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Plácido de Castro Herói brasileiro

9 de setembro de 1873, São Gabriel (Rio Grande do Sul, Brasil)

9 de agosto de 1908, Seringal Benfica (Estado do Acre, Brasil)

Da Página 3 Pedagogia & Comunicação

12/09/2008 20h16

Plácido de Castro era descendente de uma família de militares: o pai, capitão Prudente da Fonseca Castro, havia lutado na Guerra do Paraguai; o avô, José Plácido, nas Guerras Cisplatinas; e o bisavô, Joaquim José Domingues, participara da ocupação das Missões, quando da integração desse território ao Rio Grande do Sul.

Depois de ter ingressado na Escola Militar, Plácido não se filia, quando estoura a Revolução Federalista, aos seguidores de Júlio de Castilhos ou às tropas enviadas pelo presidente Floriano Peixoto. Alia-se, ao contrário, a Gumercindo Saraiva, líder dos maragatos, que defendia o sistema parlamentar de governo e a centralização política, com o fortalecimento do governo federal.

Quando termina a revolução, já sob a presidência de Prudente de Morais, Plácido de Castro é anistiado e parte para o Rio de Janeiro, onde ocupará o cargo de inspetor do Colégio Militar. Pouco depois, encontra-se em São Paulo, trabalhando nas docas de Santos.
 

Revolução Acreana

Em 1899, as notícias sobre os lucros obtidos com a extração da borracha o empolgam, e ele parte, em busca de fortuna, para o Amazonas, chegando ao atual Estado do Acre, àquela época ainda pertencente à Bolívia, mas praticamente ocupado por seringueiros do Brasil.

Trabalhando na área do rio Purus, Plácido de Castro fica sabendo do arrendamento que o governo boliviano pretende concluir, entregando a região ao Bolivian Syndicate, de norte-americanos e ingleses, concedendo-lhes o direito de extrair a borracha por vinte anos.

Contaminado pela onda de revolta que toma conta dos seringueiros, Plácido participa, em julho de 1902, da reunião que forma uma Junta Revolucionária, cujos objetivos são a independência do Acre e sua integração ao Brasil. Forma-se, nos arredores de Xapuri, um exército de dois mil seringueiros que tomam o povoado.

As guarnições enviadas de La Paz não conseguem debelar a revolta, pois os seringueiros, instruídos e comandados por Plácido, utilizam táticas de guerrilha e surgem inesperadamente do meio da floresta, fazendo ataques relâmpagos. Poucos meses depois, toda a região do rio Acre já se encontra em poder dos seringueiros, que atacam, então, o último reduto boliviano, Porto Acre. Os combates duram três dias, ao fim dos quais se proclama o Estado Independente do Acre.

Sabendo, contudo, que o presidente da Bolívia, general José Maria Pando, preparava um ataque fulminante sobre a região, o governo brasileiro decidiu intervir. Entra em cena, nesse momento, o ministro das Relações Exteriores, barão do Rio Branco. A fim de evitar o confronto armado, o chanceler iniciou as negociações que, em 17 de novembro de 1903, selaram o Tratado de Petrópolis, segundo o qual o Brasil adquiria o Acre pela quantia de 2 milhões de libras esterlinas, cedia algumas terras no Mato Grosso e comprometia-se a construir a Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, a fim de garantir o escoamento da produção boliviana pelo rio Amazonas.

Plácido de Castro foi governador do Estado Independente do Acre entre 7 de agosto de 1902 e 25 de fevereiro de 1904.
 

Emboscada

Transformado o Acre em Território Federal, Plácido de Castro adquire um seringal e, gradativamente, compra novas terras, tornando-se o maior seringalista da região. Também ocupa o cargo de prefeito do município de Alto Acre, sendo substituído por Gabino Bezouro, que se cerca de criminosos; entre eles, Alexandrino José da Silva, escolhido para subdelegado.

Em meio a constantes intrigas políticas, Plácido de Castro sofre uma emboscada a 9 de agosto de 1908, quando é baleado, pelas costas, por jagunços liderados pelo subdelegado. No dia 11, ardendo em febre, implora ao irmão, Genesco, na frente de vários companheiros: "- Logo que puderes, retira daqui os meus ossos. Direi como aquele general africano: 'Esta terra que tão mal pagou a liberdade que lhe dei, é indigna de possuí-los'. Ah, meus amigos, estão manchadas de lodo e de sangue as páginas da história do Acre... Tanta ocasião gloriosa para eu morrer...".

O corpo de Plácido de Castro foi transladado para Porto Alegre e sepultado no Cemitério da Santa Casa.

Em 17 de novembro de 2004, logo após o centenário da celebração do Tratado de Petrópolis, o nome de Plácido de Castro foi incluído no Livro de Aço, também chamado de Livro dos Heróis da Pátria, preservado no Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves, em Brasília, DF.
 

Enciclopédia Mirador Internacional, Folha de S. Paulo