Escola partidária ou escolha do trabalhador? Greve "racha" pais de alunos
Escolas particulares podem parar por conta da greve geral contra as reformas trabalhista e da Previdência? A questão tem levantado polêmica entre os pais desses alunos, que se dividem contra e a favor da suspensão das aulas nesta sexta (28).
De acordo com o Sinpro-SP (Sindicato dos Professores de São Paulo), cerca de 170 colégios da capital paulista --de um total de 4,5 mil escolas-- não devem ter aulas amanhã. Isso porque a decisão pela adesão à greve é dos professores –cabe, portanto, à direção das escolas a escolha por acatar ou não essa posição.
“Meus filhos são do colégio Oswald de Andrade e as aulas foram suspensas. Os docentes se posicionaram com uma carta aberta que me fez sentir orgulho de fazer parte desta comunidade. A escola se posicionou da forma que julgou correta. No fundo, não importa de quem foi a iniciativa”, defende Anna Degenszajn.
Para ela, “parar não tem a ver com escola ser pública ou particular”. “Tem a ver com ideais e com o que o povo quer para o seu futuro”, afirma.
“Claro que os colégios particulares, que são pagos pelos pais, devem aderir à greve. Quando os professores de uma escola particular param, eles não estão parando contra os seus empregadores. Está todo mundo paralisando contra uma reforma inadequada que o governo está fazendo contra o povo”, defende Joana Imparato, mãe de um aluno da escola Lumiar, que não terá aulas amanhã.
Ailton Oliveira, pai de uma aluna do colégio Dante Alighieri, conta que procurou a direção da escola para debater sobre a situação. Apesar de o colégio ter optado por não suspender as aulas, ele defende que a paralisação nas escolas particulares não é algo “producente” e não representa a vontade da maioria dos professores.
“Tem que ser uma escolha do trabalhador. As assembleias que decidem as greves são feitas sem quórum nenhum, é a direção do sindicato que decide isso”, diz Oliveira, que afirma ter conversado ainda com professores do colégio e que “não havia nenhum tipo de viés que indicasse a adesão deles a essa paralisação”.
Política na escola
Para a mãe de um aluno do colégio Santa Cruz, que preferiu não se identificar, a decisão da diretoria pela suspensão das aulas é equivocada, apesar de os protestos contra as reformas serem válidos. “A escola é que não deve ser partidária”, defende.
Outro pai que não quis se identificar afirma que, apesar de não apoiar a greve dos professores, ela é um direito constitucional. “A impressão que tenho é que muita gente não quer a suspensão das aulas na sexta-feira porque não tem com quem deixar o filho. Acho que seria válido ter palestras e atividades que debatessem o tema na escola na sexta-feira, mas elas teriam que ser bem fundamentadas, e não só algo para ocupar o filho”, conta.
Já para Joana, é importante que as crianças vivam esse momento de paralisações. “Só vivendo essas experiências é que a política acontece. A escola faz parte da politização de uma criança. E quando uma escola decide fazer uma paralisação, é preciso que ela fale sobre isso com os alunos, que ela deixe esse assunto absolutamente livre e aberto para que possa ser debatido”, explica.
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