Sob um calor de 30ºc, os estudantes de Salvador que aguardavam neste domingo (31) a abertura dos portões dos principais estabelecimentos escolares da cidade para fazer a prova do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) tiveram de enfrentar o "assédio" dos vendedores ambulantes, de candidatos a vereador e de cursinhos preparatórios para o vestibular que funcionam na capital baiana.
Uma hora antes de os estudantes entrarem nas salas de aula, uma cena foi comum nas unidades de ensino onde as provas foram aplicadas _vendedores ambulantes oferecendo água mineral, caneta preta, suco ou chocolate para os candidatos. "Leve uma água para sala, já vem com gabarito", dizia o vendedor Ruy Vieira, que já tinha faturado com a venda de mais de 20 garrafinhas. "Riscou, passou. Olha a caneta preta!", dizia outra vendedora.
Enquanto os ambulantes aumentavam o seu faturamento, diversos estudantes procuravam localizar o local de realização das provas. Tentando o Enem pela segunda vez, o vendedor André Alves, 33, fez a prova buscando uma vaga no ProUni. "Quero ingressar numa faculdade de farmácia, que é a área em que eu já trabalho. No ano passado, fiquei fora por pouco", disse Alves. Para ele, a prova exigiu um conhecimento grande de atualidades. "A prova não foi difícil, mas exigiu conhecimentos gerais", explicou.
Enem para quê?Já o estudante João Carlos Serafim da Silva, 19, realizou a prova pela terceira vez para conseguir uma vaga no curso de direito sem precisar fazer as provas do vestibular. "Estou fazendo cursinho e estudando em casa", disse o estudante que considerou o exame 'fácil'. Na Bahia, segundo o MEC, 407.581 estudantes se inscreveram para participar do Enem. No total, 61 instituições de ensino (51,69% do total) aceitam os resultados do exame no processo seletivo.
Enquanto alguns estudantes tentavam uma vaga numa faculdade, outros candidatos faziam a prova apenas a título de experiência. As estudantes Amanda Freire, 15, e Andressa Freire, 16, fizeram a prova apenas para conhecer o exame. "Estou fazendo apenas para treinar, ainda estou no 1° ano", explicou a estudante que pretende prestar vestibular para odontologia.
Com um arsenal de balas, água mineral, salgadinhos e chocolates, as candidatas Ana Paula da Silva Ribeiro, 28, e Angelita Alves dos Santos, 27, aguardavam o horário de entrar na sala. "A prova é muito cansativa, por isso precisamos levar umas comidinhas para dar energia", disse Ribeiro, que já tem bolsa do ProUni no curso de Ciências da Computação, mas que tenta uma nova vaga no programa para se transferir para Engenharia Civil. "Não estudei, mas estou confiante, tem que ser boa em interpretação e atualidades" explicou a candidata que fez a prova no Colégio Luiz Viana Filho, um dos maiores estabelecimentos de ensino da capital baiana.
Poucas abstençõesSegundo a coordenação do Colégio Luiz Viana Filho, 1.044 candidatos fizeram prova no local e 181 não compareceram. Apesar da liberação do Inep para o acesso as salas de aula, a coordenação do colégio não permitiu que fossem realizadas fotos no interior das salas.
Já na Escola Estadual, que também leva o nome do ex-governador da Bahia, cerca de 630 candidatos fizeram o exame. "A prova foi tranqüila. Tivemos poucas abstenções e sete inclusões", explicou a diretora da escola Valenice Maria Barreto Silva, referindo-se aos candidatos de outros colégios que fizeram prova no local.
Filho de uma empregada doméstica, Reinaldo da Conceição Silva, 20, aposta no Enem para "mudar de vida". "Trabalho em uma loja que vende calçados, mas quero uma coisa melhor para a minha vida. Sempre tive vontade de ser delegado, mas, para isto, tenho de fazer o curso de direito. Como minha mãe não tem condições de bancar os estudos, fazer uma boa prova no Enem significa um atalho muito grande para a concretização do meu sonho."
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