José Bonifácio Andrada e Silva Patriarca da Independência
13/06/1763, Santos (SP)
06/03/1838, Nirerói (RJ)
José Bonifácio foi um estudante brilhante que se tornou filósofo, advogado, professor, intelectual, cientista e político. Combateu Napoleão em Portugal; foi secretário da Academia de Ciências de Lisboa, membro das mais importantes sociedades de pesquisa da Europa, catedrático de mineralogia em Coimbra; deputado, vice-presidente da Província de São Paulo, ministro do Império; exilado político, tutor do imperador Pedro 2o e articulador da independência brasileira.
Seu nome de batismo era José Antônio de Andrada e Silva, filho de Bonifácio José Ribeiro de Andrada com sua prima Maria Bárbara da Silva. Aos 14 anos seu pai o enviou para São Paulo para estudar francês, lógica, retórica e metafísica. Concluídos seus estudos na capital, José Bonifácio seguiu para o Rio, de onde partiu, em 1783, para Portugal. Matriculou-se na Faculdade de Direito de Coimbra e passou a frequentar também os cursos de filosofia natural e matemática.
Em 1789, já formado em direito e filosofia, José Bonifácio foi convidado a fazer parte da Academia de Ciências de Lisboa e graças ao interesse do governo português em formar profissionais em mineralogia, foi um dos escolhidos para percorrer a Europa. Chegando a Paris em 1790, Bonifácio viu o entusiasmo do povo com a Revolução e com a Declaração dos Direitos do Homem, promulgada no ano anterior. Tornou-se membro da Sociedade Filomática de Paris e da Sociedade de História Natural.
Seguiu para a Alemanha, em 1791, onde fez amizade com o naturalista Alexander von Humboldt e adquiriu a fama de cientista. Na Suécia e na Noruega, descobriu e descreveu doze novos minerais. Prosseguiu a viagem e tornou-se membro de academias científicas em Berlim, Viena, Estocolmo, Londres e Edimburgo. Ao fim da viagem de estudos que durou dez anos, casou-se com Narcisa Emília O'Leary, regressando a Portugal em 1800, onde passou a lecionar em Coimbra.
Em 1808, Napoleão invadiu Portugal e a família real retirou-se para o Brasil. José Bonifácio tornou-se um dos líderes de um movimento clandestino de libertação, o "Corpo Voluntário Acadêmico". Como militar, ele chegou ao posto de tenente-coronel e comandou tropas de infantaria. Quando os franceses se retiraram, Bonifácio retornou às suas funções científicas e ligou-se à Maçonaria. Em 1817 soube da revolução de Pernambuco e da prisão de seu irmão Antônio Carlos.
Com 56 anos de idade, José Bonifácio voltou para o Brasil com sua família. Após breve passagem pelo Rio de Janeiro, chegou a Santos. Em Portugal, os liberais tinham realizado uma revolução e exigiam a volta do rei e uma Constituição. Em abril de 1821, dom João 6o voltou para Portugal, deixando dom Pedro como Regente. Antes de partir convocou eleições, para que se formassem nas províncias as juntas governativas constitucionais. Os presos da revolução pernambucana de 1817 foram libertados e, entre eles, Antônio Carlos de Andrada e Silva.
José Bonifácio foi escolhido para presidir a eleição em São Paulo e se tornou um líder político, assumindo a vice-presidência da Junta Governativa. Quando chegou ao Brasil a ordem para o príncipe-regente retornar à Europa, José Bonifácio enviou a dom Pedro a exigência de que ele permanecesse no Brasil. Sua carta foi recebida a 2 de janeiro de 1822. No dia 9, José Clemente Pereira, presidente da Câmara do Rio de Janeiro, pediu o mesmo. Dom Pedro, sentindo-se apoiado, respondeu a Clemente Pereira: "Como é para o bem de todos e felicidade geral da nação, estou pronto: diga ao povo que fico".
José Bonifácio foi nomeado ministro do Reino e de Estrangeiros. Seu maior desafio estaria ligado à Maçonaria. Enquanto Gonçalves Ledo exigia a convocação de uma Constituinte, José Bonifácio preferia aguardar as iniciativas do Governo que levariam à independência. Ledo destituiu José Bonifácio de suas funções na Maçonaria, nomeando dom Pedro para o seu lugar. O ministro respondeu fundando o "Apostolado", com o fim de promover "a independência do Brasil". No dia 3 de junho, a Constituinte brasileira era convocada por dom Pedro. José Bonifácio propôs várias medidas visando a garantir a autonomia brasileira.
No final de julho de 1822, Portugal declarava o embargo de armas para o Brasil e reparava o envio de tropas para impor respeito às suas decisões. Dom Pedro repeliu as exigências portuguesas e José Bonifácio, procurando o apoio internacional, enviou delegados a Londres, Paris e Washington, e fortaleceu a aliança com os governos sul-americanos, em particular com a Argentina.
Em agosto, as decisões de Lisboa procuravam reduzir a autoridade do príncipe-regente. Em resposta, dom Pedro formalizou a independência a 7 de setembro.
A Assembleia Constituinte iniciou seus trabalhos em maio de 1823. José Bonifácio não confiava na Assembleia, e ainda tinha a inimizade da Marquesa de Santos. Sob pressão, dom Pedro forçou a demissão de Bonifácio, que permaneceu na Corte para apoiar seu irmão Antônio Carlos, também deputado, que seria o principal autor da Constituição que estava sendo elaborada. José Bonifácio acabou subscrevendo o projeto, embora duvidasse da capacidade dos membros da Assembleia.
Enquanto isso, em Portugal, um golpe dissolvera a Constituinte e restabelecera o domínio de Dom João 6o. Logo surgiram rumores de uma nova união de Portugal com o Brasil. Declarada a crise política, Pedro 1o dissolveu a Constituinte. José Bonifácio, seus irmãos e outros deputados foram presos e deportados. Exilado no Sul da França, José Bonifácio criticava dom Pedro 1o, que já havia declarado sua inocência, embora não o tivesse chamado de volta.
Só em julho de 1829 José Bonifácio regressou ao País. Dom Pedro, forçado a abdicar no dia 7 de abril de 1831, deixou-o como tutor dos filhos. Os liberais, tendo à frente Feijó, então ministro da Justiça, exigiu que a Câmara o destituísse da tutoria. O Senado rejeitou o pedido, levando Feijó a demitir-se. No entanto, acusado de tentar promover a volta de dom Pedro 1o, com intuito de tornar este regente durante a adolescência de dom Pedro 2o, Bonifácio foi preso em 15 de dezembro de 1833, e mandado para a Ilha de Paquetá.
Mais tarde foi absolvido, passando a residir em Niterói, onde morreu.