Juca e Joyce: Memórias da Neta de Monteiro Lobato

Um caso adorável de memória fresquinha, fresquinha!

Ana Lúcia Brandão

Nos anos 1930, Monteiro Lobato confidencia a seu amigo Rangel: "As memórias são a alcova, as anáguas, as chinelas, o pinico, o quarto dos criados, a sala de jantar, a privada, o quintal (...) da humanidade, a grande humanidade com h minúsculo".

"Juca e Joyce: Memórias da Neta de Monteiro Lobato" tem como característica principal abrir para leitores do séc. 21 momentos da vida cotidiana familiar vivida pelo escritor. A autora Márcia Camargos soube "cutucar" as lembranças da neta do escritor, Joyce Campos Kornbluh.

Deste modo, ficamos conhecendo Lobato em seus hábitos e idiossincrasias. Como ler, todos os dias, religiosamente, quinze minutos de páginas de dicionário a esmo, ou mesmo trechos da Enciclopédia Britânica. Ou vestir o terno com gravata e cachecol sobre seu pijama listado, nos dias mais frios. E, para desgosto dos nutricionistas de hoje, beliscar bolinhos e doces, já que não era afeito a grandes refeições.

A ouvinte e relatora dessas memórias alerta o leitor para um fato importante: a história oral é quase sempre subjetiva e impressionista, sendo portadora de uma vivacidade e de um frescor raros em outros tipos de registro.

O que marca na leitura deste livro é justamente a relação afetiva vivida entre Joyce e o avô, que tinha por hábito fotografá-la brincando e posando docemente para ele.

Vale ressaltar também o excelente trabalho de reconstituição histórica, por meio de fotografias, aquarelas e desenhos.

Juca e Joyce: Memórias da Neta de Monteiro Lobato

Joyce Campos Kornbluh

Depoimento a Marcia Camargos

Editora Moderna

112 págs.
 

Fonte: é doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC/SP, analista e consultora na área de literatura infanto-juvenil, e autora do livro infantil "A Lenda do Amaru" (Paulinas).

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