Antonil Religioso e cronista italiano
8 de fevereiro de 1649, Lucca, Toscana (Itália)
13 de março de 1716, Salvador, Bahia (Brasil)
Giovanni ou João Antonio Andreoni, mais conhecido por Antonil, ou André João Antonil, seu pseudônimo literário, era um religioso jesuíta, autor do mais importante testemunho sobre a economia colonial brasileira, na época da transição entre o ciclo do açúcar e o da mineração: Cultura e opulência do Brasil.
Antonil iniciou seus estudos de direito na Universidade de Perugia, mas abandonou o curso para ingressar na Companhia de Jesus, em 1667. Veio para o Brasil trazido pelo padre Antônio Vieira, em 1681, e proferiu os votos na Bahia, em 1683. Foi professor de retórica e secretário dos provinciais, visitador em Pernambuco, reitor do Colégio da Bahia e provincial dos jesuítas de 1706 a 1709.
Apesar da influência que recebeu de Vieira, Antonil divergiu do mestre na questão do cativeiro dos índios, que advogou, contrariando o ponto de vista geralmente aceito pelos jesuítas, contrários à escravização dos indígenas. Do mesmo modo, opôs-se às restrições levantadas contra os missionários não portugueses, em defesa dos padres de origem italiana, proibidos de exercer a sua atividade missionária na região das minas.
Crônica do Brasil colonial
A par do intenso trabalho como administrador nos 35 anos em que viveu no Brasil, Antonil nos deixou um livro fundamental para a historiografia brasileira, Cultura e opulência do Brasil, que teve sua primeira edição (1711) confiscada e quase totalmente destruída, em cumprimento a determinação da coroa portuguesa, temerosa de que o escrito pudesse suscitar o interesse de outras potências européias sobre o Brasil.
A obra era dirigida "aos senhores de engenho e lavradores de açúcar e do tabaco e aos que se ocupam em tirar ouro das minas do Estado do Brasil". Assinava-a André João Antonil, que no proêmio se intitulava O Anônimo Toscano.
Foi essa pista que forneceu ao historiador Capistrano de Abreu a decifração do enigma, em 1886. Do anagrama estropiado do nome do autor, o L final indicava a terra natal, Lucca, de quem procurava esconder-se num pseudônimo - para, num "borrão", descrever o Brasil do seu tempo "com o mesmo estilo e modo de falar claro e chão que se usa nos engenhos".
O relato de Antonil não se limita às técnicas agrícolas do fumo e do açúcar (sobretudo a do açúcar branco, em que eram peritos os portugueses) ou da extração do ouro e diamante e da expansão do gado. A situação do escravo - "os escravos são os pés e as mãos do senhor de engenho", diz ele - é examinada num contexto objetivo em que o Brasil aparece como "inferno dos negros, purgatório dos brancos e paraíso dos mulatos e das mulatas".