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Augusto Pinochet Militar e político chileno

25/11/1915, Valparaíso, Chile

10/12/2006, Santiago, Chile

Da Página 3 Pedagogia & Comunicação

11/12/2006 17h11

Filho de Augusto Pinochet Vera e Avelina Ugarte Martinez, Augusto José Ramón Pinochet Ugarte ingressou na carreira militar aos 17 anos. Depois de uma carreira de destaque na Infantaria, atingiu o posto de general de brigada. Durante o governo socialista de Salvador Allende (1970-1973), em meio à polarização política que dividia o país, no bojo da Guerra Fria, Pinochet foi nomeado comandante-em-chefe do Exército chileno.

Nesse cargo, foi um dos últimos líderes militares a aderir à conspiração que tomou o poder por meio do golpe de Estado de 11 de setembro de 1973, derrubando assim o presidente eleito. Já durante o golpe, revelou uma posição dura e autoritária, ordenando o bombardeio e o cerco ao Palácio de La Moneda, tomado depois de três horas de combate - ao fim do qual Allende se sucidou.

Como presidente da Junta Militar de Governo, Pinochet assumiu o poder. Imediatamente, dissolveu o Congresso, proscreveu os partidos políticos, restringiu os direitos civis e declarou ilegal a Unidade Popular, frente que apoiava Allende, prendendo seus principais líderes. A 17 de junho de 1974, tornou-se presidente da República.

Seu governo, ditatorial, foi marcado pela continuidade da violência e da repressão política, responsável pela morte de cerca de 3 mil opositores do regime e tortura de quase 30 mil. Centenas de milhares de chilenos foram obrigados a exilar-se. Paralelamente, o general promoveu reformas econômicas, cujo sucesso inicial levou a se falar num "milagre econômico chileno".

Pinochet introduziu o modelo neoliberal (em contraposição ao modelo socializante de Allende) e conseguiu debelar a hiperinflação. Contudo, a economia rapidamente desandou, gerando desemprego, pobreza e várias crises, até 1985, quando o plano econômico do ministro da Fazenda Hernán Büchi conseguiu reverter o quadro. Em dez anos, o país veria seu PIB duplicar, chegando ao século 21 numa posição confortável e destacada, em comparação ao restante do continente sul-americano.

Em 18 de fevereiro de 1988, porém, Pinochet foi derrotado no plebiscito que podia referendar o prolongamento da sua presidência. No ano seguinte foram realizadas eleições e o general entregou a presidência ao democrata cristão Patricio Aylwin, em 11 de março de 1990. Mas a transição ao regime democrático foi cercada de cuidados para não haver retaliação aos líderes militares.

O próprio Pinochet continuou no comando do Exército até 1998, quando passou a exercer a função de senador vitalício no Congresso, à qual renunciou em virtude dos problemas de saúde e das diversas acusações de violações aos direitos humanos. Em julho de 2001, apresentou um atestado de debilidade mental que o salvou de uma possível condenação.

Em 2004, Pinochet foi acusado de manter contas secretas no exterior, a partir de investigações realizadas pelo Senado dos EUA no Banco Riggs. Embora tenha deixado de responder a processos por violações a direitos humanos em virtude de sua frágil saúde, continuou sendo responsabilizado por organizações de defesa das vítimas, que lhe imputavam os crimes cometidos pelo regime militar de que era o chefe supremo.

Em julho de 2006, a partir dos depoimentos do general reformado Manuel Contreras, ex-chefe da Dina - a Polícia Secreta do regime militar -, vieram à tona evidências de que Pinochet havia acumulado fortunas, em diversos bancos do mundo, a partir da fabricação de cocaína em instalações do exército chileno.

Pinochet passou os últimos anos morando em Santiago e enfrentando acusações de abusos aos direitos humanos e fraudes cometidos durante os 17 anos em que esteve no poder. Pouco antes de morrer, assumiu a responsabilidade pessoal por tudo o que ocorreu no Chile durante seu governo, declarando assim ter agido por patriotismo.

No dia 3 de dezembro de 2006, aos 91 anos, o general sofreu um ataque cardíaco e foi internado às pressas no hospital militar de Santiago. Faleceu no dia 10, ironicamente o dia internacional dos direitos humanos, e foi velado na Escola Militar, sem honras de Estado.