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Hugo Chávez Militar e político venezuelano

28/07/1954, Sabaneta, Venezuela.

05/03/2013, Caracas, Venzuela.

Da Página 3 Pedagogia & Comunicação

05/12/2006 15h57

Atualizado 09/04/2013, às 13h20.

Filho de professores, Hugo Rafael Chávez Frias foi criado pela avó paterna. Estudou na cidade de Barinas e era amante dos esportes, em particular do basebol.

Aos 17 anos, Chávez ingressou na Academia Militar da Venezuela, onde se graduou em 1975 em ciências e artes militares, ramo de engenharia. Prosseguiu na carreira militar, atingido o posto de tenente-coronel.

Casou-se duas vezes: a primeira com Nancy Colmenares, com que teve três filhos e a segunda com a jornalista Marisabel Rodríguez, de quem se separou em 2003 e com quem teve uma filha. Manteve ainda uma relação amorosa durante cerca de dez anos com a historiadora Herma Marksman enquanto era casado com a sua primeira esposa.

No dia 4 de fevereiro de 1992, Chávez fracassou em um golpe de Estado contra o presidente Carlos Andrés Pérez. Detido, passou dois anos na cadeia. Foi libertado após o afastamento de Pérez, graças a uma anistia do novo presidente Rafael Caldera. Chávez abandonou a vida militar para se dedicar à política.

Em 1997 fundou o Movimento 5ª República. Nas eleições para a presidência, em 1998, Chávez venceu com 56% dos votos, após uma campanha contra os partidos tradicionais e promessas de combater a pobreza e a corrupção.

Logo que tomou posse, em fevereiro de 1999, dissolveu o Congresso e convocou uma Assembléia Nacional Constituinte. A nova Constituição, aprovada por referendo em dezembro do mesmo ano, alterou o nome do país para República Bolivariana da Venezuela, ampliou os poderes do Executivo, permitiu uma maior intervenção do estado na economia, eliminou o Senado e reconheceu os direitos culturais e lingüísticos das comunidades indígenas.

Convocou ainda novas eleições para presidente, em 2000, nas quais Chávez foi releito com 55% dos votos e o Pólo Patriótico conquistou a maioria dos lugares na Assembléia Nacional. Chávez tomou posse a 22 de agosto. Apoiado na Ley Habilitante, ele pode promulgar 49 decretos em um ano, sem necessitar de aprovação da Assembléia Nacional.

Entre estes decretos estavam a Lei de Hidrocarbonetos, que fixava a participação estatal no setor petrolífero em 51%, e a Lei de Terras e Desenvolvimento Agrário, prevendo a expropriação de latifundiários. As novas leis foram contestadas pelos empresários, sindicatos, Igreja e televisões privadas, que acusavam o presidente de querer tornar a Venezuela um país comunista.

No dia 10 de dezembro de 2001, a Federação de Câmaras, de Comércio e Produção (Fedecámaras), que agrupa os setores empresariais do país, e a Confederação de Trabalhadores da Venezuela (CTV) convocaram uma greve em protesto contra as medidas governamentais, mas não conseguiram revogar as leis aprovadas.

No final de fevereiro de 2002, Chávez substituiu os gestores da companhia estatal Petróleos da Venezuela (PDVSA) por pessoas da sua confiança, o que gerou profundas críticas. O descontentamento com a liderança de Chávez começou a atingir alguns setores do exército e antigos companheiros.

A CTV convocou uma greve para o dia 9 de abril de 2002. No dia 11, um grupo de manifestantes marchou até o palácio presidencial para pedir a demissão de Chávez, que se encontrava numa contramanifestação de apoio. Quinze pessoas acabaram mortas e mais de 100 feridas em confrontos. No dia seguinte o general Lucas Rincón, chefe das Forças Armadas, anunciou que Chávez se tinha demitido, tendo o presidente da Fedecámaras, Pedro Carmona, assumido a presidência.

Soldados leais a Chávez organizam um contragolpe, tomaram o Palácio de Miraflores e Diosdado Cabello, vice-presidente de Chávez, assumiu a liderança temporária do país. Nas horas seguintes Hugo Chávez foi libertado da prisão na ilha de La Orchila e regressou a Caracas para retomar a chefia do Estado.

Em outubro de 2002 uma nova greve paralisou o país durante nove semanas. A Coordinadora Democrática (uma coligação de partidos contra o governo chavista) pediu que fosse feita uma consulta popular na qual os venezuelanos se pronunciariam sobre a permanência ou não de Chávez no poder. O referendo de 15 de agosto de 2004 mostrou que 58,25% dos votantes apoiavam sua permanência na presidência até o fim do mandato, que ocorreria em dois anos e meio.

Em 2005 a oposição boicotou as eleições parlamentares, acusando as autoridades eleitorais de não serem imparciais. Seguidores de Chávez ocuparam todas as vagas. Em 2006 Chávez conquistou mais um mandato nas urnas, disputado com Manuel Rosales, líder da oposição.

Não satisfeito com as sucessivas reeleições, em 2009 Hugo Chávez conseguiu aprovar a emenda constitucional que permite a reeleição ilimitada para alguns cargos públicos, incluindo o de presidente. O limite estabelecido pela Constituição venezuelana era de 12 anos, ou dois mandatos consecutivos de seis anos cada.

Já em 2010 o presidente viu cair sua popularidade diante de três medidas inusitadas: a desvalorização da moeda local, os planos de racionamento de energia e o cancelamento da transmissão de canais de TV a cabo. Entre as emissoras fechadas estava a Radio Caracas Televisión Internacional (RCTVI), que havia apoiado a tentativa de golpe oito anos atrás.

Finalmente, em 7 de outubro de 2012, ele venceu as eleições presidenciais para um quarto mandato consecutivo, tornando-se o presidente há mais tempo no cargo em toda a América Latina. As eleições dividiram o país: a parcela mais pobre apoiou Chávez, que obteve 54,84% dos votos, enquanto a classe média e empresarial apoiou o rival, o moderado Henrique Capriles, que obteve 44%.

Mas o presidente não conseguiu sequer iniciar seu quarto mandato. Vítima de um câncer na região pélvica, morreu aos 58 anos, no dia 5 de março de 2013, encerrando 14 anos de governo. O legado de Chávez combina avanços na área social e fracasso na economia, além do enfraquecimento das instituições democráticas.

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