O ensino de artes e de inglês: uma experiência interdisciplinar

O ensino de artes e de inglês

Oscar D'Ambrósio

As relações entre o aprendizado de artes visuais e de língua inglesa podem parecer muito próximas para alguns e muito distantes para outros. O fato é que nem todo professor de um idioma estrangeiro está apto a lidar com a linguagem visual e aqueles que lidam com técnicas e interpretações de arte podem encontrar enormes dificuldades ao lidar com o universo lingüístico britânico ou norte-americano.

"O ensino de artes e de inglês: uma experiência interdisciplinar", de Ana Amália Tavares Bastos Barbosa, publicado pela Cortez Editora, discute como esse ensino é possível a partir da própria vivência da autora no desempenho de suas atividades didáticas.

Inicialmente, o livro discute os conceitos de interdisciplinaridade, transdisciplinaridade e integração. O passo seguinte é a breve apresentação das abordagens educacionais que pautam esta dissertação de mestrado transformada em livro: Natural Approach, de Stepen Krashen, no que diz respeito ao ensino de língua inglesa, e Abordagem Triangular, de Ana Mae Barbosa, no que diz respeito ao ensino de artes.

A obra passa então a apresentar um diário que reúne a experiência de Ana Amália como professora simultânea de artes visuais e de inglês. O material reúne transcrições das aulas e fotos dos trabalhos realizados pelos alunos. Especialistas de artes e de inglês assistiram aos encontros, nos quais relatam e analisam as suas visões do processo pedagógico instaurado pela autora do livro.

Um dos principais aspectos do trabalho é colocar em prática a abordagem de Ana Mae Barbosa no sentido de que o programa de ensino de arte leve em contra três aspectos: fazer arte, ler obras de arte e contextualizar aquilo que é produzido e visto.

Esse processo vale também para o ensino de uma segunda língua. A prática contínua é essencial, assim como o estímulo da audição (via filmes e músicas, por exemplo) e as informações obtidas em todo esse processo necessitam ser adequadamente discutidas para que ganhem amplo significado e não caiam no vazio.

Tais aspectos no ensino de artes encontram seu paralelo na forma como Krashen interpreta as necessidades de um aluno que está aprendendo uma segunda língua. Para ele, a motivação, a auto-estima e a baixa ansiedade são requisitos fundamentais para que uma pessoa tenha possibilidade de sucesso no aprendizado.

O livro de Ana Amália oferece uma visão humanista da educação como uma ação que exige o envolvimento do aluno com aquilo que ele está aprendendo. O profissional que orienta o processo deve ter também não só o domínio das disciplinas, mas, principalmente desenvolver a percepção de como pode realizar, naturalmente, sem criar situações forçadas, elos entre universos apenas aparentemente distintos.

O grande mérito do livro é estimular no leitor a certeza que, assim como artes visuais e língua inglesa foram aproximadas pela autora, outras disciplinas podem se beneficiar do mesmo caminho. Para isso, o fundamental é manter a mente e o coração bem abertos.
Somente assim, com competência e boa vontade, podem ser derrubadas barreiras de feudos que certos pesquisadores e pedagogos, embora liberais em seu discurso, insistem em manter de pé na prática, já que mudanças e novidades são geralmente aplaudidas em cerimônias públicas, mas barradas a portas fechadas em salas de professores e de aula.
 

O ensino de artes e de inglês: uma experiência interdisciplinar

Ana Amália Tavares Bastos Barbosa

Editora Cortez

136 págs.
 

Fonte: jornalista e mestre em Artes Visuais pelo Instituto de Artes da Unesp, integra a Associação Internacional de Críticos de Arte (AICA- Seção Brasil).

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