No 1º dia de aula, alunos de SP criticam proibição do celular no intervalo

Na volta às aulas nesta segunda-feira (3), alunos de duas escolas estaduais da capital paulista criticaram a proibição do uso de celular durante o intervalo das aulas, estabelecido por novas leis federal e estadual.

O que aconteceu

Adolescentes dizem que celular no recreio é importante para socializar com amigos de fora. Para Monyque Aparecida, 14, estudantes que não têm amigos na escola terão ainda mais dificuldade. "Eu tenho minha amiga, então já me enturmei bem", afirmou. Ela é aluna da escola recém-inaugurada Cidade Júlia 2, no extremo Sul.

As leis federal e estadual proíbem o uso do celular durante toda permanência do aluno. Nos recreios, o objetivo do veto é aumentar a socialização e integração entre os estudantes. No entanto, Kauã Victor, 15, aluno da escola Padre Tiago Alberione, também no extremo Sul, opina que o veto não terá esse efeito. "Tem gente que não quer fazer amigos na escola mesmo", diz. Reportagem do UOL mostrou que colégios particulares passaram a disponibilizar jogos aos alunos nos intervalos.

Adolescentes também reclamaram da proibição porque gostam de usar o celular para ouvir música. O aparelho ainda é usado para pagar lanche na cantina. "No celular, fica o cartão digital ou até o Pix", afirmou Erick Silva, 15.

No primeiro dia de aula de 2025 nas escolas que a reportagem visitou, a maioria dos alunos levou o celular. Entre as justificativas, a mais citada é a comunicação com os pais. A rede estadual orienta todas as unidades de ensino a disponibilizar contatos e horário de atendimento aos responsáveis.

Com a proibição, Erick de Souza, 11, diz que a mãe o orientou a não levar mais o aparelho. "Eu já não levava sempre e, com a lei, vai ficar ainda mais difícil", disse o estudante.

Yasmin Santos, 14, disse acreditar que a escola tem "problemas maiores" para resolver. "Até situações estruturais, e também casos de bullying, assédio. O celular, para mim, é o menor dos problemas", afirmou. Apesar disso, ela acha a lei, "de certa forma, necessária para a educação".

Nas duas escolas, os aparelhos ficaram nas mochilas dos alunos ou em uma caixa. Um documento divulgado pela secretaria de Educação na semana passada, detalhando as regras, diz que o celular deve ficar em "local inacessível".

Celular na escola é 'um desastre', diz secretário

O secretário de Educação, Renato Feder, classificou o uso do celular na escola como "um desastre". Ele disse que uma das dificuldades antes da legislação era um aluno com celular atrapalhar a concentração do colega que não tinha.

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"O importante é o celular não atrapalhar a aula", diz secretário. Para ele, professores e diretores devem dialogar com alunos. O documento da rede estadual prevê também que, no caso de estudantes que insistam em usar o celular, os pais devem ser acionados, ou até o Conselho Tutelar.

Segundo Feder, a pasta confia que a escola sabe o melhor caminho para cumprir a lei.

O que a gente não pode fazer? Uma guerra, um estresse adicional na escola. A escola não precisa disso. Então a gente, com muito diálogo, muita conscientização, vai mostrar como é bom
Renato Feder, secretário de Educação de SP

Tecnologia continuará presente nas aulas da rede estadual com aulas de programação, robótica e matemática gameficada, disse o secretário. Feder é empresário do ramo da tecnologia e aumentou a digitalização da rede e o uso de plataformas.

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