Ministro critica faculdades de medicina a R$ 15 mil e defende regulação

O ministro da Educação, Camilo Santana (PT), defendeu a regulação das mensalidades cobradas por faculdades de medicina para não ocorrer o que chamou de "cobranças abusivas". Ele também citou proposta de parceria com o setor privado para expandir o ensino médio integrado ao técnico —hoje cursado por só 11% dos alunos.

O que aconteceu

Ministro foi questionado sobre o teto do Fies para os cursos de medicina. Ele participa hoje do evento Educação Já, do Todos pela Educação, em São Paulo, onde também apresentou um balanço das ações da pasta.

Camilo sugeriu a criação do Instituto de Regulação da Educação Superior do Brasil. Segundo ele, o órgão ajudaria o MEC (Ministério da Educação) a "monitorar e acompanhar a qualidade, mas também entender porque determinadas faculdades de medicina cobram R$ 15 mil, enquanto outras cobram R$ 10 mil ou R$ 8.000".

As faculdades particulares têm autonomia para decidir o valor das mensalidades. Elas, entretanto, precisam justificar os novos valores para o FNDE, órgão vinculado a pasta da educação.

Camilo citou que mais de 80% do ensino superior é privado e o MEC precisa de uma "boa estrutura" para regular o sistema. "É preciso compreender um pouco para dar uma regulada nessa questão das cobranças que ocorrem, para que não sejam cobranças abusivas para os alunos da rede privada", afirmou.

Cada vez que o ministério aumenta o teto da medicina [no Fies], as faculdades também aumentam [o valor da mensalidade], porque sabem que o financiamento está garantido. Então, essa é uma preocupação.
Camilo Santana, ministro da Educação

Ampliar ensino técnico

Camilo disse que o governo federal quer atingir quase 40% das matrículas do ensino médio integrado ao técnico. A meta "ousada", nas palavras do ministro, é para ser concluída nos próximos cinco anos. "A gente quer ter níveis de ensino técnico profissionalizante junto aos países da OCDE, que é em torno de 35%, 37%", afirmou, em referência à Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico, o "clube dos países ricos".

Os estados também poderão fazer parcerias com o Sistemas S, que integra entidades como o Sesc, Senai, Senac. Segundo o ministro, os governos estaduais terão de apresentar um plano ao MEC (Ministério da Educação).

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"Queremos que o principal objetivo dos investimentos seja a criação do ensino técnico nacionalizante", afirmou Camilo. A União deixará de receber parte dos juros da dívida dos estados para que governos invistam em educação, disse o ministro.

80% dos alunos do ensino médio querem acesso ao técnico, afirma pesquisa do MEC. Segundo o ministro, levantamento foi realizado em 2023 durante consulta sobre a reforma.

A ideia é que possamos contratar vagas no ensino técnico, no sistema S, por exemplo, os institutos federais poderão oferecer, as próprias universidades poderão oferecer, como também o setor privado também poderão oferecer para que a gente possa ampliar e alcançar essas metas a curto, médio e largo prazo no Brasil.
Camilo Santana, ministro da Educação

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