Alunos ocupam reitoria da Unicamp em protesto contra corte de verbas
Um grupo de estudantes da Unicamp ocupou o prédio da reitoria da universidade por volta das 23h de terça-feira (10) em protesto, principalmente, contra o plano de cortes no orçamento da instituição anunciado em abril.
Os estudantes decidiram pela ocupação e pela greve geral durante assembleia geral também realizada na noite de terça-feira e que contou com a presença de cerca de 1.000 pessoas.
Na manhã desta quarta-feira (11), cerca de 200 estudantes ocupavam o prédio. Segundo informações da coordenação do movimento, cada instituto da Unicamp fará plenárias para discutir o andamento da ocupação, as pautas específicas de reivindicações e a maneira como irá protestar.
Os estudantes estão ainda preparando um documento oficial com todas as reivindicações para enviar ainda nesta quarta-feira para a reitoria.
"Ocupa tudo"
Em nota divulgada nas redes sociais, o grupo, que se intitula "Ocupa Tudo Unicamp", afirma que o plano de contingenciamento "significará o corte de cerca de R$ 40 milhões do orçamento da Unicamp. Esse corte congelará os concursos, a contratação de professores e funcionários e afetará a carreira docente. A continuidade das obras, a manutenção de prédios e o atendimento à infraestrutura da universidade serão paralisados."
Os estudantes também temem que serviços como o de transporte fretado e de cópias de impressão sejam cortados. Além disso, os alunos reclamam que a moradia estudantil já não é mais suficiente para a demanda de novos estudantes e que, com os cortes, o plano de ampliação não será colocado em prática.
Os alunos que ocupam a reitoria também exigem que as bolsas que garantem a permanência de diversos estudantes na universidade não sejam reduzidas.
"O corte fortalece também o racismo estrutural da universidade, mantém a restrição do acesso da juventude negra à Unicamp, que continua sendo a "diferentona", por não possuir uma política de cotas étnico-raciais. Não aceitaremos nenhum desses ataques, por isso ocupamos a reitoria e queremos que todas as nossas reivindicações sejam atendidas", diz a nota.
Resposta da Unicamp
Em nota, a reitoria da Unicamp afirma que foi "surpreendida com a ocupação de suas instalações, que incluem as pró-reitorias, no campus de Campinas". A instituição afirma desconhecer a motivação do ato e estranha que a ocupação tenha ocorrido sem reivindicação prévia por parte dos manifestantes.
Ainda segundo a nota, a administração está avaliando a situação para tomar as medidas cabíveis. Por fim, a Unicamp avisa que "todas as atividades de ensino, pesquisa e extensão funcionam normalmente".
Em nota publicada no final de abril, a universidade afirmou que foram tomadas medidas de contenção de gastos para "enfrentar as dificuldades apresentadas atualmente pela economia" e que são resultado de um acordo estabelecido com os diretores das unidades de ensino e pesquisa e da área de saúde da Unicamp.
Segundo a instituição, houve um baixo crescimento de arrecadação do ICMS paulista e há a expectativa de queda nas receitas oriundas do Tesouro do Estado para 2016, principais fontes de receitas da Universidade.
Por conta disso, o corte de verbas chega a R$ 40 milhões. A reitoria decidiu fechar 100 vagas de reposição para docentes e oito para pesquisadores, cortar em 50% os gastos com manutenção, em 40% o valor destinado ao pagamento do serviço de impressão e cópias, em 50% o valor aprovado para investimentos em tecnologia nos órgãos da administração central e em 20% das unidades que integram a área de saúde, e ainda reduzir em 95% os investimentos previstos para a manutenção do Colégio Técnico da Unicamp, o Cotuca.
Haverá também contenção de 50% das vagas na área da saúde e de 25% nas vagas para a reposição em todos os institutos e faculdades, além de redução de 30% do pagamento de horas-extras e de sobreaviso, e em 10% nas unidades de Saúde.
A Unicamp decidiu também por cortar 68 vagas livres e outras 48 existentes para pesquisadores e docentes Especiais e de Magistério Superior em todos os órgãos e reduzir em 50% os recursos para promoções, progressões e concursos.
Na semana passada, um grupo de estudantes já havia ocupado o prédio principal da Faculdade de Educação (FE) da Unicamp. Eles suspenderam por dois dias todas as atividades acadêmicas e administrativas da FE.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.