Corregedoria da PM vai investigar ação durante protesto de alunos na UFMG
A ação de policiais militares para dispersar protesto de universitários e professores da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) contrários à PEC 55, que limita o teto de gastos do governo federal, será investigada pela Corregedoria da Polícia Militar de Minas Gerais.
Na última sexta-feira (18), um grupo de universitários que se reuniu em uma das entradas da universidade, situada na avenida Antônio Carlos, na região da Pampulha, em Belo Horizonte, e a reitoria da universidade, acusaram a PM de truculência e uso de força desmedida durante o ato, apontando que pessoas se feriram durante a manobra dos militares para liberar a via. A UFMG lida com ocupações de prédios do campus e ainda com greve de professores e funcionários em protesto contra a PEC 55 e da proposta da reforma do ensino médio.
O pedido para a investigação da ação policial partiu da Ouvidoria da Polícia Militar de Minas Gerais. Para o capitão Flávio Santiago, chefe da assessoria de comunicação da PM, em que pese o pedido da ouvidoria, a corporação vê com naturalidade a abertura do procedimento investigatório.
“A polícia entende isso como de praxe. Sempre que tem o envolvimento de uma atividade policial, há a solicitação da ouvidoria e do Ministério Público para que a Polícia Militar apure com rigor”, avaliou.
Conforme o oficial, a corregedoria já instaurou o procedimento para a apuração do caso e disse que ele será feito de maneira transparente.
“Agora seguem as etapas de colher o depoimento das pessoas envolvidas e também analisar as imagens disponíveis”, declarou.
Santiago salientou que, normalmente, a corregedoria estipula o prazo inicial de 30 dias para a conclusão dos trabalhos.
Na hipótese de os militares envolvidos no caso serem considerados culpados das acusações, as punições vão desde a advertência até a expulsão da corporação.
Balas de borracha
Conforme depoimentos dados em redes sociais, os participantes do ato teriam se ferido, no decorrer da ação deflagrada pela polícia, por disparos de balas de borracha. O protesto, segundo os organizadores, era feito de maneira pacífica.
Um vídeo postado na página do Diretório Central dos Estudantes, no Facebook, registrou quando policiais disparam tiros, aparentemente de borracha, contra as pessoas que participavam do ato.
Na versão da PM, os ativistas fecharam o tráfego de veículos na região, causando um grande congestionamento. A polícia teria recebido, via telefone de emergência, pedidos de auxílio a pessoas que estariam passando mal e necessitando de atendimento médico. O capitão Santiago disse ter havido uma tentativa de negociação entre os militares e os participantes do ato "por horas".
Ainda conforme o oficial, após esgotadas as tentativas de retirada das pessoas, o grupamento lançou bombas de efeito moral, fazendo com que os manifestantes corressem para dentro do campus da universidade.
Nesse momento, de acordo com Santiago, os policiais relataram terem sido atingidos por pedaços de pau e pedras lançados pelos ativistas. Ele afirmou que, diante desse cenário, os militares revidaram com disparos de balas de borracha.
A reitoria da UFMG emitiu nota contendo críticas ao trabalho da polícia. A direção da universidade disse que a PM, "invadindo o Campus da UFMG, agrediu os manifestantes com balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo e colocou em risco a comunidade da Escola de Belas Artes e da Unidade de Ensino Infantil Alaíde Lisboa", que ficam próximas ao local onde ocorreu o ato.
O governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), havia declarado, por meio de uma rede social, ter lamentado o episódio ocorrido na universidade e afirmado ter "o mais profundo respeito à liberdade de manifestação, dentro dos princípios democráticos e dos ordenamentos legais". O petista ainda declarou que "os excessos de procedimento que porventura possam ter ocorrido nesse episódio serão devidamente apurados, com divulgação à sociedade".
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