A nova cara da Fuvest pretendida pela Pró-Reitoria de Graduação da USP (Universidade de São Paulo) foi descrita como "uma aproximação do ideal de Enem" (Exame Nacional do Ensino Médio), pelo professor da Faculdade de Educação da instituição, Nilson José Machado.
"O modelo se aproxima do ideal do Enem, porque há o Enem enquanto projeto e o Enem real", diz o docente. Segundo ele, o exame tinha feições bem definidas no início de sua aplicação, há uma década. No entanto, com o passar do tempo, a prova "oscilou muito". "Houve exames que foram bem descaracterizados. Alguns muito banais e simples e outros que pareciam provas do vestibular."
O Enem, criado pelo (MEC) Ministério da Educação em 1998, é individual, voluntário e é oferecido anualmente aos estudantes que estão concluindo ou que já concluíram o ensino médio. Segundo o ministério, o objetivo é possibilitar uma autoavaliação, baseada em competências e habilidades cobradas na prova.
A avaliação pretende ainda exigir do candidato capacidade de resolver problemas e não apenas de decorar conteúdo.
Não é o fim das disciplinas
De acordo com Machado, a aproximação com o Enem não significa o fim das disciplinas. Então, vestibulando, se você pensa que pode estudar tudo como um grande pacotão de conhecimento, está enganado. Diz o especialista que continua sendo necessário estudar por meio de matérias como física, matemática, química, português...
"Não se pode achar que, para desenvolver as competências é preciso acabar com as discplinas", explica. E acrescenta que, embora mantenha a seleção dos melhores vestibulandos, a proposta tem um "componente político de facilitar a entrada de alunos da escola pública de maneira digna".
Fragmentação do ensino
Para Machado, a proposta da universidade deve ser vista com bons olhos. "É interessante e há muitos pontos positivos. O projeto aponta na direção correta do que se deve esperar do vestibular", avalia.
Mas Machado pondera que, talvez o projeto não tenha sucesso. "Hoje o vestibular é fragmentado e reflete a fragmentação de dentro da universidade. Com a mudança do projeto, há o risco de aprovar alunos que não vão se dar bem dentro da universidade. A própria organização da universidade devia ser repensada", diz.
Fuvest vai ficar como vestibular da Unicamp?
Para o coordenador da Comvest (Comissão Permanente para os Vestibulares da Unicamp), Leandro Tessler, as mudanças no vestibular da USP fazem com que o processo seletivo ganhe ares semelhantes aos da prova da Unicamp.
"A mudança me parece simpática. A segunda fase terá questões de todas as áreas para todos os candidatos. Isso faz com que a universidade tenha alunos com interesses mais gerais, não restritos à própria área de trabalho", avalia.
Tessler evita a comparação da nova Fuvest com o Enem, mas pondera que o próprio exame do ministério empregou elementos do vestibular da Unicamp.
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