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Inep diz ter orçamento para realizar Enem 2021, mas não confirma data

Inep alega que tem orçamento suficiente para realizar Enem em 2021 - Pillar Pedreira/Agência Senado
Inep alega que tem orçamento suficiente para realizar Enem em 2021 Imagem: Pillar Pedreira/Agência Senado

Ana Paula Bimbati e Allan Brito

Do UOL, em São Paulo, e colaboração para o UOL

13/05/2021 19h58Atualizada em 13/05/2021 21h11

Depois que surgiram informações de que o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) 2021 pode ser realizado somente em janeiro de 2022, o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), responsável pela prova, afirmou que tem orçamento e "está engajado" para realizar o exame neste ano, mas não garantiu que vai conseguir.

"O Inep reafirma que está concluindo o processo de planejamento e elaboração do cronograma de aplicação do Enem 2021 e engajado para que as provas sejam realizadas ainda neste ano", disse o órgão.

O instituto comunicou que o orçamento atual é suficiente para realizar o Enem 2021, mas alegou que precisa atender a requisitos de segurança sanitária.

"A autarquia busca excelência no processo de planejamento, com o intuito de atender a todos os requisitos sanitários e garantir uma aplicação segura a todos os envolvidos, desde sua elaboração", informou o ministério.

Mais cedo, a assessoria de imprensa da autarquia enviou um áudio ao UOL com uma fala do presidente do Inep durante reunião com o CNE. "Estamos engajados para que o Enem ocorra neste ano, mas temos essas variáveis sensíveis que estamos alinhados junto ao MEC e em breve vamos alinhar com vocês [do CNE]", diz a gravação atribuída a Danilo Dupas Ribeiro, presidente do Inep.

Membros do CNE (Conselho Nacional de Educação) disseram que Dupas falou hoje sobre a possível realização do Enem apenas em 2022. A informação foi confirmada ao UOL por duas pessoas que estavam no local —uma delas é a presidente do CNE, Maria Helena Guimarães de Castro.

Ontem, uma portaria publicada no Diário Oficial da União com as metas globais do Inep levantou suspeitas sobre a aplicação do exame neste ano. O texto trazia as atividades previstas para 2021, mas, em relação ao Enem, só se referia ao "planejamento e preparação técnica".

No ano passado, as metas globais da autarquia foram publicadas em março, mas em outubro uma nova portaria informou a exclusão da aplicação do Enem naquele ano devido à pandemia. O exame foi aplicado em fevereiro de 2021, em meio a diversas polêmicas.

Documentos mostram que Inep quis adiar Enem

Segundo documentos do Inep, aos quais o UOL teve acesso, a autarquia havia definido desde o dia 3 de maio que as provas seriam adiadas para os dias 16 e 23 de janeiro de 2022.

Encaminho o ofício circular [...] em consonância com as informações do Senhor Presidente do Inep apresentadas na Reunião de Diretorias ocorrida hoje, 03 de maio às 09h, encaminho para ações decorrentes deste Gabinete e das respectivas Diretorias, ratificando que os dias 16/01/2022 (domingo) e 23/01/2022 (domingo) são as datas definidas para as aplicações das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) regular em sua edição 2021
Trechos de documento do Inep

Três documentos com as datas do Enem 2021 foram encaminhados e assinados por diferentes diretores:

  • Alexandre Gomes da Silva, diretor de Avaliação da Educação Básica
  • Alfredo Murillo Gameiro de Souza, diretor de Gestão e Planejamento
  • Danilo Miranda Pontes Rogério, diretor de Tecnologia e Disseminação de Informações Educacionais.

Pessoas ouvidas pela reportagem, sob a condição de anonimato, afirmaram que houve confusão interna e falta de comunicação com o ministro da Educação, Milton Ribeiro, e o presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Em nota, a Frente Parlamentar Mista da Educação alertou do risco de não ser realizado o Enem por ter ficado de fora das metas globais do Inep. "A frente entende que, mesmo que o Enem não possa ocorrer cronologicamente em 2021, o exame precisa ter as diretrizes definidas ainda neste ano."

"Os alunos não podem conviver o tempo inteiro com dúvida se farão ou não um exame tão importante. Essa insegurança causa graves prejuízos, como a evasão escolar, que custa milhões aos cofres públicos todos os anos", diz o deputado Israel Batista (PV-DF), presidente da frente.