parte da rotina de uma universidade. No entanto, não aceitamos práticas que envolvam violência ou humilhação. É possível uma recepção calorosa e divertida dentro de limites aceitáveis por todos os envolvidos." 

O caso foi registrado na sexta-feira, na delegacia de Seropédica (48ª DP), onde o delegado Julio da Silva Filho aguarda o jovem melhorar para prestar depoimento e fazer o exame de corpo de delito. Segundo o delegado, os autores do trote podem responder por lesão corporal de natureza grave e a pena varia de um a cinco anos de prisão.