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Descansar ou estudar? Veteranos e candidatos dão dicas para a semana entre provas do Enem

Dinária Gomes Rocha, 24 anos, aluna do cursinho Educafro - Arquivo pessoal
Dinária Gomes Rocha, 24 anos, aluna do cursinho Educafro Imagem: Arquivo pessoal

Leonardo Martins e Mirthyani Bezerra

Do UOL, em São Paulo

06/11/2018 04h00

Desde 2017, o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) deixou de ser aplicado em apenas um final de semana e passou a ser dividido em dois domingos seguidos. Surgiu, assim, mais uma semana para se preparar para o segundo dia de prova. Mas qual a melhor maneira de aproveitar esse intervalo?

O UOL conversou com cinco candidatos, entre eles novatos e veteranos, além de um especialista, para juntar dicas e estratégias de como aproveitar melhor essa semana entre as provas para ter um bom resultado no domingo.

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O segundo dia de provas do Enem 2018 será neste domingo (11), quando os alunos terão cinco horas para responder 45 questões de Ciências da Natureza e suas Tecnologias e 45 de Matemática e suas Tecnologias. O UOL, em parceria com o Curso Objetivo, fará a correção online e divulgará o gabarito extraoficial.

Estudar? Sim, mas sem exageros

A estudante Juliane Godas, 21, conta que usar essa semana para descansar foi o que mais a ajudou a passar na universidade pelo Enem em 2017. Hoje cursando medicina na Unirio, ela diz que até vale a pena focar os estudos em pontos que se tem dificuldade, mas sem se aprofundar para não alimentar o inimigo que vive na cabeça dos candidatos: o desespero.

“O Enem exige muito mais que os outros vestibulares porque há muito texto e interpretação, se você estudar muito e ir cansado para a prova, mesmo sabendo a matéria, a chance de ir mal é grande. O aluno já se preparou o ano inteiro, eu foquei apenas em alguns assuntos que tinha dificuldade”, conta a estudante. 

“O que atrapalhava muito no modelo antigo do Enem é que era uma prova seguida da outra, não tinha tempo para descanso e a cabeça não parava, parecia que os dois dias de prova eram juntos. Essa semana de descanso foi essencial para passar [na faculdade]”, acrescenta.

Gabriela Lambiazzi, 23, estudante do Anglo Vestibulares - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
Gabriela Lambiazzi, 23, estudante do Anglo Vestibulares
Imagem: Arquivo Pessoal

Na mesma linha, Gabriela Lambiazzi, 23, que fará o Enem pela sexta vez por uma vaga em medicina em alguma universidade pública de São Paulo, também elogia a aplicação do Enem em dois domingos e diz que essa divisão foi essencial para ganhar fôlego e conseguir estudar áreas específicas para as provas.

“Enem é muito cansativo, estar divido em duas semanas foi ótimo porque você consegue manter a disposição. Eu costumo assistir às aulas de manhã e, chegando em casa, revisar o que foi dado. Eu seleciono o assunto que é uma pedra no sapato”, explica Lambiazzi, aluna do cursinho Anglo Vestibulares.

Dinária Gomes Rocha, 24, que presta o Enem pela sétima vez, diz que irá reduzir sua carga de estudo diário de 10 horas para apenas 6 horas, exatamente o período em que ela estará nas aulas do cursinho Educafro.

“Essa semana eu vou revisar o que mais cai em Matemática e Física, que são meus pontos fracos. Nessa fase, eu reduzo a quantidade de horas de estudos, porque tenho que fazer a prova descansada. Eu eliminei as frituras, estou comendo menos na rua, dormindo mais regularmente”, disse a estudante, que quer cursar medicina na UFSCar ou na UFMG.

Estreantes priorizam rotina escolar e pé no freio dos estudos

Leonardo Menegon, 17, estudante do Colégio Objetivo - Assessoria Colégio Objetivo - Assessoria Colégio Objetivo
Leonardo Menegon, 17, estudante do Colégio Objetivo
Imagem: Assessoria Colégio Objetivo

Aos colegas marinheiros de primeira viagem do Enem, Leonardo Menegon, 17, estudante do ensino médio no Colégio Objetivo, recomenda: “rotina normal, com um pouco mais de descanso”. É a terceira vez que ele presta o Enem, a primeira como candidato oficial.

“Sinceramente? Eu não consigo completar três anos de estudo com uma semana. Pretendo permanecer nas atividades normais do colégio e descansar. Fazer uma prova que leva horas e horas para terminar é preciso ter muito controle mental, não é uma prova muito difícil, mas é uma prova muito desgastante”, aponta o aluno, que pretende cursar engenharia elétrica na USP (Universidade de São Paulo).

Laura da Silva White Peres, 17 anos – Cursinho Maximize - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
Laura da Silva Peres, 17, aluna do cursinho Maximize
Imagem: Arquivo Pessoal

Pela primeira vez como vestibulanda no Enem, Laura da Silva Peres, 17, que cursa o ensino médio de manhã e o cursinho Maximize à tarde, também pisou no freio dos estudos diários de quase dez horas nessa semana de hiato entre as provas.

“Desde a semana antes do primeiro dia do Enem eu já parei de estudar freneticamente. Eu estou só fazendo exercícios, porque, pra mim, eles são a melhor forma de revisão. Nesse mês  já dei uma freada nos estudos para não pirar de vez. Eu tenho medo de saturar a minha mente pelo cansaço e influenciar no resultado”, endossa a aluna, que quer entrar em medicina.

Nessa reta final, o foco é na teoria

Neste intervalo entre os dois dias de prova do Enem, o coordenador pedagógico do Objetivo, Giuseppe Nobilioni, desaconselha os alunos a resolverem problemas novos, porque isso pode ter um efeito negativo nessa reta final. “Se for fazer exercício, que pegue um exercício pronto que ele já fez, porque se ele for treinar um exercício difícil e não conseguir fazer, vai dar um reforço negativo e isso vai desanimá-lo”, disse.

Para Nobilioni, a melhor estratégia para essa semana que antecede as provas de Ciências da Natureza e Matemática é revisar a teoria, principalmente dos assuntos que mais caem no Enem. “Se ele não sabe um assunto, eu não acho que vai aprender em dois ou três dias. Então é tentar recordar o básico, com isso ele terá condições de fazer a prova”, diz.

Outra dica é descansar bastante para enfrentar o verdadeiro teste de resistência que é o Enem. “O aluno é como o jogador que se prepara para uma final. Ele treina um pouco no dia anterior, se concentra, mas não vai ficar desesperado.”

Nobilioni diz ainda que o participante precisa estar tranquilo, até porque o Enem não elimina ninguém, mas dá ao aluno uma nota que pode ser útil de várias formas.

“[O Enem] é uma prova em que ele só tem a ganhar. É uma nota que permite batalhar uma série de vagas. Não é que ele vai arriscar tudo no domingo e acabou. Se não for bem, ele vai batalhar para uma classificação e conseguir se encaixar.”