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Barroso: Problemas da educação não são doutrinação nem ideologia de gênero

Felipe Amorim

Do UOL, em Brasília

08/08/2019 18h07

Em fala durante sessão de julgamentos na tarde de hoje, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Luís Roberto Barroso criticou o pensamento que coloca a chamada ideologia de gênero e o movimento Escola Sem Partido entre as principais questões da educação nacional.

Nas palavras do ministro, essas seriam "assombrações erradas", enquanto os verdadeiros problemas da educação no país seriam outros.

"Quem achar que o problema da educação no Brasil é escola sem partido, ideologia de gênero ou saber se 64 foi golpe ou não, está assustado com a assombração errada", disse Barroso.

"Os problemas da educação no Brasil são a não alfabetização da criança na idade certa, a evasão escolar no ensino médio, o déficit de aprendizado, a criança termina o ensino fundamental e o adolescente termina o ensino médio e não aprendeu o mínimo que precisaria saber, e a pouca atratividade da carreira de professor do ensino básico", afirmou o ministro.

O termo "ideologia de gênero" é utilizado principalmente por setores religiosos para criticar o conceito de que a orientação sexual não é determinada pelo sexo biológico da pessoa.

Já o Escola Sem Partido reúne o apoio de setores da sociedade que julgam existir uma suposta "doutrinação" de esquerda pelos professores sobre os alunos.

Os dois temas são caros ao presidente Jair Bolsonaro (PSL), que já se pronunciou contrariamente ao uso do termo "gênero" em documentos oficiais e deu seu apoio às ideias do Escola Sem Partido.

A declaração de Barroso foi feita durante o julgamento de uma ação do PSL, partido do presidente Bolsonaro, contra regras do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) que proíbem o recolhimento de crianças e adolescentes em situação de rua por autoridades públicas.

A ação do PSL pretende derrubar essas regras para permitir que menores de idade em situação de rua sejam recolhidos. O processo foi apresentado ao STF em 2005, quando Bolsonaro ainda não estava filiado à legenda.

A ação do partido foi rejeitada pelos ministros do Supremo.