Após ataque transfóbico, escola sai em defesa de professor, e post viraliza
Alvo de um ataque transfóbico, uma escola de ensino infantil de Salvador foi às redes sociais rebater comentários preconceituosos direcionados a um professor da instituição, e a conversa viralizou nas redes sociais.
O caso ocorreu na última terça-feira (19), quando alguém apresentando-se como mãe interessada em matricular o filho contatou a unidade via WhatsApp.
"Vocês têm um professor trans na escola, né?", indagou a mulher.
Uma funcionária respondeu: "Sim. O professor Bruno Santana. Excelente profissional".
A provável cliente prossegue: "Não que eu concorde, mas você não acha que isso pode ter diminuído o número de matrículas de vocês?"
A funcionária adota um tom mais incisivo. "Quem acha que uma pessoa trans, apenas por ser trans, não pode educar seu filho não merece nossa escola".
A conversa foi compartilhada no Instagram e no Facebook, e os perfis da Escolinha Maria Felipa ganharam milhares de seguidores.
Até a publicação da reportagem, juntos, os posts somavam mais de 22 mil curtidas ou interações, além de centenas de comentários.
Professor se defende
Alvo das ofensas, o professor Bruno Santana, 30, transexual, afirmou ao UOL que, ao tomar conhecimento do episódio, tinha certeza de que a instituição reagiria de forma contundente.
"Eu tinha plena certeza que a escola seria assertiva na resposta. O projeto de sociedade que a Maria Felipa defende jamais permitiria qualquer tipo de opressão", disse Santana.
"Nem perguntei o nome da pessoa que fez esse comentário transfóbico. Não é culpabilizando o sujeito que reproduz a opressão que irei combatê-la", afirmou Santana, que dá aulas de capoeira para crianças de 2 a 5 anos.
Para o educador, nenhum questionamento à sua sexualidade afetará o seu trabalho.
"As pessoas adultas que perdem tempo disseminando preconceitos. As crianças não estão preocupadas se seu professor é um homem trans", disse Santana, a primeira pessoa trans a se formar na Uefs (Universidade Estadual de Feira de Santana), a 110 km de Salvador.
"Foi muito difícil estar em uma universidade. O mais difícil foi estar entre praticamente 18 mil estudantes e ser a única pessoa trans da universidade. Foi um percurso muito solitário. Minha primeira luta foi para que eu pudesse ter o meu nome reconhecido, porque a primeira coisa que a gente tem, que legitima nossa existência nessa sociedade, é o nome", relata o professor.
'Felicidade e tristeza', diz diretor
Sócio-diretor da Escola Maria Felipa, Ian Cavalcante, 34, diz ter ficado ao mesmo tempo triste e feliz diante do caso e sua repercussão.
"A quantidade de pessoas que estão nos abraçando, que estão nos apoiando, que compartilharam, que curtiram, que comentaram, enfim, é enorme. Aí, mostramos que somos a maioria", disse.
De acordo com ele, a autora dos comentários preconceituosos não voltou a procurá-los. "Ela ficou um pouco envergonhada. Deu uma resposta que eu não lembro agora, mas não procurou mais a instituição, não", disse.
Cavalcante afirma que esta é a primeira vez que um profissional da Maria Felipa sofre discriminação. "Especificamente desse tipo, transfobia, nunca tínhamos enfrentado assim tão diretamente."
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