Mais respeito! Delicado equilíbrio nas relações pedagógicas
Quer um conselho? William Sanches dá vários Sueli de Britto Salles
Dizem que "se conselho fosse bom ninguém dava...". Talvez seja possível abrir algumas exceções a essa regra. É o que acontece em "Mais respeito!", livro de William Sanches publicado em 2009 pela editora Mundo Mirim. Ali, conselho é o que não falta, mas em muitos deles o professor pode encontrar um apoio solidário para lidar com tantas dificuldades no trabalho pedagógico.
Com o subtítulo de "delicado equilíbrio nas relações pedagógicas", este livro traz uma coletânea de artigos referentes a problemas no ambiente escolar e dirige-se a professores e educadores em geral. O prefácio, escrito por Gabriel Chalita, antecipa ao leitor o estilo de William, que mostra claramente as fontes em que bebe sua visão da educação: Paulo Freire e o próprio Chalita. A síntese de seu pensamento está na necessidade de se valorizarem as relações de respeito na educação e a entrega emocional do professor ao trabalho: "é imprescindível ao professor ter coragem, imaginação, conhecimento, comprometimento, emoção e, sobretudo, amor" (p.27).
O tom de um bate-papo cai bem ao livro, que não tem a pretensão de analisar com profundidade os problemas encontrados em ambientes escolares. A linguagem é simples e os tópicos são curtos, podendo ser lidos aleatoriamente, sem uma sequência obrigatória, o que sugere um bom estímulo para discussões em reuniões pedagógicas, por exemplo.
Para resolver problemas comuns ao cotidiano escolar, o autor cita uma lista com seis ações a serem adotadas pelos professores (p.38) e outra com onze passos para a transformação do contexto educacional (p.91). A proposta é um pouco simplista, mas ajuda a pelo menos iniciar uma reflexão sobre o assunto. O problema é que Sanches não cita a fonte desses dados e, por exemplo no item "atitudes a serem tomadas em situações delicadas" (p.41), em momento algum explica se essas atitudes sugeridas realmente seriam os procedimentos oficiais, orientados pelas instituições competentes (Secretaria da Educação, Polícia...), ou se seriam apenas conselhos pessoais de um jovem professor, algo bastante inadequado para casos de agressão ou de porte de armas dentro de escolas.
A ausência de citação de fontes, inclusive de narrações transcritas na íntegra (uma fábula, uma história chinesa...), além do problema de credibilidade, gera um impasse: se esses dados forem baseados na opinião individual do autor, não passam de aconselhamento, de palpite; se forem resultado de uma pesquisa (o que parece mais provável), a omissão da fonte revela, no mínimo, uma indelicadeza bastante desconfortável para quem defende "mais respeito".
Entre uma história e outra, um e outro conselho, Sanches termina seu livro do mesmo modo como começou, acreditando no amor como principal estratégia para a transformação do ensino: "talvez, o que esteja realmente faltando seja um pouco mais de amor" (p.125).
Mais respeito! Delicado equilíbrio nas relações pedagógicas
William Sanches
São Paulo - Mundo Mirim - 2009
133 páginas.
é mestra em língua portuguesa, leciona em cursos universitários e participa de bancas corretoras de redações em vestibulares.