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Revolução de 32 - 80 anos - A guerra civil brasileira

José Renato Salatiel

Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

Há 80 anos, no dia 9 de julho, começava a Revolução de 32, considerado o maior conflito armado do Brasil no século passado. Durante 85 dias, paulistas se rebelaram contra a ditadura do presidente Getúlio Vargas e exigiram uma nova Constituição para o país.

Direto ao ponto: Ficha-resumo

O movimento foi uma reação ao golpe de Estado efetuado dois anos antes, a chamada Revolução de 1930. Nessa ocasião, Getúlio Vargas havia perdido a eleição presidencial para o paulista Júlio Prestes, que não chegou a ser empossado. Com o apoio dos militares, Getúlio depôs o presidente Washington Luís e instaurou um governo provisório.

A Constituição de 1891 foi suspensa, assim como a autonomia dos Estados brasileiros, para os quais foram nomeados interventores no lugar dos governadores. Eram os primeiros passos da ditadura Vargas, que vigoraria no país até 1945.

Eram também tempos de instabilidade política. Vez ou outra os militares tomavam o poder. Havia movimentos populares, comunistas e anarquistas, e na Europa surgia o fascismo, que dali a poucos anos provocaria a eclosão da Segundo Guerra.

Em São Paulo, formou-se uma frente de oposição composta por militares, intelectuais, lideranças políticas e a oligarquia local. O descontentamento dos paulistas foi alimentado pela nomeação do tenente João Alberto Lins de Barros como interventor, um pernambucano ligado ao movimento tenentista.

Também foram trocados os comandos do Exército paulista e da Polícia Militar, na época chamada Força Pública.

Em 25 de janeiro de 1932, aniversário de São Paulo, aconteceu a primeira manifestação na praça da Sé contra o regime. Compareceram cerca de 200 mil pessoas.

Em 17 de fevereiro, dois partidos que antes apoiavam Getúlio, o Republicano Paulista e o Democrático, uniram-se para formar a Frente Única, contrária ao governo. Eles queriam o fim da ditadura e a convocação da Assembleia Constituinte para compor uma nova magna carta.

Pressionado, o presidente nomeou, em 1ode março, um novo interventor em São Paulo: o paulista Pedro Manuel de Toledo. Mas isso não arrefeceu as queixas, pois não havia qualquer tipo de autonomia para se governar o Estado.

Heróis

Faltava ao movimento constitucionalista um mártir que arrebatasse o povo. Em 23 de maio, um protesto no centro de São Paulo culminou na tentativa de invasão da sede da Legião Revolucionária, grupo militar e getulista.

Houve reação e cinco jovens foram mortos a tiros: Mário Martins, Euclides Miragaia, Dráusio Marcondes, Antônio Camargo e Orlando Alvarenga. As iniciais de seus nomes, MMDC (hoje, MMDCA), batizou o levante militar.

A revolta armada iniciou em 9 de julho. Os líderes do movimento acreditavam que teriam o apoio de outros Estados, principalmente de Minas Gerais e Rio Grande do Sul, cujos contingentes militares eram cruciais para garantir a vitória dos constitucionalistas. Não houve, contudo, a adesão esperada, e os paulistas ficaram isolados.

Na cidade de São Paulo houve uma intensa participação popular nos esforços de guerra. Milhares de jovens se alistaram e foi realizada uma campanha de doação de joias, “Ouro para o bem de São Paulo”.

A propaganda de guerra, tanto do lado da ditadura quanto dos revolucionários, foi abundante. Pela primeira vez no país, o rádio era usado como instrumento de mobilização de massa. O radialista César Ladeira, da Rádio Record, deu voz ao movimento.

Na imprensa, o jornal O Estado de S. Paulo, representado pelo seu diretor, Júlio de Mesquita Filho, não somente aderiu à causa como compôs a liderança da insurreição. Intelectuais também se engajaram, entre eles Mário de Andrade, Guilherme de Almeida, Antônio de Alcântara Machado e Menotti Del Picchia.

Vale do Paraíba

As batalhas se concentraram no interior de São Paulo, principalmente na região do Vale do Paraíba. Algumas cidades sofreram bombardeio aéreo. Eram 40 mil soldados paulistas contra 100 mil do Exército de Getúlio.

Cada vez mais, o cerco militar se aproximava da capital. Os soldados paulistas não tinham armamento suficiente para lutar, uma vez que a Marinha impedia o recebimento pelos portos. Indústrias tiveram que produzir armas e munição às pressas.

A resistência durou até 2 de outubro, quando foi assinada a rendição na cidade de Cruzeiro. Os principais líderes da revolta foram exilados e, um ano mais tarde, anistiados pelo governo. Calcula-se que 634 paulistas morreram nos conflitos, mas os dados são imprecisos.

À derrota no front, porém, seguiu-se de uma conquista no campo político. Para historiadores, a Revolução de 32 foi o início de um período de democratização no país, que resultou na promulgação da Constituição de 1934.

Nos anos seguintes, Getúlio se aproximou de São Paulo. Ele nomeou um interventor civil, Armando de Sales Oliveira, e aos poucos garantiu autonomias política e econômica ao Estado.

Mas o clima democrático durou pouco. Em 1937, outro golpe militar instaurou a Estado Novo, uma ditadura às claras que manteve Getúlio Vargas no poder por mais oito anos.

Direto ao ponto

Há 80 anos, no dia 9 de julho, começava a Revolução de 32, considerado o maior conflito armado brasileiro no século 20. Durante 85 dias, paulistas lutaram contra a ditadura do presidente Getúlio Vargas e exigiram uma nova Constituição para o país.

 

O movimento foi uma reação à Revolução de 1930, na qual Getúlio Vargas depôs o presidente Washington Luís e instaurou um governo provisório. Em São Paulo, o tenente João Alberto Lins de Barros foi nomeado interventor, o que aumentou o descontentamento contra o regime.

 

Em fevereiro de 1932, dois partidos que antes apoiavam Getúlio, o Republicano Paulista e o Democrático, uniram-se para formar a Frente Única, contrária ao governo. Em 23 de maio, um protesto no centro de São Paulo culminou na morte de cinco jovens, cujos nomes formaram a sigla MMDC, que batizou o movimento constitucionalista.

 

No início da revolta, os líderes acreditavam que teriam o apoio de outros Estados, principalmente de Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Sem essa adesão, São Paulo ficou isolada e, em 2 de outubro, foi assinada a rendição dos rebeldes.

 

 

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