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Deficiente visual é aprovado e ganha bolsa em 3 universidades da Inglaterra

Felipe Rigoni, de 26 anos, foi aprovado para fazer mestrado em políticas públicas - Divulgação
Felipe Rigoni, de 26 anos, foi aprovado para fazer mestrado em políticas públicas Imagem: Divulgação

Renan Prates

Colaboração para o UOL

29/06/2017 14h44

Não há limites para quem acredita. Desta forma pode ser contada a história de Felipe Rigoni, 26. Mesmo com as dificuldades de estudo por causa da deficiência visual, ele foi aprovado para receber bolsa e fazer mestrado em políticas públicas em três universidades na Inglaterra. Natural de Linhares-ES, o jovem optou por Oxford - uma das instituições de ensino mais conceituadas do mundo.

Rigoni parou completamente de enxergar aos 15 anos. Seu problema começou com uma uveíte (inflamação na parte de trás do olho) aos seis. A doença se agrou com o tempo, gerando outras complicações, até fazer Rigoni ficar completamente cego. Mas isso não o impediu de buscar o que queria.

Ele se formou em engenharia na UFOP (Universidade Federal de Ouro Preto). E foi uma experiência mal sucedida na política que o fez pensar em se aprofundar no estudo de políticas públicas.

“No ano passado, fui candidato a vereador pela minha cidade [Linhares, Espírito Santo]. Depois da eleição, fui conversar com algumas pessoas que me orientam. Alguns mentores que eu tenho. Fui super bem votado, mas não fui eleito por conta da legenda. Eles me deram a ideia de fazer mestrado em políticas públicas fora do Brasil. Fui pesquisando e vi que tinha mais afinidades com a Inglaterra, por isso me inscrevi em três universidades. Era uma vontade muito grande de continuar contribuindo para a gestão pública”, explicou ao UOL.

Rigoni também foi aprovado na King’s College London e na London School of Economics, mas escolheu Oxford por um simples motivo: “É a melhor de todas. Uma das melhores do mundo. O curso de políticas públicas de lá, apesar de ser novo, está entre os cinco melhores do mundo, e é bem focado na prática”.

O engenheiro ficará um ano em Londres para fazer o mestrado. Ele viaja em setembro, mas já está se preparando para fazer bonito na sala de aula. Ele explicou que estuda sete horas por dia em casa.

“Depois que passei comecei a estudar muito mais. Sei que lá o nível vai ser bastante maior que era aqui no Brasil. Tem algumas áreas que não tenho tanto conhecimento, como economia e sociologia. Estou estudando bastante isso. Pra chegar lá com uma base boa e aproveitar o melhor possível”.

Antes de passar no processo para estudar na Inglaterra, Rigoni ganhava a vida como coaching. Mas ele admite que quer mesmo ingressar na política, e pretende se candidatar ao cargo de deputado federal na eleição de 2022. Seu objetivo de vida está traçado: ele quer ser um exemplo e um representante das pessoas que têm algum tipo de deficiência como ele.

“Espero não só ser um exemplo, mas ajudar com política as pessoas com deficiência. Hoje são 45,6 milhões de pessoas no Brasil com algum tipo de deficiência, mas só 2,8 milhões têm ensino superior. Ou seja, um pouco mais de 5%, número muito pequeno. Se a pessoa já tem deficiência, em muitos trabalhos que necessitam de esforço físico ela não consegue executar. Por isso, precisam de uma educação ainda maior para se desenvolver, e o estado acaba inibindo isso”.